Fala-se muito em Direitos Humanos no Brasil, mas as discussões são cada vez mais rasas e superfíciais. Neste momento, há um conflito armado em andamento na região de Darfur, no oeste do Sudão. Os protagonistas são os janjawid - milicianos recrutados entre os baggara, tribos nômades de língua árabe e religião muçulmana - e os povos não-árabes que vivem na região. O governo sudanês, representado por Omar Al Bashir, nega publicamente que apóia os janjawid, mas tem fornecido armas e assistência ao grupo miliciano. A postura de Al Bashir lembra a do general Bizimungu, em Ruanda, que ao invés de combater a milícia Interahamwe, colaborou - fornecendo armas e munição - e fazendo vista grossa ao genocídio dos tutsis. Darfur já deixou um saldo de mais de 400 mil mortos e 2 milhões de pessoas sem abrigo, é de longe uma das maiores tragédias da história da humanidade. Ainda assim, não se houve um pio a respeito do assunto.
O mundo tem feito um esforço ímpar para ignorar o sofrimento das vítimas em Darfur e o Brasil é parte desse esforço. No ano passado, o governo brasileiro enviou um representante para a Conferência de Durban, em Genebra, Suiça. Embora o mote da conferência fossem os direitos humanos, nenhuma das questões inerentes a vida foram abordados naquela ocasião. A ONU manteve o silêncio em torno de temas como a opressão das mulheres nos países de maioria islâmica; o genocídio em Darfur (que reclama uma vida a cada 8 minutos) e a opressão dos estudantes e homossexuais no Irã. Por alguma razão, os representantes brasileiros, sempre afeitos ao tema dos Direitos Humanos, não disseram uma só palavra em reprovação a atitude dos líderes da ONU. Imagino que a postura do Itamaraty, de ignorar temas relativos ao mundo muçulmano, tenha a ver com a tentativa brasileira de se aproximar de países como Irã, Líbia e Arábia Saudita. Ninguém sabe ao certo o que esses países tem a nos oferecer, mas o empenho dos diplomatas brasileiros em estreitar relações com seus governo é público e notório.
No ano passado, Lula foi um dos convidados de honra da 13ª Cúpula dos Países Árabes. O outro honorável convidado, era o fascínora Mahmoud Ahmadinejad. Na ocasião, o presidente tirou fotos ao lado de homens como Muhamar Khadafi, o ditador da Líbia, que persegue opositores e minorias etnicas há 40 anos. Pergunto-me se pode haver um lugar melhor para falar de democracia, direitos humanos e etc? Certamente que sim! Afinal, a maioria dos presentes naquela cúpula não sabe a diferença entre um regime democrático e uma montanha de cadáveres. O próprio Khadafi, que até outro dia planejava e executava ações terroristas, negou a maior parte das acusações que foram feitas contra o seu regime. Na verdade, ele só admitiu ter mandado explodir um avião com 270 passageiros civis a bordo. No entanto, o presidente líbio foi caridoso e se ofereceu para indenizar as famílias das vítimas.
Não chega a ser surpreendente! O nosso presidente não fica indignado em dividir o mesmo espaço com um homem como Omar Al Bashir, logo, não pode se furtar a tirar uma foto com uma assassino menor como Khadafi. Aliás, sob os auspícios do governo Lula, o país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas se negou a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida. Como explicar uma fato dessa natureza? Será que os excessos cometidos pelo governo israelense são mais importantes do que Darfur e seus 400 mil mortos. A política externa brasileira é mesmo uma piada, quem dera que Nelson Rodrigues, um notável escanfandrista da alma brasileira tivésse vivido para ver isso!
Agora, o mesmo Lula que se negou a censurar o governo do Sudão para obeter uma aliança espúria com os países árabes e africanos que apóiam o facinoroso, reage as críticas dizendo que está a frente do processo de reconstrução do Haiti. Pelo visto, a sensibilidade dos nossos governantes é seletiva. Nenhum deles se importa com os sudaneses mortos e feridos, mas estão todos morrendo de dó dos pobres haitianos. Curioso, não acham? Não quero desmerecer o sofrimento da nação haitiana que padece sobre os escombros daquela que talvez seja a maior tragédia humanitária desde a criação da ONU, mas quero evidenciar o paradoxo contindo no humanitarismo do governo brasileiro. A capacidade de ignorar aquilo que não lhe convêm é própria dos brasileiros. Um sinal claro de que Mario de Andrade estava certo e somos todos meio Macunaímas.
Como se não fosse suficientemente aterrador acordar todas as manhãs e ignorar o sofrimento que graça nos quatro cantos do planeta, nós ainda manifestamos uma certa seletividade. E é esse relativismo macabro que mais me aborrece! O culto à beleza em detrimento da cultura e da saúde, não me aborrece tanto quanto esse relativismo. A perseguição insana ao dinheiro e ao patrimônio material, elementos mais requeridos do que o oxigênio e o sexo, não me aborrece tanto quanto esse relativismo. As garotas da laje e o público masculino que se masturba pelas mesmas, não me aborrece tanto quanto esse relativismo. Os "brothers" que têm o seu cotidiano ridículo bisbilhotado pelas câmeras e pelos olhos de uma abobada audiência televisiva, não me aborrecem tanto quanto esse relativismo. A idolatria aos seres idiotas (que neste caso, deveria se chamar "idiolatria"), não me aborrece tanto quanto esse relativismo. Nem o dinheiro nas meias, cuecas e soutiens dos corruptos me aborrece tanto quanto esse relativismo. Creio que isso se dá porque a minha moral não é flexível e eu não estou disposto a contemporizar sobre a vida humana com muitos vem fazendo por aqui.
O mundo tem feito um esforço ímpar para ignorar o sofrimento das vítimas em Darfur e o Brasil é parte desse esforço. No ano passado, o governo brasileiro enviou um representante para a Conferência de Durban, em Genebra, Suiça. Embora o mote da conferência fossem os direitos humanos, nenhuma das questões inerentes a vida foram abordados naquela ocasião. A ONU manteve o silêncio em torno de temas como a opressão das mulheres nos países de maioria islâmica; o genocídio em Darfur (que reclama uma vida a cada 8 minutos) e a opressão dos estudantes e homossexuais no Irã. Por alguma razão, os representantes brasileiros, sempre afeitos ao tema dos Direitos Humanos, não disseram uma só palavra em reprovação a atitude dos líderes da ONU. Imagino que a postura do Itamaraty, de ignorar temas relativos ao mundo muçulmano, tenha a ver com a tentativa brasileira de se aproximar de países como Irã, Líbia e Arábia Saudita. Ninguém sabe ao certo o que esses países tem a nos oferecer, mas o empenho dos diplomatas brasileiros em estreitar relações com seus governo é público e notório.
No ano passado, Lula foi um dos convidados de honra da 13ª Cúpula dos Países Árabes. O outro honorável convidado, era o fascínora Mahmoud Ahmadinejad. Na ocasião, o presidente tirou fotos ao lado de homens como Muhamar Khadafi, o ditador da Líbia, que persegue opositores e minorias etnicas há 40 anos. Pergunto-me se pode haver um lugar melhor para falar de democracia, direitos humanos e etc? Certamente que sim! Afinal, a maioria dos presentes naquela cúpula não sabe a diferença entre um regime democrático e uma montanha de cadáveres. O próprio Khadafi, que até outro dia planejava e executava ações terroristas, negou a maior parte das acusações que foram feitas contra o seu regime. Na verdade, ele só admitiu ter mandado explodir um avião com 270 passageiros civis a bordo. No entanto, o presidente líbio foi caridoso e se ofereceu para indenizar as famílias das vítimas.
Não chega a ser surpreendente! O nosso presidente não fica indignado em dividir o mesmo espaço com um homem como Omar Al Bashir, logo, não pode se furtar a tirar uma foto com uma assassino menor como Khadafi. Aliás, sob os auspícios do governo Lula, o país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas se negou a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida. Como explicar uma fato dessa natureza? Será que os excessos cometidos pelo governo israelense são mais importantes do que Darfur e seus 400 mil mortos. A política externa brasileira é mesmo uma piada, quem dera que Nelson Rodrigues, um notável escanfandrista da alma brasileira tivésse vivido para ver isso!
Agora, o mesmo Lula que se negou a censurar o governo do Sudão para obeter uma aliança espúria com os países árabes e africanos que apóiam o facinoroso, reage as críticas dizendo que está a frente do processo de reconstrução do Haiti. Pelo visto, a sensibilidade dos nossos governantes é seletiva. Nenhum deles se importa com os sudaneses mortos e feridos, mas estão todos morrendo de dó dos pobres haitianos. Curioso, não acham? Não quero desmerecer o sofrimento da nação haitiana que padece sobre os escombros daquela que talvez seja a maior tragédia humanitária desde a criação da ONU, mas quero evidenciar o paradoxo contindo no humanitarismo do governo brasileiro. A capacidade de ignorar aquilo que não lhe convêm é própria dos brasileiros. Um sinal claro de que Mario de Andrade estava certo e somos todos meio Macunaímas.
Como se não fosse suficientemente aterrador acordar todas as manhãs e ignorar o sofrimento que graça nos quatro cantos do planeta, nós ainda manifestamos uma certa seletividade. E é esse relativismo macabro que mais me aborrece! O culto à beleza em detrimento da cultura e da saúde, não me aborrece tanto quanto esse relativismo. A perseguição insana ao dinheiro e ao patrimônio material, elementos mais requeridos do que o oxigênio e o sexo, não me aborrece tanto quanto esse relativismo. As garotas da laje e o público masculino que se masturba pelas mesmas, não me aborrece tanto quanto esse relativismo. Os "brothers" que têm o seu cotidiano ridículo bisbilhotado pelas câmeras e pelos olhos de uma abobada audiência televisiva, não me aborrecem tanto quanto esse relativismo. A idolatria aos seres idiotas (que neste caso, deveria se chamar "idiolatria"), não me aborrece tanto quanto esse relativismo. Nem o dinheiro nas meias, cuecas e soutiens dos corruptos me aborrece tanto quanto esse relativismo. Creio que isso se dá porque a minha moral não é flexível e eu não estou disposto a contemporizar sobre a vida humana com muitos vem fazendo por aqui.
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