Acaba de me deparar com um texto que afirma, com todas as letras, que o PSDB mente ao dizer que é um partido político de esquerda. Como não poderia deixar de ser, uma bossalidade como essa só poderia ter sido públicado por um site de esquerda. Segundo o autor do texto, um partido afeito as privatizações e que chama o Bolsa Família de esmola, não pode ser visto como parte integrante da esquerda nacional. É isso mesmo! Não contentes em deter o monopólio da razão, a rapaziada marxista quer deter o monopólio das siglas. Daqui para frente, caberá a eles dizer quais siglas são de esquerda ou não. Para essas pessoas, pouco importa o significado das letras 'SDB' (Social Democracia Brasileira), um partido avesso ao main stream dos esquerdistas não pode, em hipótese alguma, ser considerado de esquerda. Isso me fez pensar em um poema do Carlos Drummond de Andrade, chamado "Eu vi". Em sua primeira estrofe, o poeta diz: "Vi um homem chorar porque lhe negaram o direito de usar três letras do alfabeto para fins políticos". O homem, caríssimo leitor, pode perfeitamente ser José Serra ou Fernando Henrique Cardoso (membros fundadores do PSDB), pois graças aos intelectuais lulianos, consumou-se o esbulho das terminações políticas.
Qualquer brasileiro minimamente informado, sabe que o PSDB foi fundado por um grupo de dissidentes do PMDB, que estavam insatisfeitos com o governo Sarney. Dentre os fundadores do novo partido estavam Franco Montoro, José Serra, Mario Covas, Carlos Antônio Costa Brandão, Humberto Costa Brandão, Carmelito Barbosa Alves, Waldyr Alceu Trigo e Fernando Henrique Cardoso. Podemos dizer que o PSDB foi formado pela confluência de diferentes pensamentos políticos contemporâneos: dos trabalhistas o partido adotou a primazia do trabalho sobre o capital; dos pensadores católicos personalistas, o partido adotou a ética, a solidariedade e a participação comunitária e dos líderes políticos europeus do pós-guerra (a maioria socialista), o partido adotou a luta dos trabalhadores pelos direitos iguais e os programas sociais. Sejamos coerentes, é difícil chamar um partido com bases como essas de "direitista". Talvez seja um pouco de exagero classificar o PSDB como um partido político de esquerda, mas certamente podemos inclui-lo naquilo que Anthony Giddens chamou de Terceira Via. Mas os socialistas querem saber disso? Para eles o PSDB é de direita e ponto final.
Eles argumentam que as bandeiras do PSDB não são comuns à esquerda e que o partido está mais alinhado com o neoliberalismo (seja lá o que isso for) do que com a integração dos povos sul-americanos tão em moda ultimamente. Os autores dessa crítica, ignoram dados importantíssimos sobre a vida dos principais fundadores do partido. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, era participante ativo dos grupos de estudos marxistas. Em 1950, um grupo de jovens professores e estudantes decidiu se reunir para ler "O Capital", a obra magna do comunismo. Esse grupo era formado por FHC, Octavio Ianni, Ruth Cardoso, Roberto Schwarz, Michael Lowy e outros, e teve um papel decisivo na discussão dos projetos de pesquisa da nova geração. Vale lembrar que a principal influência de FHC foi Florestan Fernandes (conhecido intelectual marxista). Na mesma linha, surge José Serra. O atual governador de São Paulo, foi presidente da União Nacional dos Estudantes durante o regime militar. Sob o seu comando, a entidade se dizia contra as multinacionais e a favor da Revolução Cubana. Em 1962, Serra fundou a Ação Popular (AP), com o apoio do Partido Comunista Brasileiro. Dizer que FHC e Serra são políticos de direita é, portanto, uma idiotice das grandes. Só mesmo os submentais da esquerda defenderiam uma asnice como essa!
Infelizmente, os botocudos não se dão por vencidos tão facilmente, e alegam que o PSDB de hoje não é o mesmo PSDB de ontem. E não é mesmo! O PSDB de hoje está ainda mais próximo da esquerda do que o PSDB de ontem. O partido é gramscista por excelência e defende um marxismo desenvolvimentista aos moldes do que era praticado nos anos 50. Como disse o próprio Serra à revista Piauí: "O governo Lula é de esquerda? Não dá para falar nisso. Com o significado do passado eu estaria à esquerda do PT".
De fato, o partido tem estado à esquerda do PT desde o primeiro governo do Fernando Henrique Cardoso. Ao contrário do que professa a esquerda xiita, houve um agigantamento do estado durante o governo FHC. Só em 2000, por exemplo, o estado cresceu 18% em relação a 1999. No geral, ao final dos 8 anos de governo FHC, o setor privado havia encolhido 24,3%. Allende e Gramsci não poderiam ter encontrado um discípulo mais aplicado do que o marxista chique do PSDB. E não para por aí! Se nos aprofundarmos em nossa análise, veremos que o governo FHC foi ainda mais a esquerda do que se pode imaginar. Além de ter havido uma explosão nos gastos do governo (que aumentaram, em termos nominais, mais de 220%) e na carga tributária (que saiu de 27% para 36% do PIB), o sociólogo tucano ainda criou inúmeras agências reguladoras com a função de impedir a livre concorrência e praticar o tabelamento de preços e tarifas. Suas "privatizações" foram todas mentirosas: os setores "privatizados" mantiveram seus monopólios garantidos pelo estado, de modo que o que houve foi apenas uma troca de gerenciamento. O governo - por meio das agências reguladoras - e cuidou de abolir qualquer risco de concorrência, que é o que um livre mercado genuíno impõe. Como se não bastasse, essa troca de monopólios (estatal para privado) foi feita com dinheiro do BNDES, sendo que os fundos de pensão de estatais (que, em última instância, são controlados por políticos e sindicalistas petistas) adquiriram participações em várias dessas empresas "vendidas". Não houve um único setor da economia do qual o estado tenha se retirado por completo o que faz com que pensemos que assim como a jabuticaba e a pororoca, as "privatizações" brasileiras também são um fenômeno único: elas aumentam a participação do estado na economia.
Tendo herdado um estado paquidérmico, Lula nem precisou pôr em prática a cartilha que o PT sempre pregou: o homem da Sorbonne já havia feito todo o serviço, dando um chapéu em seu colega ideológico. O PPR positivo de 2003 e 2004 foi apenas a consequência de um menor crescimento nos gastos do estado. Ou seja: o governo Lula seguiu aumentando os gastos, porém a uma taxa um pouco menor que a do governo FHC. O estado já estava tão inchado, que um simples crescimento menor dos gastos do governo naqueles dois anos já foi suficiente para fazer com que o setor privado respirasse um pouco.
Isso se deve ao fato de Fernando Henrique Cardoso e seu colega José Serra, terem estudado "engenharia social" na mesma escola que Saturnino Braga e Celso Furtado, a Cepal (aquela folclórica comissão para a América latina que surgiu no Chile, com a propósta de promover alterantivas viáveis ao modelo capitalista). Não nos enganemos, as diferenças da dupla tucana para a dupla petista existem, mas são muito superfíciais, o que faz com que tenhamos praticamente um monopólio da esquerda na política nacional. Não foi a toa que Lula anunciou, com o seu tom escatológico de sempre, que nas próximas eleições não teremos nenhum candidato de direita. E é verdade! PT e PSDB estão cada vez mais parecidos. Ambos desejam mais governo. Ambos rejeitam o livre mercado, o direito de propriedade privada, o capitalismo liberal. Talvez a única diferença marcante entre ambos é que no PT, o ranço ideológico é mais pronunciado. O partido tem mais sede pelo poder absoluto e mais disposição para atingir os seus objetivos.
Os petistas também acusam o PSDB de se referir, com uma frequência cada vez maior, aos programas assistenciais do PT como Bolsas Esmola (coisa de reacionário). Ora, não é de hoje que as ações afirmativas são vistas dessa maneira e não foram os políticos do PSDB que inventeram o termo. O primeiro a chamar essas políticas de esmolas foi justamente o presidente Lula, e o fez para o país inteiro, em alto e bom som. Essa é portanto, mais uma mentira convenientemente contada para dissuadir o eleitor de votar no PSDB.
Escolher entre Dilma e Serra é como fazer a escolha de Sofia: a derrota está anunciada antes mesmo da decisão. Mesmo que o resultado "desejado" seja alcançado, ele será visto como uma vitória pirríca, pois os dois partidos compartilham da mesma visão política e social. Isso acontece porque no mundo inteiro, mas muito especialmente na América Latina, as esquerdas tentam manter a população na jaula do Dia da Marmota. Trata-se de uma espécie de seqüestro moral: "Cuidado! Fulano ou Beltrano foram ligados à ditadura militar. Jamais votem neles!" Ou ainda: "Fulano e Beltrano são descendentes pólíticos da ditadura militar". Vamos parar com essa coisa de dizer que o PSDB é um partido de direita e assumir, de uma vez por todas, que na essência todos os partidos políticos brasileiros são iguais.
Qualquer brasileiro minimamente informado, sabe que o PSDB foi fundado por um grupo de dissidentes do PMDB, que estavam insatisfeitos com o governo Sarney. Dentre os fundadores do novo partido estavam Franco Montoro, José Serra, Mario Covas, Carlos Antônio Costa Brandão, Humberto Costa Brandão, Carmelito Barbosa Alves, Waldyr Alceu Trigo e Fernando Henrique Cardoso. Podemos dizer que o PSDB foi formado pela confluência de diferentes pensamentos políticos contemporâneos: dos trabalhistas o partido adotou a primazia do trabalho sobre o capital; dos pensadores católicos personalistas, o partido adotou a ética, a solidariedade e a participação comunitária e dos líderes políticos europeus do pós-guerra (a maioria socialista), o partido adotou a luta dos trabalhadores pelos direitos iguais e os programas sociais. Sejamos coerentes, é difícil chamar um partido com bases como essas de "direitista". Talvez seja um pouco de exagero classificar o PSDB como um partido político de esquerda, mas certamente podemos inclui-lo naquilo que Anthony Giddens chamou de Terceira Via. Mas os socialistas querem saber disso? Para eles o PSDB é de direita e ponto final.
Eles argumentam que as bandeiras do PSDB não são comuns à esquerda e que o partido está mais alinhado com o neoliberalismo (seja lá o que isso for) do que com a integração dos povos sul-americanos tão em moda ultimamente. Os autores dessa crítica, ignoram dados importantíssimos sobre a vida dos principais fundadores do partido. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, era participante ativo dos grupos de estudos marxistas. Em 1950, um grupo de jovens professores e estudantes decidiu se reunir para ler "O Capital", a obra magna do comunismo. Esse grupo era formado por FHC, Octavio Ianni, Ruth Cardoso, Roberto Schwarz, Michael Lowy e outros, e teve um papel decisivo na discussão dos projetos de pesquisa da nova geração. Vale lembrar que a principal influência de FHC foi Florestan Fernandes (conhecido intelectual marxista). Na mesma linha, surge José Serra. O atual governador de São Paulo, foi presidente da União Nacional dos Estudantes durante o regime militar. Sob o seu comando, a entidade se dizia contra as multinacionais e a favor da Revolução Cubana. Em 1962, Serra fundou a Ação Popular (AP), com o apoio do Partido Comunista Brasileiro. Dizer que FHC e Serra são políticos de direita é, portanto, uma idiotice das grandes. Só mesmo os submentais da esquerda defenderiam uma asnice como essa!
Infelizmente, os botocudos não se dão por vencidos tão facilmente, e alegam que o PSDB de hoje não é o mesmo PSDB de ontem. E não é mesmo! O PSDB de hoje está ainda mais próximo da esquerda do que o PSDB de ontem. O partido é gramscista por excelência e defende um marxismo desenvolvimentista aos moldes do que era praticado nos anos 50. Como disse o próprio Serra à revista Piauí: "O governo Lula é de esquerda? Não dá para falar nisso. Com o significado do passado eu estaria à esquerda do PT".
De fato, o partido tem estado à esquerda do PT desde o primeiro governo do Fernando Henrique Cardoso. Ao contrário do que professa a esquerda xiita, houve um agigantamento do estado durante o governo FHC. Só em 2000, por exemplo, o estado cresceu 18% em relação a 1999. No geral, ao final dos 8 anos de governo FHC, o setor privado havia encolhido 24,3%. Allende e Gramsci não poderiam ter encontrado um discípulo mais aplicado do que o marxista chique do PSDB. E não para por aí! Se nos aprofundarmos em nossa análise, veremos que o governo FHC foi ainda mais a esquerda do que se pode imaginar. Além de ter havido uma explosão nos gastos do governo (que aumentaram, em termos nominais, mais de 220%) e na carga tributária (que saiu de 27% para 36% do PIB), o sociólogo tucano ainda criou inúmeras agências reguladoras com a função de impedir a livre concorrência e praticar o tabelamento de preços e tarifas. Suas "privatizações" foram todas mentirosas: os setores "privatizados" mantiveram seus monopólios garantidos pelo estado, de modo que o que houve foi apenas uma troca de gerenciamento. O governo - por meio das agências reguladoras - e cuidou de abolir qualquer risco de concorrência, que é o que um livre mercado genuíno impõe. Como se não bastasse, essa troca de monopólios (estatal para privado) foi feita com dinheiro do BNDES, sendo que os fundos de pensão de estatais (que, em última instância, são controlados por políticos e sindicalistas petistas) adquiriram participações em várias dessas empresas "vendidas". Não houve um único setor da economia do qual o estado tenha se retirado por completo o que faz com que pensemos que assim como a jabuticaba e a pororoca, as "privatizações" brasileiras também são um fenômeno único: elas aumentam a participação do estado na economia.
Tendo herdado um estado paquidérmico, Lula nem precisou pôr em prática a cartilha que o PT sempre pregou: o homem da Sorbonne já havia feito todo o serviço, dando um chapéu em seu colega ideológico. O PPR positivo de 2003 e 2004 foi apenas a consequência de um menor crescimento nos gastos do estado. Ou seja: o governo Lula seguiu aumentando os gastos, porém a uma taxa um pouco menor que a do governo FHC. O estado já estava tão inchado, que um simples crescimento menor dos gastos do governo naqueles dois anos já foi suficiente para fazer com que o setor privado respirasse um pouco.
Isso se deve ao fato de Fernando Henrique Cardoso e seu colega José Serra, terem estudado "engenharia social" na mesma escola que Saturnino Braga e Celso Furtado, a Cepal (aquela folclórica comissão para a América latina que surgiu no Chile, com a propósta de promover alterantivas viáveis ao modelo capitalista). Não nos enganemos, as diferenças da dupla tucana para a dupla petista existem, mas são muito superfíciais, o que faz com que tenhamos praticamente um monopólio da esquerda na política nacional. Não foi a toa que Lula anunciou, com o seu tom escatológico de sempre, que nas próximas eleições não teremos nenhum candidato de direita. E é verdade! PT e PSDB estão cada vez mais parecidos. Ambos desejam mais governo. Ambos rejeitam o livre mercado, o direito de propriedade privada, o capitalismo liberal. Talvez a única diferença marcante entre ambos é que no PT, o ranço ideológico é mais pronunciado. O partido tem mais sede pelo poder absoluto e mais disposição para atingir os seus objetivos.
Os petistas também acusam o PSDB de se referir, com uma frequência cada vez maior, aos programas assistenciais do PT como Bolsas Esmola (coisa de reacionário). Ora, não é de hoje que as ações afirmativas são vistas dessa maneira e não foram os políticos do PSDB que inventeram o termo. O primeiro a chamar essas políticas de esmolas foi justamente o presidente Lula, e o fez para o país inteiro, em alto e bom som. Essa é portanto, mais uma mentira convenientemente contada para dissuadir o eleitor de votar no PSDB.
Escolher entre Dilma e Serra é como fazer a escolha de Sofia: a derrota está anunciada antes mesmo da decisão. Mesmo que o resultado "desejado" seja alcançado, ele será visto como uma vitória pirríca, pois os dois partidos compartilham da mesma visão política e social. Isso acontece porque no mundo inteiro, mas muito especialmente na América Latina, as esquerdas tentam manter a população na jaula do Dia da Marmota. Trata-se de uma espécie de seqüestro moral: "Cuidado! Fulano ou Beltrano foram ligados à ditadura militar. Jamais votem neles!" Ou ainda: "Fulano e Beltrano são descendentes pólíticos da ditadura militar". Vamos parar com essa coisa de dizer que o PSDB é um partido de direita e assumir, de uma vez por todas, que na essência todos os partidos políticos brasileiros são iguais.
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