07 janeiro 2010

Eu sou o 0,0000005%

Há poucos dias a imprensa anunciou que, segundo as últimas pesquisas de opinião, Lula bateu novamente o seu recordes de popularidade e chegou a incríveis 84% de avaliação positiva. De fato, o desempenho do presidente é algo "nunca antes visto nesse país". Todas as vezes que penso nisso, fico me perguntando o que poderemos esperar das próximas consultas populares com uma avaliação tão funesta quanto essa.

Lembro-me de que quando Lula chegou aos 70% de popularidade. Na época eu achei que ele jamais bateria Hitler, a quem, em seu auge, a cultíssima Alemanha concedeu 82% de aprovação. Mas eu estava enganado: nosso operário-presidente já deixou para trás o psicopata de bigodinho e hoje só deve estar perdendo para Fidel Castro e para Kin Jon Il, o Topo Gigio norte-coreano. Vale lembrar que Lula tem uma vantagem sobre esses dois ditadores: aqui as pesquisas refletem verdadeiramente o que o povo pensa, enquanto em Cuba e na Coeria do Norte as pesquisas de opinião lembram o que se dizia dos plebiscitos portugueses durante a ditadura lusitana: "SIM, Salazar fica; NÃO, Salazar não sai"(os votos brancos e nulos eram contados a favor do governo).

Portanto, a popularidade de Lula ainda "tem espaço" para crescer, para empregar essa expressão surrada e pedante tão adorada pelos economistas. Isso me faz pensar que faltam apenas 16% de aprovação para que Lula possa, com toda a sua presunção e imodéstia, anunciar ao mundo que obteve a unanimidade dos brasileiros em torno de seu nome, superando até Jesus, Ghandi e outras celebridades menores que jamais conseguiram se livrar da oposição. Infelizmente eu tenho uma péssima notícia a dar ao nosso excelentíssimo presidente: pode tirar o cavalinho da chuva, cumpanhero, porque de 99,9999995% você não passa.

Eu explico: segundo o último senso do IBGE, o Brasil tem 200.000.000 de habitantes, contando comigo, claro. Represento, portanto, 1 em 200.000.000, ou seja, 0,0000005% enquanto os demais brasileiros totalizam os restantes 99,9999995%. Esses, talvez, você possa conquistar, em todo ou em parte. Mas meus humildes 0,0000005% você jamais terá porque não há força neste ou em outros mundos, capaz de me fazer votar no PT ou aprovar esse governo de enésima categoria. É cumpanheiros petistas... Podem ir tirando o cavalinho da chuva, pois nem com todo o dinheiro com que vocês vem comprado votos e apoios nos aterros sanitários da política brasileira eu mudarei de opinião.

A minha convicção provêm de um fato simples, porem salutar: desde minha adolescência, quando comecei a me dar conta das desgraças brasileiras e a identificar suas causas, convenci-me de que na raiz de tudo está a mentalidade dominante no Brasil, essa mentalidade dos que valorizam a esperteza e o sucesso a qualquer custo; dos que detestam o trabalho e o estudo; dos que buscam o acesso ao patrimônio público para proveito pessoal; dos que almejam os cabides de emprego, as sinecuras e os cargos fantasmas; dos que criam infindáveis dinastias nepotistas nos órgãos públicos; dos que desprezam a justiça desde que a injustiça lhes seja vantajosa; dos que só reclamam dos privilégios por não estarem incluídos entre os privilegiados; dos que enriquecem através dos negócios sujos com o Estado; dos que vendem seus votos por uma camiseta, um sanduíche ou, como agora, uma bolsa família; dos que são de tal forma ignorantes e alienados que se deixam iludir pelas prostitutas da política e distribuem beijos e afagos para receberem de volta algumas migalhas do muito que lhes vem sendo roubado desde que os portugueses puseram os seus pés por aqui.

Tenho certeza que muitos outros brasileiros, incomparavelmente melhores e mais lúcidos do que eu, chegaram à mesma conclusão e, embora sejamos minoria, sinto-me feliz e honrado por estar ao lado de uma minoria que comporta entre outros grandes nomes, o do nosso saudoso Rui Barbosa. Creio que a maioria dos petistas só ouviu falar nele devido aquela infâme frase de que devemos "igualar os desiguais na medida das suas desigualdades". Pois bem! Fiquem sabendo que a tal frase nem mesmo pertence a Rui Barbosa, ela foi cunhada por Aristóteles e apareceu pela primeira vez no seu maravilhoso "Ética a Nicômaco". Mas deixemos isso de lado. Se um dia os petistas tomarem gosto pela leitura, terei prazer em lhes recomendar a Oração aos Moços. Lamentavelmente, quando os botocudos souberem o que Rui Barbosa pensava sobre as práticas de governo que eles adotaram e continuam adotando, vão ter azia até o final da vida.

Pense a maioria o que quiser, diga a maioria o que disser, não mudarei minha convicção de que este País só deixará de ser o que é - uma terra onde as riquezas produzidas pelo suor da parte honesta e trabalhadora é saqueada pelos parasitas do Estado e pelos ladrões privados eternamente impunes - quando a mentalidade da população e de seus representantes for profundamente mudada. Mudada pela educação, pela perseverança, pela punição aos maus, pela recompensa aos bons, e principalmente, pelo exemplo dos governantes. Lula, teve uma oportunidade única de dar início a essa nova fase da política brasileira. A vitória popular que ele obteve poderia fazer com que o Congresso se curvasse diante de sua autoridade moral, se tivésse alguma, é claro!

Lula teve a oportunidade de tornar-se nossa tão esperada âncora moral, esta sim, nunca antes vista nesse País. Mas não, ele preferiu o caminho mais fácil e batido das práticas populistas e coronelistas de sempre: comprar tudo e todos. Infelizmente para o Brasil, mas felizmente para os objetivos pessoais dos dirigentes do PT, Lula estava certo: para que se esforçar, escorado apenas em princípios de decência, se é muito mais rápido e eficiente comprar o que for necessário? Sou obrigado a reconhecer que embora esse racíocinio seja um tanto Macunaíma para o meu gosto, foi de uma esperteza excepcional: nunca antes nesse país um presidente explorou tão bem, em proveito próprio e do seu bando, as piores qualidades da massa e dos seus representantes. Aliás, esse é maior e mais longo legado que Lula irá nos deixar: o de haver escancarado a lúgubre realidade de que o Brasil continua o mesmo que Darwin encontrou quando passou por essas plagas em 1832 e anotou em seu diário "aqui todos são subornáveis".

Naturalmente, não foi o Lula quem inventou a corrupção, mas foi ele quem fez dela um maquiavélico instrumento de poder, institucionalizando-a e fando-a permear até os últimos níveis da administração pública. Graças ao PT, o Brasil vive um quadro que em medicina se chamaria de septicemia corruptiva. Sob os auspícios do partidão, a mentira e a demagogia se tornaram o principal veículo de comunicação com a massa.

Confesso que tamanha sordidez me deixa curioso. Não raro, fico me perguntando o que o Lula sente quando se olha no espelho e lembra do que diz nos palanques? Será que ele sente orgulho em subestimar a inteligência da maioria e ver que vale a pena? Acho que sim, pois nunca o vi ostentando aquele olhar envergonhado típico dos que estão arrependidos. Não obstante, ele continua a mentir de maneira deslavada sempre que lhe é dada a oportunidade. Por exemplo: Lula mentiu quando disse haver recebido como herança maldita a política econômica de seu antecessor, pois todos sabemos que foi essa mesma política que fez a economia brasileira prosperar para que pudéssemos sair ileso da crise economica que assolou o mundo recentemente. Ele também mentiu ao dizer que não sabia do Mensalão, como nos mostra o jornalista Ivo Patarra em seu brilhante livro "O Chefe". Mentiu quando disse que seu filho enriqueceu através do trabalho. Mentiu ao afastar Dirceu, Palocci, Gushiken e outros "cumpanheros" pegos em flagrante e mentiu sobre os milhões que a ONG 13, da sua filha, recebeu sem prestar contas. E Por falar em ONGs, Lula comprou a maior parte da esquerda ofertando bilhões de reais através de ONGs que nada fazem, a não ser refestelar-se em dinheiro público, viajar, acampar, discursar contra os exploradores do povo e desperdiçar os recursos que tanta falta fazem aos cidadãos do nosso país.

O presidente jamais se preocupou em fechar ao menos as mais gritantes brechas legais pelas quais os criminosos endinheirados conseguem sempre permanecer impunes, rindo-se de todos nós. Ao contrário, o Supremo, onde ele tem grande influência (nomeou seis ministros até agora e se tudo correr conforme o planejado, há de nomear um sétimo quando Eros Grau se aposentar), acaba de julgar que mesmo os condenados em segunda instância podem permanecer em liberdade, até que todas as apelações, recursos e embargos sejam julgados, o que, no Brasil, leva décadas. Isso significa, em poucas palavras, que os criminosos com dinheiro suficiente para pagar os famosos e caros criminalistas brasileiros podem dormir sossegados, porque jamais irão para a cadeia. Tenho certeza que se o Supremo estivésse julgando algo que interessasse aos petistas, Lula e a base aliada teriam feito de tudo para evitar esse descalabro. Ces't la vie! Lula, nunca teve ideais, apenas ambições.

Ele jamais foi inspirado por qualquer anseio de Justiça. Todas as suas ações, ao longo da vida, foram motivadas por rancores, invejas, sede pessoal de poder e irrefreável necessidade de ser adorado e ter seu ego adulado. Seu desprezo por aquilo que as pessoas honradas consideram justo, se manifesta o tempo todo: quando celeremente despachou para Cuba alguns pobres desertores que buscavam a liberdade no Brasil; quando deu asilo a assassinos terroristas da esquerda radical; quando se aliou à escória do Congresso, aquela mesma contra quem ele vociferava no passado; quando concedeu aumentos nababescos a categorias de funcionários públicos que já eram regiamente remunerados; quando aumentou abusivamente as despesas de custeio, sabendo que pouquíssimo da arrecadação sobraria para os investimentos de que tanto carece a população; quando desprezou o mérito e privilegiou o compadrio e o populismo; e por aí vai...

Lula tem dividido a nação, jogando regiões contra regiões, classes contra classes e raças contra raças, para tirar proveito das desavenças que fomenta. É bom que se diga que se o presidente estivesse realmente interessado, como deveria, em dar aos pobres, negros e outros excluídos as mesmas oportunidades que têm os filhos dos ricos, teria se empenhado a fundo na melhoria da saúde e do ensino públicos. Mas todos nós sabemos que em seu íntimo, Lula despreza o ensino, a educação e a cultura, porque conseguiu tudo o que queria, mesmo sendo inculto e vulgar. Além disso, melhorar a educação toma um tempo enorme e dá muito trabalho, não é mesmo?

A imprensa não faz oposição como devia porque você foi amordaçada pelos executivos do BNDES que manipulam as verbas publicitárias. Será que um petista poderia me esclarecer o motivo das demissões de jornalistas tarimbados como Arnaldo Jabor, Boris Casoy e Salete Lemos? Aliás, será que algum petista poderia me esclarecer o que foi aquele qui pro có com a Febraban? Essa técnica de comprar ou perseguir é muito eficaz. Pablo Escobar usou-a com muito sucesso na Colômbia, quando dava a seus eventuais opositores as opções: "O plata, o plomo".

É aqui que o botocudo irritado pergunta: se Lula não é o maior estadista do planeta, se seu governo não é maravilhoso, como explicar tamanha popularidade? É fácil: políticos, sindicatos, imprensa, ONGs, movimentos sociais, funcionários públicos, miseráveis, o presidente comprou o voto de todos com dinheiro, bolsas, cotas, cargos e medidas demagógicas. Muita gente que trabalha, mas desconhece o que se passa nas entranhas do governo, se satisfez com o pouco que passou a ganhar, em consequência do modesto crescimento econômico que foi plantado anteriormente, mas que só frutificou quando os petistas assumiram o poder.

Enfim, tudo pode ser resumido ao dinheiro e ao desejo de grande parte da população de ignorar os princípios da honradez e da honestidade. Se não fosse pelo espírito pacato do brasileiro, que o leva a relevar as mentiras, a corrupção, os desperdícios, os abusos e as injustiças que marcam o governo do PT, não estaríamos aqui! Fico triste ao constatar que grande parte dos cidadãos brasileiros agiu como Esaú, que trocou a sua primogenitura por um prato de lentilhas.

Eu queria dizer que De Gaulle estava errado quando disse que o "le Brésil n'est pas um pays sérieux", mas não posso. Como se diz na França, "l'argent n'est tout que dans les siècles où les hommes ne sont rien". Se você, caríssimo botocudo a serviço do PT, não entendeu, pergunte à Marta. Ela adora Paris e há um bom tempo estamos sustentando seu gigolô franco-argentino com o dinheiro dos cofres públicos. Há essa altura, ela já deve estar com o seu frances na ponta da língua - literalmente - e não há de decepcioná-los.

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