09 fevereiro 2010

Chávez e a crise

Depois de implementar um plano de racionamento de energia em janeiro, o presidente Hugo Chávez decretou estado de emergência elétrica na Venezuela nesta segunda-feira e detalhou nesta terça-feira um plano que prevê desde sanções a quem exceder o consumo até descontos na tarifa para quem economizar. Pelo decreto, os venezuelanos com consumo acima de 500 quilowatts-hora por mês - cerca de 24% dos consumidores residenciais - devem reduzir o consumo em 10%. Caso não atinjam a meta, o preço da conta vai ficar 75% mais caro. Aqueles que ultrapassarem o consumo em 20%, o aumento na tarifa será de 200%.

Infelizmente, essa não foi a única medida tomada por Hugo Chávez para combater a crise no setor energético que vem assolando a Venezuela. Diante do caos generalizado e das pressões vindas de todos os lados para que renuncie, Chávez cedeu mais uma vez às ordens vindas desde Havana e apresentou, ante as câmeras de televisão, um militar cubano chamado Ramiro Valdés.

"Está conosco à frente dessa comissão um dos heróis da revolução cubana, o comandante Ramiro Valdés".
Ora, mas "quem" é Ramiro Valdés e quais as suas funções em Cuba? Antes de falar no maldito personagem, lembro que em Cuba os problemas de água e energia são constantes e quase tão velhos quanto a revolução. Então, com que autoridade ou competência um governo manda um emissário para resolver problemas em outro, quando o seu próprio país sofre com uma calamidade semelhante?

Bem, para começar, "Ramirito", como é conhecido em Cuba, não entende NADA de energia; vejamos um pouco de sua folha corrida:

Militar e político, um dos participantes da revolução cubana, nasceu em Artemisa, cidade de Havana, em 28 de abril de 1932. Desde 1976 ostenta o grau de "militar honorífico" e Comandante da Revolução. Desde 1959 ocupou vários cargos de relevância especial na ditadura de Fidel Castro. Foi designado como chefe militar na região central e posteriormente segundo chefe da Fortaleza de La Cabaña, até a fundação dos órgãos da Segurança do Estado dos quais foi seu chefe.

Desde a criação do Ministério do Interior, em 1961, ocupou os seguintes cargos: 1961-1968, Ministro do Interior; 1968-1972, Vice-Ministro das Forças Armadas; 1972-1976, Vice-Primeiro Ministro para o setor da construção; 1976-1994, Vice-Presidente do Conselho de Ministros; 1976-1986, Vice-Presidente do Conselho de Estado; 1979-1985, novamente ministro do Interior.

A partir de 1985 sua responsabilidade política minguou, embora seguisse ocupando o cargo de Vice-Presidente até 1994. Em 1996, foi designado presidente do grupo empresarial Copextel, encarregado do desenvolvimento de importações eletrônicas e informáticas e das Comunicações. Com a ascensão de Raúl Castro ao poder, foi novamente designado no ano de 2009, a Vice-Presidente do Conselho de Ministro e meses depois a Vice-Presidente do Conselho de Estado.

Como se pôde constatar, este criminoso nunca exerceu qualquer função relacionada com a energia mas sim à repressão, aos fuzilamentos em La Cabaña, e à subversão no hemisfério, onde, segundo Pedro Corzo:

"É importante destacar que o atual Vice-Presidente do Conselho de Ministros e Vice-Presidente do Conselho de Estado em Cuba, foi o braço executor da subversão castrista no hemisfério. As incursões dos sicários da revolução cubana na Venezuela, Bolívia, Colômbia e o resto dos países do continente contaram com a assessoria de Valdés".
Em outro trecho, Pedro Corzo afirma que:

"Ramiro Valdés assumiu a direção do Departamento de Investigações do Exército Rebelde (DIER), uma força policial que se especializou em reprimir brutalmente as organizações clandestinas e guerrilheiras que confrontaram o novo regime, desde o próprio ano de 1959. O "Departamento", como ficou conhecido, foi uma espécie de embrião do que seria o Departamento de Segurança do Estado, um organismo que levou à prisão mais de meio milhão de homens e mulheres, e executou cerca de seis mil pessoas. Com exceção de Valeriano Weyler, nenhum outro indivíduo na história de Cuba foi responsável direto por tantos atos de maldade e crimes como "Ramirito".

Estas informações fazem parte do livro "Cuba: Perfiles do Poder". Neste livro Pedro apresenta o histórico dos cinco principais líderes da revolução que são, respectivamente, Fidel Castro Ruz, Raúl Castro Ruz, Ramiro Valdés Menéndez, Camilo Cienfuegos e Ernesto Guevara de la Serna. O capítulo dedicado a Valdés encontra-se entre as páginas 64 e 83, mas o site "Gentiuno" da Venezuela, publicou fragmentos desse livro sobre o nefasto personagem que pode ser lido aqui.

Está claro que o objetivo desta intromissão não é encontrar a solução para os problemas energéticos. Este repressor assassino de milhares de vidas inocentes foi enviado para orientar como reprimir com "mais eficiência" aqueles que se oponham à ditadura chavista, além de controlar com mão de ferro todos os meios de comunicação como, emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, sites de inernet, redes de relacionamento como Twitter, FaceBook além de, como já ocorre em Cuba, os correios eletrônicos.

Os cubanos exilados nos Estados Unidos desde ontem estão alertando os venezuelanos, de dentro e fora da Venezuela, para ficarem em estado de alerta máximo. As organizações de venezuelanos no exterior estão convocando para manifestações em frente às embaixadas e consulados latino-americanos nos Estados Unidos, com o objetivo de entregar um comunicado solicitando aos Governos da região que apliquem a Carta Interamericana Democrática da Venezuela. Entretanto, os governos alinhados com o regime bolivariano de Hugo Chávez continuam a manter uma atitude submissa e cúmplice, diante dos desvairios do ditador venezuelano.

O site venezuelano Analítica.com escreveu a respeito desta "visita":

"Já não somos Venezuela, senão Cubazuela; já se sabe que quem controla a saúde, as Forças Armadas, os cartórios de registro (de identificação) e as notarias, são funcionários cubanos.
E neste artigo, a jornalista Angelica Morabeals diz que a "assessoria" de Valdés vai custar à Venezuela US$ 2,4 blihões adicionais a Cuba. Ela ainda afirma que o ministro da Energia, Alí Rodríguez Araque trabalhará "muito estreitamente com Valdés". Ora, para quem não sabe, Araque foi treinado em guerrilha em Cuba e saiu de lá como "comandante", do mesmo modo que o "Comandante Daniel", aquele brasileiro-cubano que nós conhecemos bem, daí que dá para se ter uma idéia do que realmente este assassino foi fazer na Venezuela...

E para concluir, apresento dois vídeos: o primeiro mostrando como é a violência policial em Cuba, num programa apresentado pela jornalista cubana exilada em Miami, María Elvira, chamado "María Elvira Live", com a participação do ex-oficial da contra-inteligência cubana, Delfin Fernández, "agente Oto", e o ex-major da Inteligência cubana, Roberto Hernández Llano. E o outro mostrando os estudantes venezuelanos lutando contra a ditadura do século XXI. Assistam e comparem os dois vídeos; observem que a forma de repressão de um país e outro já são quase idênticas.




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