Para os leitores de memória curta, Arruda é aquele senhor que participou ativamente da violação do painel do senado há alguns anos atrás. Na ocasião, Arruda teve que renunciar ao mandato de senador para não ser cassado. Lembro-me que num discurso contundente, ele negou qualquer envolvimento com o caso, insinuou que havia uma conspiração, apelou aos mais nobres sentimentos da República… Alguém que ignorasse os bastidores diria: "Ele etá dizendo a verdade"! Afinal, Arruda, não é nenhum Paulo Maluf! Quando já não conseguia mais negar a violação, fez um discurso candente, chorou, pediu perdão, humilhou-se. Mas a sorte lhe sorriu com uma segunda vida, guindando-o ao primeiro plano da política nacional como governador do Distrito Federal.
Infelizmente, para todos os cidadãos brasileiros, não se pode mudar a natureza torpe dos seres humanos. O homem é, como Hobbes costumava dizer, o lobo do próprio homem e Arruda não é a exceção. Assim que voltou à vida pública, Arruda se meteu em um novo e lamentável episódio: foi filmado distribuindo propinas a pela menos uma dúzia de políticos em troca de apoio. As imagens eram estarrecedoras! Diante de uma audiência perplexa, deputados e vereadores se alternavam no ato de enfiar dinheiro nos lugares mais obscenos possíveis. Um achou por bem meter a bufunfa dentro da meia enquanto uma outra era vista colocando tudo no bojo do seu sutien. Diante dessas imagens, uma multidão correu para às ruas gritando "Fora Arruda"! Chegaram até a jogar esterco na frente da Câmara Distrital, onde a CPI que apurava [sic] os atos de corrupção do governador se reunia.
Rapidamente, os protestos contra o governador José Roberto Arruda ganharam o Brasil. Da noite para o dia, uma multidão de brasileiros resolveu externar a sua indignação com o episódio. Quando vi o pessoal da UNE e demais movimentos estudantis de bandeira em punho, gritando contra o escandalo que assolou o Distrito Federal, pensei: "tem gato nessa tuba"! E tinha mesmo. Uma série de partidos e agremiações de esquerda havia se mobilizado para transformar o ArrudaGate, numa espécie de incenssário da política nacional. Há quem diga que a prisão de José Roberto Arruda "marca o começo do fim da impunidade no Brasil". Vamos ver. Há dois dias, todos os mensaleiros do PT voltaram à direção do partido. Tive a impressão de que era uma vitória da impunidade. Ou será que só se avança nesse terreno quando os não-petistas é que são punidos?
Quero Arruda preso tanto quanto a maioria dos brasileiros, mas não caio naquela esparrela de que a sua prisão éo começo de uma era dourada da nossa política. O povo que hoje se regozija com a prisão de Arruda, é o mesmo que escolheu acobertar o mensalão do PT. Nenhum dos movimentos que hoje pedem a cassação do governador do Distrito Federal se mobilizou em prol da cassação de homens como Dirceu e Genoino. Pelo contrário! Essas pessoas foram às ruas para defender os companheiros e endossaram a tese absurda do presidente Lula que Marcos Valério era uma espécie de agente a serviço do PSDB; plantado em seu governo para desestabilizar a base aliada.
Eu não preciso recorrer a teorias tão estapafúrdias e faço questão que Arruda seja punido dentro das regras do estado de direito, do devido processo legal. Não vou cometer o papelão de dizer que foi tudo uma trama engendrara pelo PT! Toda aquele gente meteu a mão na grana porque quis, porque achou saíria impune, a exemplo dos homens de Lula no mensalão petista. Delúbio Soares e os mensaleiros do PT tinham Marilena Chaui, Wanderley Guilherme dos Santos e toda uma corja acadêmica acusando o que seria uma tentativa de "golpe de estado". Arruda não tem ninguém, porque o DEM o expulsou e estabeleceu uma punição para todo aquele que ousar ajudá-lo. Em outras palavras: o partido decidiu deixar que o governador se dane sozinho!
Ser "de direita" é isso! Na prática, ser de direita é obedecer apenas ao próprio juízo e não não se ver obrigado a defender o crime porque é útil a uma causa. Ser de direita é repudiar, enojado, o uso de inocentes úteis para fazer fazer "a luta avançar".
Eis aí uma grande diferença. Arruda, aquele pilantra que achou que podia se apropriar do dinheiro público e usá-lo para fins privados, NÃO É UM DOS NOSSOS. Já Delúbio Soares, José Genoino e José Dirceu são homens DELES. Quando Pinochet morreu, nenhum de nós se sentiu obrigado a pranteá-lo. Quando Fidel morrer, eles haverão de chorar no túmulo do seu tirano de estimação. NÓS DEVEMOS E PODEMOS CONVIVER SEM O CRIME. Mas infelizmente, no caso deles, o crime É PARTE DE UMA TEORIA DO PODER.
Gostaria de desejar um bom final de Carnaval a todos e deixar os meus votos mais que sinceros de que Arruda fique na Papuda pelo maior tempo possível; mas não sozinho, porque deve ser deprimente... Desejo ardentemente que José Dirceu, Delúbio e sua turma, vão fazer companhia a ele no menor tempo possível e que levem consigo um dominó, para não ficarem entediados durante a sua permanencia.
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