14 setembro 2009

A reforma de Obama


Creio que todos estão a par das discussões em torno da reforma do sistema de saúde norte-americano propostas pelo presidente Barack Obama. Pois bem, no último final de semana percebi que o cidadão brasileiro ainda sofre com o seu complexo de vira-lata e fica absolutamente deslumbrado com o modelo europeu de serviços públicos. A imensa maioria da população brasileira sonha com tal do welfare state, comum em países como a França e a Alemanha. Todavia, pouca gente percebe, mesmo os europeus, o pesadelo que há por trás dessa monstruosidade filantrópica chamada de "Estado Moderno".

Convenhamos. qualquer individuo minimamente informado - e que aprecia a liberdade - tem aversão ao
welfare-state. E não é para menos! Este modelo surgiu em países de tradições centralistas e autoritárias; como a França revolucionária de 1789 e a Alemanha prussiana e de Bismarck. Para chegar ao que é hoje, o Estado restringiu as atividades comunitárias autônomas e criou mecanismos capazes de controlar as corporações particulares. Esse ataque deliberado à liberdade é apenas uma entre as várias seqüelas do modelo europeu.

Anos e anos depois, o presidente Barack Obama aderiu a receita européia e começou a falar em estatizar o sistema norte-americano de saúde, retirando dos cidadãos daquele país o direito de escolher seu próprio atendimento médico. Para isso, os adeptos da doutrina Obama recorreram a um expediente pra lá de desonesto: a mentira! A maior mentira acerca do sistema de saúde americano foi criada pelo Partido Democrata e amplamente divulgada por cineastas e artistas de Hollywood, como Gerge Clooney e Michael Moore. A mentira consiste em dizer que milhões de americanos não possuem atendimento médico algum e vivem à mercê das doenças e dos burocratas do governo. Ora, qualquer pessoa minimamente informada sabe que o governo americano terceiriza os serviços de saúde em favor dos mais pobres, garantindo a autonomia e independência das clinicas e hospitais. O modelo atual não apenas obedece a norma constitucional que impõe a descentralização federativa do país, como também está de acordo com as leis de livre mercado (ainda que os programas de saúde sejam federais). Além disso, é preciso salientar que dentro desses "milhões", há um número assustador de imigrantes ilegais e cidadãos regulares que se recusam a recorrer aos programas públicos de saúde como o Medicare e o Medicaid.

Diante de fatos como estes, só podemos concluir que Barack Obama quer criar um centro, uma cúpula burocrática em Washington, tal como uma Gosplan soviética ou um SUS brasileiro. A lógica é, em si, estranha: parte-se do pressuposto de que a centralização da saúde pública gerará menos custos do que os serviços de saúde terceirizados, o que do ponto de vista econômico é completamente ridículo. Mas nem tudo esta perdido, neste sábado (12), dois milhões de norte-americanos saíram às ruas da capital de seu país contra a estatização do sistema do sistema de saúde. Infelizmente, a maior parte da imprensa norte-americana ignorou solenemente o evento. Nas redes de TV ABC News, CBS e NBC, não houve nenhuma notícia sobre o assunto. No The New York Times, Usa Today e Los Angeles Times, não saiu nem mesmo uma nota sobre o tema. Só depois de muita pressão - e N tentativas de varrer a manifestação para debaixo do tapete - é que as redes de TV e jornais soltaram alguma coisa. O Diário de Notícias de Lisboa, publicou uma matéria digna do Pravda e afirmou que a manifestação foi organizada pela "direita radical" americana (sic). Quando a imprensa se deu conta que era impossível omitir o impacto da manifestação contra as ações estatizantes de Obama, passou a desmereceu os manifestantes chamando-os de como "conservadores" (assim mesmo, com aspas), teleguiados pelas empresas e aglomerações de saúde privada (o discurso socialista já está implícito nesses estereótipos). No Brasil, a imprensa não não dedicou uma única linha ao assunto.

Também pudera! Uma manifestação como essa poderia impressionar o brasileiro médio que já está acostumado a crer que o Estado é a sua única fonte de direitos. Além de natural, essa reação é absolutamente previsível, pois um povo tão dependente do Estado quanto o nosso não tem a capacidade necessária para compreender a luta dos cidadãos americanos contra a intervenção do governo em suas vidas. O cidadão brasileiro, com o seu jeito Macunaíma de ser, jamais compreenderia a luta travada pelo povo americano em prol das suas liberdades. O povo cujos ancestrais se atreveram a jogar o chá dos ingleses ao mar sob gritos de "no taxation without representation", sabe que o modelo proposto por Obama significará a destruição lenta e gradual da sua democracia, do american way of life e do sentimento de independência. Obama quer transformar o povo americano numa caricatura dos europeus; servos por excelência do Estado.

Nenhum comentário: