"A educação brasileira é feita de achismos e guiada por intuição. Não raro, a ideologia se sobrepõe à ciência, quando não à própria lógica".
Esta afirmação não é minha, mas sim do canadense Clermont Gautier. Ele esteve no Brasil recentemente para participar de um encontro organizado pelo Instituto Alfa e Beta, onde defendeu a sua tese. Se me permitem, não há nada de mirabolante na tese central de Gautier; é a simplicidade contida em suas assertivas que realmente nos interessa.
Com base em suas pesquisas, ele afirma que o ensino precisa ser "estruturado" para funcionar. Entenda-se por isso que, ao entrar numa sala de aula, o professor deve ter um "plano de vôo" em suas mãos. Somente assim o docente saberá de onde está partindo e em que lugar pretende chegar. Faz parte de um programa maior, com prazo para ser concluído. Tudo básico, mas pouquíssimo aplicado por aqui. Aliás, o que mais se vê no Brasil é o oposto: absoluta falta de clareza sobre o que se vai ensinar.
Essa ausência de norte vem aliada a um ardoroso culto ao construtivismo – que, segundo Gautier, só atrapalha. É coisa da década de 80 para cá, na América Latina de um modo geral. No Brasil, se sedimentaram sobre essa base teórica idéias como a de que é o aluno quem dita o ritmo e o próprio conteúdo das aulas, enquanto ao professor cabe o papel de mediador. Espera-se ainda da escola que ela seja um lugar agradável e prazeroso, sempre. Em seu périplo brasileiro, Gautier diz que se trata de um equívoco. Não apenas porque a experiência internacional mostra que o caminho para a eficiência acadêmica é contrário a esse – mas também porque as notas dos estudantes brasileiros são péssimas.
Durma-se com um barulho desses!
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