22 dezembro 2009

Os eco-chatos e seu mundo perfeito

O "homem-massa", de Ortega y Gasset, chegou ao poder e impôs sua ditadura do politicamente correto. Vivemos na era da chatice, em que a idiotice e a vulgaridade dominaram de vez a cena. Vivemos em uma verdade 'mediocracia' e o pior é que ela está em voga. Todos devem seguir o script dos medíocres, eco-chatos, pseudo-moralistas e etc. Afinal, é a era dos eufemismos, onde a realidade objetiva precisa ser obliterada para proteger os mais "sensíveis". Aqueles que não puderem se conformar, terão, no mínimo, que se resignar, pois nos tempos de hoje, ninguém pode se desviar do padrão definido. As diferenças incomodam, e muito, os coletivistas que são adeptos do igualitarismo.

Até mesmo o Papai Noel foi vítima dessa mentalidade obtusa. Sim! A inteligentsia não poupa ninguém; nem mesmo o bom velhinho. Enfim... Todos sabemos que a obesidade é um problema de saúde que atinge pessoas do mundo todo. O que nós não sabíamos é que um dos maiores culpados pelo IMC exagerado de uns e outros é o Papai Noel. Eu explico: Recentemente, o médico Nathan Grills, da universidade australiana Monash, publicou um artigo dizendo que a imagem atual do Papai Noel promove a obesidade e um estilo de vida pouco saudável. Para o médico, Papai Noel é um "pária da saúde pública" e seria melhor se ele fosse retratado sem aquele barrigão, sua marca registrada. O doutor Grills afirma que "uma figura tão conhecida em todo o mundo quanto a de Papai Noel tem o potencial de influenciar pessoas, especialmente as crianças, e transmitir a mensagem de que ser obeso é bom". Como não pensei nisso antes! O mundo de Caras precisa de um Papai Noel sarado e voui la, todos os obesos desapareceram como num passe de mágica. O doutro Grill prestou um grande serviço a humanidade provando que um mundo sem cirúrgias bariatricas e clínicas de reabilitação alimentar é possível.

Antes de comentar a lógica por trás desse brilhante raciocínio, permitam-me fazer uma breve digressão. Quando eu era criança, nos fartavamos de comer uns cigarrinhos de chocolate que vinham em maços. Uma cena como essa seria impensável hoje em dia. Chocolate, um inimigo público! E ainda por cima em forma de cigarro? Seria demais para o mundo moderno. As mentes iluminadas do nosso planeta diriam que as crianças vulneráveis seriam todas fumantes compulsivas. Nos dias de hoje, não há mais espaço para doces e guloseimas como os bons e velhos cigarrinhos. Nosso mundo mudou e se me permitem dizer, para pior! Os "junk foods", se tornaram alvo dos ataques dos chatos e os governos criaram "sin taxes" para encarecer tais produtos e inviabilizar o seu consumo. Pensar na possibilidade de que os próprios pais imponham limites aos filhos ensinando-os que não se deve viver apenas de Big Mac e Ovolmatine, é algo estranho demais para os engenheiros sociais, filhotes de Rousseau.

Para eles, a solução para todo e qualquer tipo de problema passa pelo controle estatal. Cabe ao governo cuidar de nossas crianças, tal como o modelo de Esparta, que séculos depois foi copiado pelos comunistas chineses. Dentro em breve, os vegetarianos pentelhos vão criar uma dieta saudável para todos. Como disse Luiz Felipe Pondé em um artigo recente,intitulado"O cadáver verde": "essa gente entediada costuma comer tudo em que aparece na bula a palavra 'orgânico'". A carne vermelha é o inimigo número um deles, não importa os dentes caninos afiados que a natureza lhes deu. Para esse povo, cortando a carne nós matamos dois coelhos numa só cajadada: temos uma alimentação mais "saudável", e menos vacas soltando pum, o que colabora para a redução do monóxido de carbono.

Por mim, tudo bem. Que comam aquilo que desejarem. Mas que deixem os outros em paz! Eis algo que os autoritários não toleram, a despeito de toda retórica: diversidade. Eles precisam abraçar cruzadas morais para salvar as almas alheias. Somente assim se sentem importantes, nobres altruístas, aplacando um pouco seu complexo de inferioridade. Em nome da diversidade, essas pessoas lutam por uma total uniformidade. Querem um mundo de gente igualmente chata, todos pregando as mesmas bandeiras politicamente corretas. Já estou vendo o dia em que até contar piadas de gays, negros judeus e portugueses será crime por aqui!

Como disse David Friedman, parte da liberdade é o direito de cada um ir para o "inferno" à sua maneira. Infelizmente, o "homem massa" não pode conviver com um pensamento assim, pois ele não aceita a liberdade individual e vive em prol do bem comum. Para ele, tudo deve ser "democrático". Devemos lutar pela "igualdade", mesmo que a natureza tenha sido bastante desigual na hora de distribuir talentos, habilidades, beleza e saúde. O paraíso do "homem massa" é um mundo com tudo reciclado, pessoas vestindo roupas parecidas sem grife e andando de bicicleta para cima e para baixo. A Utopia de Thomas More ou a Cidade do Sol de Campanella. Todos com bastante consciência ecológica e disposto a salvar o planeta da sanha dos capitalistas ganaciosos de cartola. Essa gente ama a natureza virgem, embora viva no seio das grandes cidades. E pensar que bastaria jogar esses naturebas um dia, um único dia, na selva hostil ,para voltarem chorando para o conforto da civilização urbana...

E já que estamos falando neste assunto, até mesmo o melhor amigo do homem virou alvo desses chatos. Segundo eles o cão contribui para o "aquecimento global". O Fantástico embarcou nessa histeria patética e fez uma reportagem sobre o assunto. Quando soube disso, pensei na música "Rock da Cachorra", escrita por Leo Jaime e cantada por Eduardo Dusek, que dizia "troque seu cachorro por uma criança pobre". A versão atual seria "troque seu cachorro por uma plantinha nobre". O planeta pode derreter a qualquer momento, dizem os seguidores do profeta Al Gore. Se ao menos cada pessoa plantar uma árvore e deixar o carro na garagem... Aí sim, Al Gore poderia continuar viajando para todo lado em seu jato com consciência limpa. Vivemos na era da hipocrisia.

Estamos diante de uma verdadeira "rebelião dos idiotas". O desabafo pode parecer despropositado com base apenas no ataque à pança de Papai Noel, mas se trata no fundo de um acúmulo de coisas pregadas atualmente. Que mundo mais chato nós vamos deixar para nossos filhos!

Ps.: Por favor, não tentem me comover com aquela imagem ridícula do urso polar boiando a deriva num blogo de gelo. Os únicos ursos polares que tinham a capacidade de me comover era aqueles que apareciam no comercial da Coca Cola. Infelizmente, estes já foram todos extintos.

Nenhum comentário: