Esta semana o Fantástico exibiu uma reportagem com Geyse Arruda, a garota agredida na Uniban. No vídeo, podemos ver o "vestido vermelho" que foi o pivô dessa confusão toda. É de bom gosto? Não é! Adequado a uma instituição de ensino? É óbvio que não! Mas daí a ofender a moral dos estudantes transformando-os em verdadeiros linchadores? Valha-me Deus!
A reportagem do Fantástico mostra cenas de uma outra aluna sendo agredida após ter se nagado a participar de um protesto de estudantes. Nas imagens, podemos ver a turba enfurecida avançando sobre o carro da moça. Isso aconteceu em abril. e, pelo que se nota, de lá para cá pouca coisa mudou. A aluna agredida se afastou da universidade e ninguém, absolutamente ninguém, foi punido.
É assim mesmo, desde os idos da ditadura militar esse pessoal - como direi? - revolucionário e engajado na melhoria do sistema de ensino, trata com desdem e violência os que ousam discordam das suas idéias. Quando fizeram aquela manifestação de protesto em função da morte do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, em 28 de março de 1968, eles, os engajados, se intitularam "os cultos", já os dissidentes... Eram os alienados! Pode haver demonstração de tolerância maior do que essa? Já dizia Dostoievsky: "o grau de democratização de uma sociedade deve ser medido pela forma como os seus dissidentes são tratados". Xiii... Se for assim, estamos indo de mal a pior!
Mas vamos voltar ao caso da aluna que foi agredida pelos machos-alfa da Uniban: o Fantástico perguntou ao reitor da universidade se esses alunos podem ser expulsos da faculdade; vejamos o que ele respondeu.
"No momento, eu não estou enxergando esse nível ou essa proporção. O que a comissão de sindicância está apurando até agora é que o incidente foi extremamente localizado", conta o Vice-reitor da Uniban, Ellis Wayne Brown. Sobre a agressão sofrida pela estudante de educação física, mostrada no início da reportagem, a universidade argumenta: "Toda vez que se instala um campus. A primeira coisa que aparece é um monte de barzinho em volta. Há uma movimentação muito intensa e a maior parte não é ação dos alunos".
Das duas uma: ou o senhor Ellis Wayne Brown não sabe português ou sabe, mas não dá a mínima para aquilo que diz. Se o incidente foi localizado, como ele afirma, fica ainda mais fácil expulsar. os alunos envolvidos. O diabo é que, infelizmente, não foi um incidente localizado.
De quebra, o reitor da universidade afirma que ainda "não está vendo motivos para expulsão"? Ora, o que é preciso fazer para ser expulso da Uniban? A pergunta é relevante, porque as imagens deixam claro que agredir, ameaçar de estupro, achincalhar, molestar, humilhar e etc, é permitido.
Como se não bastasse, o vice-reitor culpa os bares à sua volta. É mais um desses fatalistas trágicos que acreditam haver forças superiores às quais alguns homens não podem resistir: e o boteco é uma delas. Ele certamente vive a ilusão de que, se os bares no entorno de sua universidade fossem proibidos, aquela selvageria não aconteceria. Isso significa que ele elegeu um oponente preferencial para os cursos que ministra lá: eles concorrem com o boteco. E, a julgar pelo seu juízo, com desvantagem: Boteco 1 X Uniban 0.
Lamento, mas o placar parece falso. Desconhecem-se cenas de selvageria nos bares que cercam a Uniban. Mas, no ambiente da universidade, há casos cabeludos. A postura do vice-reitor, creio, pode explicar por que aquelas cenas aconteceram e, infelizmente, podem voltar a acontecer.
Algo de muito ruim se passa na Uniban. E, intuo, não é só lá. O que será que seus, como chamarei?, consumidores entendem que seja exatamente uma universidade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário