19 junho 2009

Métodos de ensino para a educação domiciliar

Há esta altura, você deve estar se perguntando: mas e o convívio social adquirido nas escolas; não é prejudicado? Para muitas pessoas, a escola domiciliar traz à mente a imagem de três ou quatro crianças sentadas em volta de uma mesa de cozinha escrevendo freneticamente nos cadernos enquanto a mãe fica por perto ditando os exercícios. Por mais que isso aconteça em alguns lares, não há um programa de educação familiar pré-definido no qual possamos nos fiar. Com tantas filosofias e escolas de pensamento sobre o tema, é impossível dizer com exatidão o número de métodos ou programas à disposição nos dias de hoje.

Vamos dar uma olhada em alguns desses métodos:


Aprendizado domiciliar estruturado

Também conhecido como "Escola em casa" ou método "Tradicional", isso é exatamente o que parece ser: um ambiente similar ao que o estudante encontraria em uma escola tradicional. Os pais fazendo o papel de "professor", utilizam um conteúdo programático que se aproxima ou é idêntico ao que o aluno estaria seguindo em uma escola tradicional pública ou privada. Com este método, os pais podem comprar o pacote de materiais de acordo com o conteúdo programático, incluindo tudo, desde o caderno escolar do aluno e do professor até as guias das tarefas, cadernos de exercícios e testes.


Formação educacional clássica

Este método se baseia em dois princípios fundamentais:

  • Há três fases ou estágios de aprendizagem, conhecidos como trívio, que dependem uns dos outros:

- Gramática: alunos com "idade para aprender gramática" se concentram na memorização e coleta de fatos.

- Lógica: alunos com "idade para escola intermediária" se concentram no pensamento crítico: colocando os pedaços de informação que colheram dentro de um contexto.

- Retórica: alunos do "ensino médio" avaliam as informações que são capazes de formular uma discussão articulada a partir dessas informações.

  • Essas fases de aprendizagem são concentradas na linguagem e dependentes da palavra escrita e falada, contrariamente ao aprendizado com base em imagens que utiliza imagens paradas e em movimento (tais como fotos, vídeo ou filmes).

Para uma explanação minuciosa deste método de estudo, e como implementá-lo, consulte o livro "The Well-Trained Mind: A Guide to Classical Education at Home", de Jessie Wise e Susan Wise Bauer.


O método Montessori

Baseado nas pesquisas e textos de Maria Montessori, este método enxerga a criança como um professor e como um aluno. O aprendizado é visto como um processo natural e autodirigido. Os princípios deste método se concentram no que Montessori chamou de a "mente absorvente". A criança é livre para aprender em seu próprio ritmo, interagindo e respondendo ao ambiente. O parente ou professor, agindo como "guardião do ambiente", tem a função de criar uma situação sedutora para encorajar a criança a explorar e reagir com o ambiente à sua volta. Para alunos bem jovens, isto inclui até o fornecimento de ferramentas de aprendizagem do mesmo tamanho da criança, como cadeiras e mesas pequenas. O trabalho de Montessori, "O método Montessori", pode ser visto no site da Biblioteca Digital da Universidade da Pensilvânia (em inglês).


Método Charlotte Mason

Este método se baseia nos princípios de ensino de Charlotte Mason. Esses princípios estão descritos no trabalho de seis volumes, "The Original Home Schooling Series", de Charlotte M. Mason. Além dos assuntos centrais padrão, o estudo de belas artes e da natureza é integrado. O elemento que se destaca neste trabalho, entretanto, não tem muita relevância no método de ensino e sim nos testes aplicados para testar o conhecimento adquirido. Em vez de usar um formato de teste padrão de perguntas e respostas, um processo chamado de "narração" para quantificar a aprendizagem é utilizado. A autora Catherine Levison o explica desta maneira:

Pedimos à criança que nos conte tudo o que sabe a respeito do Canadá, da polinização, do sistema endócrino, da divisão polinomial ou qualquer outro assunto que estudamos naquele dia ou no ano inteiro. Isto ajuda os pais a saber imediatamente se sua criança entendeu e compreendeu os materiais com os quais está trabalhando. O ponto principal é que você não pode narrar aquilo que não sabe e só consegue narrar o que realmente sabe.


Método Waldorf

O método Waldorf se baseia nas pesquisas e trabalhos do cientista austríaco Rudolf Steiner. Preocupado em educar o que ele chamou de "criança completa," Steiner enfatizou uma variedade de tópicos criativos que as escolas tradicionais geralmente consideram acessórios, tais como belas artes (pintura, música e teatro), idiomas estrangeiros, costura e até jardinagem. O estágio de desenvolvimento dos alunos dita os objetos de estudo e trabalhos em classe. Algumas pessoas se referem a isto como o método da "cabeça, coração e mãos".


Estudos de unidade

Os estudos de unidade podem ser considerados como o método de aprendizado escolar domiciliar multi-tarefas. Um tópico ou tema específico é desenvolvido através de várias áreas acadêmicas e pode se estender de uma semana a um semestre inteiro. O tópico ou tema pode ser qualquer coisa desde o livro de uma série (como "Harry Potter") até um feriado, um esporte ou um animal. Então, esse tema é desenvolvido através de vários assuntos como história, literatura, matemática e ciência. Este método pode ser bastante ativo e os pais podem fazer com que o aluno ajude a decidir quais atividades serão incorporadas à unidade de estudo: realização de experiências, criação de linhas de tempo, visita a museus, pesquisas em bibliotecas, leitura de livros, programas ou documentários especiais na TV e assim por diante.


Sem escola

Também conhecido como "aprendizado direcionado à criança" e "aprendizado natural", o termo "sem escola" foi originalmente usado pelo autor John Holt. Este método é exatamente o que expressa: não há escola. Para seguir este método, você pega tudo o que sabe a respeito de escolas: a programação rígida, as atividades direcionadas pelo professor, o livro escolar e assim por diante, e esquece.

O método sem escola talvez seja a progressão mais natural dos fundamentos do aprendizado escolar domiciliar que os pais já desenvolveram com seus filhos. O aprendizado simplesmente permanece como parte natural do dia, todos os dias. A criança decide o que quer fazer a cada dia, seja ir à biblioteca ler livros sobre baleias ou realizar experiências científicas na cozinha o dia inteiro.

À medida que as crianças não escolarizadas ficam mais velhas, elas podem integrar aulas e seminários externos à sua programação. O ponto-chave aqui é que o próprio aluno gerencia a programação e deve fazer os arranjos necessários para que essa programação seja cumprida. Como um aluno sem escola coloca, "Eu planejo o que faço, portanto, tenho um impressionante senso de comprometimento com o que estou fazendo. Ao invés de receber ordens sobre o que e quando fazer e simplesmente ser jogado de lá para cá, de atividade para atividade, eu posso escolher". Com essa escolha, vem a responsabilidade do planejamento da logística e da integração da programação do aluno à programação maior da família, fazendo desta a lição fundamental para o gerenciamento do tempo.

Os pais estão por perto para dar suporte, ajudando a manter ou incentivar um ambiente de aprendizagem positivo e enriquecedor, respondendo perguntas e atuando com idéias. Mas, essencialmente, é a criança que está no comando.

Enfim, existe uma infinidade de métodos de ensino domiciliar a disposição dos pais e alunos, mas para não alongar ainda mais este artigo, decidi expor apenas os mais conhecidos.

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