06 julho 2010
Comentários sobre as ideologias na História Moderna e sobre a necessidade de se investir num processo de nacionidade europeu, de modo a sedimentar a integração européia
05 julho 2010
A República dos Custos Altos (estatísticas)
http://bit.ly/97zZMM
Ex-presidentes do Brasil custam R$ 3,3 milhões por ano
A diferença entre Monarquia e República (uma anedota)
01 junho 2010
A arte da embromação
Há algumas semanas o governo anunciou que vai cortar R$10 bilhões nos gastos orçamentários. A mídia, obviamente, caiu no conto do vigário e divulgou a noticia com fidelidade canina. Ninguém questionou nada, ninguém comentou nada.
A notícia é boa? Seria ótima se fosse verdade. O fato é que estamos diante de uma empulhação grotesca.
Até onde se sabe, a palavra "corte" deveria significar exatamente isso: cortar gastos, reduzir o nível das despesas, fazer com que o orçamento deste ano seja menor que o do ano passado. Um sujeito acostumado a gastar R$ 3 mil por mês estará cortando gastos caso passe a gastar R$ 2 mil reais por mês. Isso, sim, é um corte real de gastos.
E o que o governo propõe? Simples. Reduzir os gastos previstos para esse ano, que são maiores que os do ano passado.
A vigarice funciona assim: no ano passado, a despesa total foi estimada em R$ 1.664.747.856.320,00. Para esse ano, o orçamento previsto, é de R$ 1.832.823.010.022,00. Ou seja: um aumento de módicos R$ 168.075.153.702 de um ano para o outro.
E o que o governo está dizendo? Que vai cortar 10 bilhões desse aumento de 168 bilhões. Ou seja: o tão propalado corte de gastos significa na verdade um aumento de gastos um pouco menor que o previsto. E a imprensa, burra como ela só, caiu na conversa dos governistas!
Aposentados
Enquanto isso, o governo segue contigenciando custos em áreas em que não deveria contingenciar. Como, por exemplo, a previdência social. Pouco antes do senado aprovar o aumento de 7,7% para os aposentados, a candidata petista Dilma Rousseff, anunciou que o governo poderia vetar o aumento para manter o equilibrio das contas públicas.
Agora, os petistas acenam com uma nova reforma previdenciária que aumentaria ainda mais o período de contribuição dos cidadãos.
A pré-candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, defendeu ontem um aumento no tempo de contribuição para a Previdência.A petista sugeriu que a terceira idade seja estendida "um pouco mais para lá", mas depois recuou e disse apenas que medidas terão de ser tomadas nesse campo, sem se comprometer com propostas específicas."O tal do bônus demográfico nada mais é do que isso: a sua população em idade ativa é maior que sua população dependente - jovem, criança e velho. Mas a terceira idade, a terceira idade está ficando difícil... A gente vai ter que estender ela um pouco mais para lá", disse.Questionada se, caso eleita, proporia a contribuição por mais tempo, Dilma recuou, dizendo que se referia à própria idade -ela tem 62 anos. "Eu acho sempre que vai ter de haver, você vai ter de olhar a questão etária do país e tomar providências para isso", acrescentou. (Continua, para assinantes).
Nas barbas da justiça
O PT descobriu que o crime eleitoral compensa e que pode continuar usando impunemente a máquina e Lula na propaganda da candidatura oficial.
A demora do tribunal em analisar o caso adiou a punição para 2011 e permitiu que o PT exibisse cenas eleitorais ainda mais explícitas que as condenadas pelo TSE. Ao lado de Dilma, Lula apontou sua candidata como a responsável pelo sucesso do governo e sugeriu que ela é a única capaz de continuar sua obra. O programa foi visto por mais da metade dos brasileiros que estavam com a televisão ligada. "A relação custo-benefício do desrespeito à lei foi totalmente favorável ao PT", diz Alberto Rollo, especialista em legislação eleitoral. O desprezo que se vê às regras eleitorais não pode ser creditado apenas à notória lentidão da Justiça. Pela legislação em vigor, as campanhas começam somente em julho, depois das convenções partidárias que oficializam os candidatos. Antes disso, como não há candidato, também não há punição para quem infringir a lei, como Lula e a campanha de Dilma vêm fazendo. Ou seja, além de lenta, a Justiça é frouxa na hora de punir. A maior pena já aplicada por campanha antecipada, de 20 000 reais, é irrisória se comparada ao que está em jogo em uma campanha presidencial.
A prova de que crime eleitoral compensa pode ser vista no comportamento do presidente da República. Nos últimos dois anos, Lula participou de mais de 400 eventos públicos. Dez resultaram em investigação do TSE. Cinco já foram arquivados, três ainda não foram analisados e dois levaram o tribunal a multar o presidente. Nesse período, porém, Dilma deixou de ser uma desconhecida do eleitorado para se tornar uma candidata viável, com quase 30% das intenções de voto. Ou seja, a antecipação da campanha, apesar de criminosa, foi vital para a candidata de Lula. Na semana passada, um dia antes de o TSE condenar o PT a uma pena sem efeito, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos e o advogado-geral da União Luís Adams se reuniram para avaliar os riscos da associação entre o presidente e a campanha do PT. Concluíram que, por enquanto, não há problema incontornável. A preocupação deve aumentar apenas depois de a candidatura de Dilma ser lançada oficialmente, em junho.
Ao se levar a avaliação dos advogados ao pé da letra, tudo indica, portanto, que Lula seguirá usando o cargo em benefício de sua candidata. As próximas pesquisas de intenção de voto é que vão dizer se a lei será mais ou menos respeitada. O ministro do TSE Marco Aurélio Mello é um dos mais incomodados com as ilegalidades. Ao votar pela punição ao PT na semana passada, ele anotou: "Confesso que, tendo pisado neste tribunal em 1991 e tendo assumido a presidência em duas eleições, jamais me defrontei com algo tão escancarado".
21 maio 2010
Dilma e o discurso feito sob medida para os bocós do grotão lulista
do blog do Reinaldo Azevedo
Em Nova York, falando a investidores, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou que as virtudes da economia brasileira se devem às conquistas do Brasil NOS ÚLTIMOS 20 ANOS. Há exatos oito dias, no horário político do PT, ficamos sabendo, ao contrário, que o Brasil era um desastre antes da chegada de Lula à Presidência.
Uma coisa é o que o PT fala para os trouxas aqui dentro; outra é o que diz a investidores lá fora, que não têm tempo a perder com bravatas ou disposição para conversa mole. Não é a primeira vez que eles agem desse modo, não.
Em fevereiro do ano passado, o governo brasileiro, por intermédio de estatais, publicou um anúncio, na forma de reportagem, de 10 páginas na revista americana Foreign Affairs. A Petrobras, o BNDES e a Embratur pagaram a conta. O texto cobria a gestão Lula de elogios, destacava a atuação de Henrique Meirelles e, naturalmente, cantava as glórias de Dilma Rousseff. MAS ELOGIAVA, SIM, O GOVERNO FHC. Leiam um trecho:
"Os bancos brasileiros são sólidos e lucrativos graças à estabilidade criada pelo antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso. De maio de 1993 a abril de 1994, FHC, como ele é conhecido, foi ministro da Fazenda do Brasil e introduziu o Plano Real para acabar com a hiperinflação. Embalado pelo sucesso de seu plano, ele foi eleito presidente em 1994 e reeleito quatro anos mais tarde. Cardoso foi sucedido em 2003 por Lula, que também foi reeleito; o mandato atual de Lula vai terminar em 2011".
Por que isso? Porque as pessoas que entendem do riscado sabem quem fez o quê. Dilma, agora, volta a reconhecer que Lula não inventou a roda. Isso quer dizer o seguinte: o discurso estúpido do "nunca antes na história destepaiz" foi feito sob medida para enganar os bocós do grotão lulista.
20 maio 2010
Porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa
O famigerado vídeo pode ser assistido lá no alto. Ele expõe um flagelo comum a todos os governos, não apenas à gestão Lula. A película conta, passo a passo, a trilha que o prefeito tem de percorrer para obter verbas federais. Primeiro, o prefeito tem que recolher as demandas dos munícipes. Depois, precisa contatar seus aliados no Congresso, aguardar a aprovação de emendas no Orçamento da União, viajar para a Capital Federal "uma, duas, três vezes" para obter a liberação das verbas e por fim, entregar uma montanha de documentos na Caixa.
Na versão do vídeo, a primeira parcela da emenda parlamentar é retida. Exige-se do prefeito que renuncie a ações judiciais em que questiona dívidas com a União. Dívidas que, no dizer dos prefeitos, não existem ou já deviam ter caducado. Quem se submete a levar a primeira parcela da dívida, inicia a obra. Mas a bucrocia estatal não termina por aí! De súbito, o governo federal segura a segunda parcela e o prefeito se vê compelido a pagar à empreiteira com recursos das arcas municipais. No final, o prefeito é algemado e empurrado para dentro de um camburão.
Segue-se um letreiro com os nomes das diversas operações da Polícia Federal que resultaram em acusações de corrupção contra prefeitos e fim da exibição. Como podemos ver, o vídeo expõe um circuito que, entra governo, sai governo, é marcado pelo malfeito e só mesmo a assessoria da candidata petista para enxergar uma peça oposicionista em sua exibição.
A visão exposta na peça é simplória. O prefeito, de fato, é submetido a um calvário burocrático. Mas o grosso da corrupção não nasce aí. Começa na formação do caixa da campanha, cresce no relacionamento promíscuo do prefeito com o congressista, Viceja nas dobras de licitações manjadas de obras superfaturadas, prossegue no "quanto é que eu levo nisso" dos gabinetes da Esplanada e termina no grande "racha" que tunga as verbas que o Estado vai buscar no bolso do contribuinte brasileiro.
Ficou boiando no ar uma pergunta incômoda: por que diabos a turma de Dilma vetou o vídeo? E não adianta dizer que eles não tiveram nada a ver com isso, pois às 17h32 desta quarta (19): O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, confirmou que a assessoria de Dilma havia vetado a exibição do vídeo.
Estou dizendo isso porque agora há pouco eu estava comentando com a minha namorada o infeliz episódio envolvendo o candidata tucano, José Serra, numa coletiva de imprensa. Segundo ela, a pergunta que fizeram ao candidato tucano se assemelhava a tentativa dos prefeitos de exibir o vídeo que mencioneu acima. Nas linhas que se seguem, vou demonstrar que não há nada em comum entre os dois episódios, exceto, talvez, a tentativa dos candidatos de se fazerem de vítimas todas as vezes que se deparam com algo capaz de por em xeque a sua credibilidade junto aos eleitores brasileiros.
Bom, voltemos a coletiva de imprensa com o candidato tucano, José Serra: Em um dado momento da entrevista, um reporter da Rádio Nacional, que pertence à Empresa Brasileira de Comunicação, pergunta ao candidato tucano se ele pretende acabar com o Bolsa Família. Quando indagado sobre a origem dessa informação, o reporter desconversa e, segundos depois, repete a mesma pergunta. Essa Empresa Brasileira de Comunicação é chefiada por Tereza Cruvinel, que por sua vez, obedece às ordens de Franklin Martins. Sendo assim, é um repórter cujo salário é pago com o dinheiro do contribuinte. Trata-se, portanto, do dinheiro público sendo usado para fins privados. Mas,infelizmente, nem todos os brasileiros conseguem compreender o absurdo que há por trás disso.
Como se não bastasse, a afirmação de que Serra pretende acabar com o Bolsa Família é falsa e carece de crédito até mesmo entre aqueles que estão menos comprometidos com a pré-campanha dos candidatos para a eleição que se avizinha. O reporter que fez a pergunta sabe disso, mas na certa estava fazendo aquilo que lhe foi recomendando pelos seus patrões. O nome disso é terrorismo eleitoral, não indagação jornalística. E sendo o repórter funcionário de uma emissora pública, a coisa fica ainda mais grave, pois se transforma em uma variante da mobilização da máquina oficial contra o candidato da oposição.
Serra já afirmou uma, duas, dez vezes que, se eleito, vai fortalecer o programa. Considerando a sua tragetória política, podemos dizer que não há nenhum indício de que ele esteja mentindo. Vejamos o que é o Bolsa Família? Um programa do governo petista que reuniu várias "bolsas" criadas pelo governo psdbista. Para falar a verdade, o único mérito que Lula teve na confecção do programa foi ter sido capaz de usar a mineirice do ministro da integração nacional, Patrus Ananias, para apresentar um produto velho em um pacote novinho em folha. Dito isso, vamos a pergunta que não quer calar: Por que José Serrá iria querer acabar com uma coisa que teve início no governo do qual ele fez parte? Maluquice? Destrambelhamento? Não sei! Isso só faz sentido no imaginário dos petistas.
Creio que a primeira diferença entre o vídeo que seria apresentando na reunião dos prefeitos e a pergunta sem nexo da qual José Serra foi vítima, está bastante clara: uma faz parte de uma iniciativa independente que contou com o opoio de todos os partidos e da iniciativa privada e a outra faz parte de um jornalismo subvencionado pelas verbas públicas que milita em prol de uma candidata. Mas e a segunda diferença? Calma, já chegamos lá...
A segunda diferença é, a meu ver, a mais grave. O vídeo que foi, sem ter sido, narra a tragetória de um prefeito às voltas com uma série de problemas reais. Pode até ser um relato muito simplista e, se me permitem dizer, com um quê de comédia dos costumes. Mas o fato é que os problemas ali apresentados são reais! E a pergunta que o jornalista da Radio Nacional fez ao José Serra? Está apoiada em quê? Suposições? Ora, o jornalismo não pode se pautar por suposições e ilações. Ele deve ter algo em que possa se fiar. Nesse caso, o que será? Alguma ata do PSDB revelando as suas intenções de acabar com o Bolsa Família? O comentário de um deputado ou senador do partido? Uma declaração do próprio Serra? Não, meu querido leitor! Não há nenhum indício de que o PSDB realmente esteja querendo acabar com o Bolsa Família. Isso é apenas um boato que vem sendo repercutido, ad nauseam, pela imprensa militante que trabalha para favorecer o partido.
Já imaginaram o que poderia acontecer se ao invés de investigar, a imprensa resolvesse aderir ao modo Franklin Martins de fazer jornalismo e passar apenas a insinuar? O resultado seria mais ou menos assim:
- Candidata Dilma, ouvi dizer que a senhora ficou com uma parte do dinheiro que foi roubado do cofre de Adhemar de Barros, isso é verdade?
Reparem que estou sendo gentil, pois Dilma pertenceu ao comando da organização que arquitetou o assalto à casa de Adhemar de Barros, em Santa Teresa e Serra... Bem, Serra nunca deu qualquer pista de que poderia acabar com o Bolsa Família.
Pode-se ainda perguntar a Dilma:
— É verdade que a senhora participou do assalto ao banco Andrade Arnaud, no Rio, feito por sua organização, episódio em que morreu o comerciante Manoel da Silva Dutra?
Sim, eu sei que ela já disse não ter participado de nada disso, embora pertencesse ao comando da organização. Mas, vocês sabem, uma pergunta é só uma pergunta. Imaginem um repórter da, sei lá, TV Cultura a fazer uma indagação dessas à candidata do PT. O mundo desabaria. E os colunistas engajados na mais pura isenção certamente ficariam indignados.
Aliás, Dilma diz que não mudou de lado, não é? Então aí vai outra:
— A senhora ainda é comunista ou renegou o passado?
Não é a primeira vez que um "repórter" ligado a veículo público faz uma pergunta "motivada" por uma fonte escusa. O que nos faz indagar: até quando vamos nos sujeitar a isso? Já não há ilegalidade demais nessa campanha?
14 maio 2010
A Espera de Godot?
Lula é um homem inteligente, não nego, mas por alguma razão misteriosa, prefere aprender como os índios (de ouvido), a passar algumas horas na Biblioteca do Palácio da Alvorada. É graças a esse péssimo hábito, de dar ouvidos ao que dizem os nambiquaras instalados no Itamaraty, que a nossa política externa se converteu nesse amontoado de besteiras marcadas pelo antiamericanismo mais rastaquera.
Haja vista o episódio mais recente protagonizado pelo nosso presidente, na Rússia. Em uma coletiva de imprensa, marcada pelas perguntas relacionadas ao Irã, Lula resolveu discursar acerca das relações do Ocidente com o Oriente Médio e desandou a falar sobre a invasão da Rússia [sic] ao Afeganistão.
No país de Dostoievski, autor do célebre “Os Idiotas”, Lula desempenhou o papel de um rotundo idiota. Mas por que, Thiago? Ora, não foi a Rússia que invadiu o Irã, mas sim a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Pode parecer bobagem, mas há uma diferença e tanto entre as duas coisas. Esse pequeno tropeço histórico fez com que o presidente russo, Dmitri Medvedev, encerrasse a entrevista aos atropelos.
Fico imaginando o que um homem como Lula, que sequer atinou para o fato de que o Afeganistão não fica no Oriente Médio, pretende fazer para selar a paz na região? Não estou querendo menosprezar a importância do nosso presidente no cenário internacional, mas é preciso salientar que outros, tão ou mais populares do que ele, já se dispuseram a mediar o conflito e avançaram pouco ou quase nada.
O Oriente Médio não está à espera de um Godot salvador capaz de solucionar os seus problemas e, ainda que estivesse, Lula não seria o escolhido para desempenhar esse papel. Os iranianos, que não são bobos, estão se aproveitando da política externa translocada do nosso país para ganhar tempo e, num futuro próximo, se converter numa nova Coréia do Norte. Verdade seja dita, não falta muito para isso, pois o país dos aiatolás é tão severo no trato com os dissidentes políticos quando a de Kin Jon Il.
13 maio 2010
Erros da Câmara impõem prejuízo aos aposentados
Do blog do Josias de Souza
Os aposentados ficaram sabendo, na noite de terça-feira (11), que a Câmara lhes pregara uma peça. Os deputados haviam cometido um erro trivial no projeto que eleva o valor das aposentadorias.
A proposta que saíra do plenário na semana anterior continha dois percentuais de reajuste: Num artigo, anotava 7%. Num parágrafo, 7,72%. A pretexto de corrigir a lambança, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), recorreu a uma manobra.
Em “correção” de última hora, Temer apagou do texto o percentual menor. Manteve os 7,72%. E enviou o projeto ao Senado. Pois bem, descobriu-se nesta quarta (12) que, entre o certo e o errado, há sempre espaço para mais erros na Câmara.
Mesmo depois da alteração feita por Temer à margem do plenário, o projeto continuou apinhado de equívocos. Se mantidos, os desacertos vão impor perdas financeiras aos aposentados. Vai abaixo um resumo da encrenca:
1. Temer adotou o aumento de 7,72%, mas manteve no projeto o teto previdenciário que considera o reajuste de 7%: R$ 3.444,22.
2. Aplicando-se os 7,72%, o teto deveria ser de R$ 3.467,40. Ou seja, só nesse tópico, os aposentados foram tungados em R$ 23,18 por mês.
3. Parece pouco, mas, projetada no tempo e suprimida dos cálculos de reajustes futuros, a cifra deixa de ser negligenciável.
4. Não é só: o projeto está repletos de erros também numa planilha que carrega como anexo.
5. Essa planilha contém os percentuais de reajuste conforme a data da concessão das aposentadorias.
6. Quem se aposentou até fevereiro de 2009, recebe o aumento integral: 7,72%. A partir daí, o percentual vai sendo reduzido mês a mês.
7. De março de 2009 em diante, os cálculos estão todos equivocados. Sempre em prejuízo dos aposentados. A perda aumenta conforme evolui o calendário.
8. O brasileiro que se aposentou em março de 2009, por exemplo, deveria receber aumento de 7,39%. Pela planilha, receberá 7,31%. Tunga de 0,08%
9. O aposentado de abril de 2009, deveria embolsar reajuste de 7,31%. A planilha dá-lhe 7,18%. Perda de 0,14%. E assim sucessivamente.
10. O dano começa em 0,08% no mês de março e chega a 0,80% em dezembro de 2009.
11. Submetidos à proposta lesiva, os senadores podem agir de duas maneiras. Ou aprovam tudo como está ou modificam o teto previdenciário e a planilha.
12. Aprovando com os erros, darão a Lula justificativa adicional para vetar o projeto. Modificando, terão de enviar a proposta de volta para a Câmara.
13. Se optarem pela segunda hipótese, os senadores estarão como que condenando os aposentados à ausência de reajuste.
14. Por quê? A encrenca das aposentadorias chegou ao Congresso a bordo de uma medida provisória de Lula. Um documento cuja validade expira em 1º de junho.
15. Devolvida à Câmara, ainda que corressem contra o relógio, os deputados não teriam tempo de votar antes do prazo fatal.
16. Líder de Lula na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) cogitou recorrer contra a alteração redacional promovida por Temer no projeto.
17. Antes, Vaccarezza questionou Temer, no microfone do plenário, acerca dos erros que sobreviveram na proposta.
18. Em resposta, Temer reconheceu, primeiro, que os erros, de fato, existem. Depois, admitiu que o problema não é de redação, mas “de mérito”.
19. Significa dizer que, havendo alterações no Senado, a proposta terá mesmo de retornar à Câmara.
20. Diante dessa resposta, Vaccarezza decidiu dar meia-volta na decisão de recorrer contra o “ajuste” de Temer.
21. Concluiu que é mais negócio para o governo deixar que os senadores descasquem o abacaxi. Se a medida provisória expirar, Lula editará outra.
22. A nova MP virá não com os 7,72% pretendido pelos congressistas, mas com os 6,14% propostos originalmente pelo governo. Na melhor das hipóteses, Lula comete a benevolência de conceder os 7% que Vaccarezza tentara, sem sucesso, negociar.
10 maio 2010
As carpideiras
Estamos vivendo dias de madalenas arrependidas. Os jornais têm as páginas coalhadas de críticos do PT, mas quando olhamos suas biografias... Surpresa! Os críticos mais ferozes são justamente aqueles que ajudaram a fundar o partido; ativistas cujas barbas embranqueceram na militância e que só adiquiriram auguma relevância no cenário político brasileiro graças ao PT. O fato dos ratos estarem dando no pé é um sinal inequívoco de que o barco está afundando. Que o diga a revista Veja, que vem promovendo uma verdadeira guerra contra aqueles que até outro dia, se julgavam os únicos portadores autorizados da bandeira da ética.
- É que o partido, ao tomar o poder, mudou – gemem as madalenas.
Mudou coisa nenhuma! Como Dutra ressaltou em sua entrevista, o partido nunca teve uma identidade política definida. Sua sobrevivência sempre dependeu, e continua a depender, do seu caráter fisiologico. Desde sua origem, a legenda petista exibe um vasto leque de salafrários, que vai desde católicos a trotskistas, passando por marxistas soviéticos, maoístas, polpotistas, castristas... Enfim, todo aquele rebotalho do século passado.
A união de pessoas com pontos de vista tão distintos só pode ter acontecido em função de um único objetivo: a conquista do poder. Acontece que o partido chegou lá e agora fará de tudo para não ter que largar o osso. Encurralados pelas sutilezas da democracia representativa, os petistas não se pejam de acionar a máquina colossal do Estado para esmagar seus desafetos. Nem mesmo um simples caseiro, que teve a desgraça de ser testemunha das reuniões da máfia petista, foi poupado o que dirá aquelas pessoas digamos, mais audaciosas e cheias de si mesmas.
Em geral, as carpideiras são as viúvas do muro de Berlim que hoje atacam o partido com uma fúria ímpar, porque não admitem o desvio de tragetoria dos seus líderes. Ocorre que essas pessoas não podem alegar que se enganaram e afetar uma suposta indignação contra tudo isso que está aí, pois Lula e o seu partido são apenas um reflexo, pra lá de embotado, do socialismo do século passado. Além do mais, mesmo naquela época os dirigentes socialistas não eram exemplos de lisura. As primeiras denúncias da tirania e da corrupção soviética surgiram em 1929, com Panaïti Istrati. Continuaram nos anos 30, com Koestler, Orwell, Camus, Gide, Sábato, Ignazio Silone, Richard Wright, Louis Fischer, Stephen Spender e outros tantos, que foram imediatamente denunciados pelos comunistas como agentes do imperialismo. A denúncia maior ocorreu em 1949, com a affaire Kravchenko. Em 1956, há mais de 50 anos, tivemos o relatório Kruschev. Naturalmente, nem todos os petistas estão, como direi... Carpijando cadáveres. Alguns estão felizes com os rumos do seu partido, mas estes são mais lulistas do que petistas.
Aqueles que se julgam enganados, injustiçados, não tem razão de reclamar. Afinal, foram enganados porque quiseram, porque consentiram. Aqui, pelo menos, escolheram conscientemente um desqualificado, que passou boa parte de sua vida sustentado por um empresário, que como paga recebia favores das prefeituras petistas. Ninguém ignorava isto. Aliás, ninguém ignorava que o candidato à Suprema Magistratura da nação morava em uma cobertura, sem ter condições para tanto. Todos os eleitores de Lula fizeram ouvidos moucos às denúncias que salpicavam as páginas dos jornais e o resultado está aí.
Mas isso é só um detalhe. Digam, vocês não acham curioso que um partido composto majoritariamente por universitários tenha escolhido como líder um operário analfabeto? Eu acho, mas sei que a escolha não foi gratuita. Desde fins do século XIX, os europeus vem cultuando o mito de uma classe operária redentora e mitos, como bem sabemos, costumam ser mais fortes que as pessoas. Dotado de um arcabouço de ideias criados por homens como Antonio Gramsci e Theodor Adorno e tendo a tiracolo o apoio da Igreja Católica e das universidades, não é de se admirar que o partido tenha eleito um candidato como Lula.
E Dutra nisso tudo? Bem, Dutra parece não se ressentir do papel de porta-voz dessa camarilha e segue repetindo que nenhuma das sordidezas que a imprensa vem urdindo contra os petistas é verídica. Por exemplo: quando foi questionado pelo jornalista Fernando Mitre sobre o tal plano que pretende limitar a liberdade de expressão impondo uma forma de controle a industria da comunicação, o petista respondeu célere: "nada disso é verdade... se você ler o programa do partido, verá que não é isso que está escrito". Segundo ele, não há uma única palavra no programa de governo elaborado pelo partido para a candida Dilma Rousseff, que atente contra a democracia.
Eu bem que gostaria de crer nisso, mas infelizmente não posso. A frequência com que o partido avança contra as garantias fundamentais da democracia é espantosa. Recentemente a direção nacional do PT editou um jornal chamado "Movimentos", cujo editorial é assinado por ninguém menos que o próprio José Eduardo Dutra.
Lê-se lá, segundo informa na Folha Ranier Bragon:
"Os movimentos sociais organizados precisam se manter atentos, pois o 'ovo da serpente' está intacto e as mesmas elaborações teóricas, sentimentos de superioridade e defesa de privilégios que animaram os golpistas de 1º de abril de 1964 ainda estão presentes nos corações e mentes da elite".
E onde estariam os golpistas? A turma de Dutra explica, ainda segundo a Folha:O texto principal do jornal, de 12 páginas, fala que "os articuladores e reais mentores da ditadura" estão "encastelados em entidades patronais, nos meio de comunicação que a ditadura lhes legou, nos espaços conquistados, graças ao seu servilismo, no Poder Judiciário, no Legislativo e na burocracia dos Executivos".
O jornal procura ainda associar o pré-candidato tucano José Serra, ao ambiente que resultou no golpe de 64. É verdade! Serra que foi presidente da UNE, que foi perseguido e exilado durante a ditadura, conspirou para... O surgimento da ditadura! É ou não é um petardo digno das mentes petistas mais brilhantes? E Dutra ainda manda ver na página 7 dizendo: "É Dilma ou barbárie"! Dessa forma ele ecoa, de modo bucéfalo, o "socialismo ou barbárie", da revolucionária Rosa Luxemburgo e estabelecve uma relação inequivoca com o socialismo. Com esse bordão, o jornal mostra a candidata petista como a última esperança socialista.
29 abril 2010
Gente que mente
Do blog "Imprensa Marron", do Gravatai Merengue.
Não, não falarei de quem usa a baixaria como estratégia, mas sim daqueles que usam a velha tática de imputar aos outros esse tipo de coisa. A velha história: "fulano faz baixaria", sem dizer qual exatamente foi o ato de baixeza. É uma saída clássica para quando não se tem para onde correr e, no caso em tela, algumas mentiras são reveladas para desespero dos mentirosos.
Falo aqui do GENTE QUE MENTE, um blog criado pelo PSDB para desmentir lorotas petistas (convenhamos, não são poucas e, nos últimos tempos, provavelmente já bateram recordes mundiais ou ao menos sul-americanos). Não é preciso ser exatamente um gênio para descobrir a autoria, pois há meses a Folha de São Paulo já divulgou o site e, além disso, há símbolo e link para o partido no rodapé da página.
Mas vamos aos fatos.
O mecanismo se provou eficiente e, desde sua criação, houve um crescimento exponencial no número de acessos. Diversas mentiras do governo e da campanha do PT foram desmascarados incontestavelmente. Vários exemplos podem ser citados:
- Números Inflados do PAC
- Obras Desaparecidas do PAC
- Dilma e Microsoft (alegando usar SL)
- PAC e Desmatamento
- PT e Tancredo (histórico de 1985)
- Promessa de Mobília a Quem Não tem Casa (!!!)
- PT e Lei de Responsabilidade Fiscal
- Lula e Versões sobre Mensalão
- Farsa da Internet Gratuita
- Foto da Norma Bengell
- Dilma em Honduras
- Falsos Diplomas
- Lula Condenando Belo Monte
- Dilma Usando a Religião
- etc. etc. etc.
São cerca de 79 páginas desmentindo cascatas proferidas pelo PT, um instrumento de utilidade pública, jamais um "blog de baixaria". Aliás, qualquer um pode ir até lá e apontar qualquer "ato baixo", caso encontre algum.
Quando na oposição, o PT - oficialmente - usava o slogan "Fora FHC" (assim mesmo, sem vírgula vocativa), e é hoje o mesmo partido que acusa os outros de golpismo pelo fato de meramente criticar a corrupção de seu governo. E, também, coloca sua blogosfera partidária a chamar de "baixaria" toda e qualquer análise negativa ou, bisonhamente, sites criados para DESMENTIR suas lorotas.
Não, não é baixaria. A grande baixaria é mentir. E, se há difamação, que procurem o Poder Judiciário. Por que não o fazem? Simples: não há nada disso. A idéia não é usar as vias oficiais, pois sabem que não têm razão. Pretendem fazer o de sempre: instituir uma campanha risível para tentar desacreditar um instrumento criado justamente para dizer a verdade sobre suas mentiras.
E como fazem isso? Falando mais e mais mentiras. É o velho método de uma facção podre do petismo. O eleitor com três neurônios já percebeu o jogo e, exatamente por isso, o GENTE QUE MENTE cresce cada vez mais. E é esse o fato que os preocupa.
Não adianta gritar "é baixaria". Cadê a baixaria? Apontar uma mentira petista, desmascará-la e trazer a verdade é um "ato baixo"? Não, não é. Isso é o que nunca houve e, talvez pela de forma inédita, alguém esteja fazendo com alguma competência. Aos desmascarados, resta o chilique.
Quem não se lembra do "Mulheres Com Dilma", criado como se fosse um site de amigas da candidata, mas depois desmascarado como iniciativa da agência que cuida de sua campanha? Blogs ligados ao petismo divulgavam como iniciativa independente e, hoje, a própria agência já assume como obra sua. Ninguém mais fala nisso. O GQM, ao contrário, sempre foi um blog partidário criado para desmentir lorotas. Simples assim.
E, honestamente, espero que o GENTE QUE MENTE continue e até mesmo aumente a dose, já que as mentiras dos outros, pelo visto, nunca param. Se possível, o site poderia trazer também fatos importantes sobre alguns "acusadores". Talvez por esse motivo, com receio de que sejam os próximos a ter as ocultas verdades reveladas, insistam em desacreditar o site.
Muitos sabemos do que eles têm medo.
28 março 2010
Por uma Dilma mais livre e um Lula mais trabalhador
A caminho da banca rota
A repugnante frase do então governador de São Paulo, Orestes Quércia – "Quebrei o Estado, mas elegi meu sucessor" –, tem tudo para virar fichinha perto dos abusos do presidente Lula para tentar eleger Dilma Rousseff.
Protegido pela couraça da popularidade e há muito só com olhos nas eleições, Lula age sem qualquer limite. Jamais desce do palanque e lança seus dardos para todos os lados. Agride a fiscalização do Tribunal de Contas da União, que "paralisa o país", zomba da Justiça Eleitoral e culpa terceiros quando seus tiros acham os pés.
Faz o que não deveria e não poderia. E livre, leve e solto, sem oposição que lhe puxe os freios, ainda acusa a imprensa de só noticiar os malfeitos.
Lula consegue até o aval do adversário, o pré-candidato tucano José Serra, que, com a mesma tortuosidade de raciocínio, taxou de "leviandade em matéria jornalística" as críticas que recebe e, assim como Lula, reclamou de não ver notícias positivas de seu governo. Ambos fingem que não sabem a diferença entre jornalismo e publicidade, embora gastem fortunas no segundo item.
Às leis e às instituições, o presidente parece não ter lá muito apreço. Trata-as sempre de acordo com sua conveniência. A Justiça torna-se injusta quando lhe desagrada. O Congresso Nacional - o mesmo que ele dizia abrigar "300 picaretas" – tem valor se lhe é dócil e servil, e vira o culpado da vez quando atua com alguma independência.
Basta lembrar a votação que extinguiu a CPMF ou a recente alteração, pela Câmara dos Deputados, da divisão dos royalties do petróleo, que golpeou de morte o Rio de Janeiro do aliado Sérgio Cabral (PMDB). Foi Lula quem antecipou o debate sobre o pré-sal, insistindo na urgência urgentíssima do projeto que ele enxergava como trunfo eleitoral. Como a flecha cravou o alvo errado, o culpado passou a ser o Parlamento.
Lula transfere culpas com a mesma naturalidade com que infringe leis. Na última quarta-feira, de uma só vez jogou no lixo a legislação eleitoral e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), um dos pilares da estabilidade econômica.
Ao anunciar que enviará ao Congresso uma proposta de lei que, a exemplo do que já fizera com o PAC, classificará como transferência obrigatória repasses para prefeituras inadimplentes, Lula não só rasgou a LRF, como incentivou o seu descumprimento. O efeito perverso da idéia vai ainda mais longe, pois é sabido que indulto a devedores acaba por penalizar os que se esforçam para manter seus pagamentos em dia.
Sob qualquer ótica, é inadmissível que um presidente da República estimule ilegalidades. Mas Lula parece fazê-lo sem pestanejar. Opta pelas vistas grossas quanto às invasões do MST, tergiversa sobre o envolvimento dos seus em escândalos, protege aliados a qualquer custo, até mesmo alguns malversadores confessos. José Sarney, Renan Calheiros, Delúbio Soares e outros tantos que o digam.
Se estimular a ilegalidade já choca, pior ainda é cometê-la.
No palanque em que mimou prefeitos mal pagadores e no dia seguinte, em Tatuí, no interior de São Paulo, Lula voltou a fazer chacota da Justiça Eleitoral, que já lhe imputou duas multas por propaganda antecipada. Explicou que estava proibido de dizer o nome de sua candidata - deixa malandra e ensaiada para que a platéia, em delírio, entoe o coro: "Dilma, Dilma".
Irrisórias ou não, as penalidades, aplicadas meses depois dos delitos, são incapazes de inibir Lula de protagonizar propaganda eleitoral explícita, com recursos públicos, nos palanques do governo.
Da mesma forma, parece não se importar com a quebradeira moral que patrocina e o tamanho da pendura que está deixando para o futuro. Mas também isso não tem a menor importância para quem só pensa em eleger o seu sucessor.
Perto de Lula, Quércia é quase um ingênuo.
16 março 2010
Podem tirar o cavalinho da chuva
Pode parecer prematuro uma declaração de voto a seis meses da eleição. No entanto, nas últimas 72 horas fui assediado por mais de meia dúzia de movimentos, sites, conjunto de blogs e quetais, todos se apresentando como "anti-Dilma". Apesar da participação de pessoas bem intencionadas, estes assédios configuram claramente um disfarçado movimento pró-Serra. Testei alguns destes convites dizendo que não estava interessado em nada que beneficiasse tucanos, e a resposta invariavelmente foi: existe alguma alternativa ao PT, além de José Serra?
Originou-se num destes movimentos - um que reúne uma imensa quantidade de blogs - um email com a comparação entre as biografias de Dilma e Serra, em que a primeira é mostrada como o diabo em pessoa e o segundo como um anjo que desceu nos céus para nos livrar da ditadura petista. Quem conhece a biográfia de José Serra, sabe que isso não passa de uma mentira deslavada. De uma lado, um injustiçado perseguido sem nenhuma razão pelos sanguinários militares. De outro, uma terrorista, assassina, ladra e tudo o mais. Sim, Dilma foi tudo isto e seu lugar deveria ser a cadeia e não o Planalto. Mas quem é mais execrável: ela, que colocou sua vida em risco na luta aberta, ou Serra que, de um gostoso e confortável exílio se converteu em uma ispiração para as ações revolucionárias que as dilmas e os dilmos da Ação Popular Marxista Leninista do Brasil executavam? Corre na boca miúda que o candidato tucano teria, inclusive, liderado ações terroristas do seu exílio. Não sei se isso é verdade, mas não me surpreenderia se amanhã ou depois, descobrissemos que Serra não é esse anjo de candura que pitam.
Não tenho a mínima intenção influenciar quem quer que seja, mas é preciso que se diga a verdade: Serra não é, e nunca foi, um candidato de direita. Ao contrário, ele sempre teve afinidades com partidos e movimentos políticos de esquerda . Consta que numa declaração a revista Piauí, o governador de São Paulo afirmou que ele era um político "ainda mais a esquerda do que o presidente Lula" e a julgar pela sua tragetória político, deve ser verdade!
Como autêntico liberal-conservador à moda antiga, acredito que só homens livres, capazes de pensar por si mesmos, de forma independente e autônoma, podem construir uma ordem nacional e internacional realmente livre. Não aceito - e desdenho - de movimentos coletivistas de quaisquer orientações ideológicas, que estão destruindo nosso País. Por isto, peço encarecidamente que se abstenham de me convidar para outros movimentos deste tipo. Ficarão simplesmente sem resposta!
12 março 2010
Ainda a Emenda Ibsen
Lula diz que seria melhor esperar as eleições para discutir sobre partilha dos roylaties do pré-sal
Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta (12), em Curitiba, que, quando apresentou a proposta do novo marco regulatório para a exploração de petróleo na camada pré-sal, ponderou com os partidos políticos que não seria importante discutir este ano a distribuição dos royalties por se tratar de um ano eleitoral.
"As pessoas acham que cada um vai fazer o jogo que interessa eleitoralmente à sua região e não ao Brasil", argumentou. Segundo o presidente, foi feito um acordo entre as lideranças de todos os partidos políticos para que se chegasse a uma determinada composição na distribuição dos royalties e este acordo não foi cumprido.
"Vamos aguardar para ver qual o tempo que o Senado levará para votar. Vamos ver se será o tempo que um projeto de urgência permite. Sei que tem gente entrando com recurso no Supremo Tribunal Federal alegando inconstitucionalidade".
Lula não poupou os governadores que criticam a forma de distribuição diferenciada prevista na emenda do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS). "O momento não é de briga, mas de conversa, de diálogo. O petróleo é de boa qualidade e tem muita quantidade, não é preciso brigar, vamos deixar que prevaleça o bom-senso".
Em rápida entrevista, depois que visitou a fábrica de computadores Positivo Informática, o presidente voltou a criticar a indústria automobilística que, segundo ele, no auge da crise financeira, deu “uma parada muito brusca em seus investimentos por orientação de suas matrizes”.
O Brasil, lembrou o presidente, em março de 2009 já começou a bater recordes de vendas de carros novos e este ano repetiu este recorde e, para ele, não havia motivos para a produção ficar parada. Lula disse que vários setores, mesmo com investimentos garantidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), resolveram paralisar devido às incertezas. "Somente quem não parou foi o governo", afirmou.
"Na hora que a crise surgiu, tomamos a decisão de aumentar os investimentos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], da Petrobras e garantir mais crédito e financiamentos no Brasil. O ministro Guido [Mantega, da Fazenda] tem toda razão. Terminamos o ano de forma extraordinária e com perspectiva de crescimento excepcional para 2010".
Durante a visita à fábrica, o presidente se disse satisfeito com a média da idade dos funcionários, em torno de 25 anos, sendo que 70% são mulheres. A empresa, criada em 1989, emprega cerca de 5,8 mil funcionários em três fábricas, localizadas em Curitiba, Manaus e Ilhéus (BA). "Essa empresa, que é líder na produção brasileira de computadores [com 6 milhões de unidades por ano] começou a crescer graças ao programa Computador para Todos e isso me deixa orgulhoso. Brasileiro fazendo o Brasil crescer".
* * *
Comentar o que depois disso? E ainda tem gente que jura com os dois pés juntos que o PT é um partido idôneo!
Até tu, Ibsen?
Não é minha intenção tratar da cena ridícula protagonizada pelo governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB – RJ), em uma palestra na PUC, mas sim falar das conseqüências práticas da aprovação da Emenda Ibsen. Chorar por causa dos royalties do petróleo me parece coisa de gente sensível demais, que faz dumping com a própria emoção.
O Rio já havia sido prejudicado por um substitutivo aprovado em dezembro do ano passado, destinando 44% da receita obtida com os royalties para os estados não-produtores. Essa negociação reduziu a fatia da União de 41% para 20% e deixou o governo do Estado do Rio de Janeiro com apenas 25% da sua receita original. Cálculos do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) apontam que a emenda Ibsen aumentará a perda de receita anual dos 87 municípios, que vai cair de R$ 2,65 bilhões para R$ 180 milhões e fará com que o governo do estado deixe de receber outros R$ 4,9 bilhões em um ano.
Como podemos ver, a Emenda Ibsen não leva em conta que as cidades e os estados que estão sob a influência da exploração de petróleo arcam com os custos sociais decorrentes da atividade, como: crescimento desordenado, demanda por moradias, escolas, infra-estrutura etc. Além, é claro, das perdas ambientais. A exploração da camada do pré-sal irá liberar milhares de metros cúbicos de gás carbônico em nossos mares, provocando a morte de dezenas de espécies marítimas e aumentando consideravelmente a emissão de gases do efeito estufa. Fico me perguntando como o Brasil pretende cumprir a meta aprovada no COP-15, em Copenhagen, de diminuir as emissões de monóxido de carbono até 2015? Onde estará o ministro do meio-ambiente e seus coletinhos multicoloridos para protestar contra esse crime de lesa humanidade?
Os defensores da Emenda Ibsen, alegam que o petróleo está situado em uma área que pertence a União, portanto, todas as unidades federativas têm direito aos lucros aferidos com a sua exploração. Parece uma tese razoável, mas basta um exame preliminar para perceber que se trata de uma estultice. Por esse raciossímio, Rio de Janeiro e Espírito Santo tem direito a uma parte dos lucros obtidos através da exploração das jazidas de ouro em Eldorado dos Carajás, da produção de energia na hidroelétrica de Itaipu e das patentes de medicamentos oriundas da Floresta Amazônica. Enfim... É uma tese estúpida; baseada num igualitarismo tolo e retrogrado!
O governo federal afirma que é contra essa emenda e o líder do PT na Câmara, deputado Candido Vacarezza (PT – SP), já adiantou que o presidente Lula irá vetar a proposta e restabelecer as regras atuais. Talvez eu esteja sendo cético e até pessimista, mas não acredito na palavra dos petistas. Se o governo queria manter o acordo firmado com os estados produtores, por que não mobilizou a sua gigantesca base aliada e deixou claro qual era a sua vontade, a exemplo do que fez tantas outras vezes? Sem esse empenho, era evidente que os deputados fariam embaixada para seu eleitorado.
No fim das contas, esse imbróglio acabou prejudicando o PT e ajudando a oposição, pois Lula acabou ficando numa saia justa daquelas. Se o presidente quiser honrar o acordo firmado com os estados produtores, terá de ir contra 369 parlamentares que votaram a favor da Emenda para fazer média com os seus eleitores. Já imaginaram o custo político desse veto? Esperemos que assim como das outras vezes, Lula confie na sua inabalável popularidade de 240% e faça prevalecer a sua vontade. Afinal, governar também é contrariar, não é?
* Em 1994, o deputado Ibsen Pinheiro, teve seu mandato cassado pela CPI que investigava as irregularidades no Orçamento da União. A revista Veja, cobriu o assunto e publicou um artigo cuja chamada era "Até tu, Ibsen", o mesmo título desse post.