06 julho 2010

Comentários sobre as ideologias na História Moderna e sobre a necessidade de se investir num processo de nacionidade europeu, de modo a sedimentar a integração européia

Em um artigo que eu li chamado Nacionalidade, de Lord Acton (o qual você encontra no livro Um Mapa da Questão Nacional, ou Mapping the Nation, no original), Acton aponta que entre a partilha da Polônia até os dias atuais existiram três teorias de tomada do poder, ou ideologias.

1) O Igualitarismo de Rousseau, substanciado na democracia como elemento de identificação da votade geral, o qual isso é praticado em quase todos os países.

2) O Comunismo, de Karl Marx, o qual já tivemos a oportunidade de discutir e de exaurir a questão.

3) A Nacionalidade, de Mazzini, um dos responsáveis pela unificação italiana

A nacionalidade, enquanto direito natural de auto-organização dos povos, começou a ser uma questão seriamente debatida a partir da partilha da Polônia, entre Rússia, Império Austro-Húngaro e Prússia, os mesmos países que fizeram parte da Santa Aliança. Na Polônia, uma pessoa sem sangue real foi feita rei de seu povo e não havia possibilidade para as monarquias absolutas assumirem o controle da Polônia por meio da sucessão hereditária.

Pela primeira vez na História da Europa, um estado cristão foi destruído e seu povo foi divido entre seus conquistadores. Poucas pessoas tiveram a coragem de criticar o tratado de partilha. Uma dessas poucas pessoas foi Edmund Burke, quando era colaborador de uma revista da época chamada Annual Register.

Num exercício de história comparada, Acton nos aponta que a história da religião teve vários exemplos de como se eletrificar as massas para uma causa. Enquanto Wycliff e Hus criticaram alguns aspectos do ensino católico, Lutero foi o primeiro a criticar a autoridade da Igreja, dando a cada pessoa o direito de escolher as suas crenças, o que valeu uma guerra civil européia - as Guerras de Religião. Dessas lições, passadas para a política, Napoleão disse: "as pessoas não morrem por ninharia, por causas pequenas - é preciso falar à alma do cidadão, de modo a eletrficá-lo e a fazê-lo lutar por você e pelo seu país" (esta citação, que eu traduzo livremente para nossa língua, encontra-se em inglês e está descrevendo a tecnologia nacionalismo, do jogo Civilization IV)

Analogamente, a Revolta da Holanda contra a Espanha foi pautada na tese de que o soberano espanhol não respeitava os direitos naturais de seus súditos. Na Revolução Francesa, o rei foi derrubado em função de sua origem.

Inclusive no Hino Nacional da Holanda existe um trecho no qual se diz o seguinte: "o Rei da Espanha, eu sempre reverenciei."

Os holandeses a princípio queriam destituir o Duque de Alba, que era excessivamente impopular, e também fazer um apelo para a tolerância religiosa na região. Bastou a trégua ocorrer, que as relações entre espanhóis e holandeses foram respeitadas. Quando a trégua acabou, o Conde Duque de Olivares não buscou manter a paz; taxou os holandeses com pesados impostos, retomou a guerra usando os temidos terços e ainda por cima quis obrigá-los a adotar o Catolicismo.

Já quanto à França, o fato é que nenhuma região da antiga Roma se acostumou tanto ao sistema de absolutismo dos césares do que a Gália.

Enquanto nas outras regiões da Europa os feudos, um instituto germânico, moldavam a cultura dos outros povos, na França os feudos eram um corpo estranho, insituído por francos, de origem bárbara, considerados inferiores aos romanos, em termos de moral e de costumes. O absolutismo francês está fortemente relacionado à necessidade de reforçar a autoridade real para que esses institutos ganhassem força e moldassem o novo povo francês. A lei sálica, que proibia a ascensão de mulheres ou de pretendentes à coroa francesa por linhagem feminina, desaguou na Guerra dos 100 anos entre ingleses e franceses, pois o rei inglês Eduardo III foi preterido por Felipe de Valois, cortando de vez as relações de parentesco entre os ingleses (governados pelos Normandos) do resto dos franceses. Some-se a isso também a prisão de um Papa em Roma feita pelo rei Felipe IV, o Belo e a colocação de um papa francês na cidade, de Avignon, gerando uma crise política e moral durante a Idade Média, divorciando-se de vez o poder temporal do espritual, ao se gerar o problema permanente das investiduras, mais tarde resolvido na concordata de Worms. O papa ameaçou excomungar Felipe IV, o Belo por estar confiscando os bens dos Templários, cavaleiros à serviço da Igreja nas Cruzadas e que protegiam os peregrinos dos assaltos dos ladrões nas estradas.

A Inglaterra é o que é porque desde Guilherme, o Conquistador, as terras foram distribuídas entre os nobres que lutaram com ele e os feudos foram moldando o caráter do povo inglês, pouco a pouco. A convivência com os feudos vizinhos e os mil anos de estagnação da economia européia durante o feudalismo foram o fato gerador das várias nacionidades européias - o caráter local, regional da fonte de Poder dos nobres, devido a inexistência de uma autoridade central, completou o processo de sedimentação.

Devido a essas diferenças de evolução que houve dentro da História dessas duas nações, as Revoluções Inglesa e Francesa tiveram duas conseqüencias completemente diferentes: em 1688 a revolução inglesa conservou as liberdades que o povo inglês havia conquistado desde a chegada dos normandos, em 1066. Em 1789, o povo francês quis criar a liberdade a partir do zero. 

A tentativa de se criar a liberdade a partir do zero, através do Estado (liberdade pública) se deveu a algumas características:

1) Fronteiras políticas coincidindo com as fronteiras naturais

2) O povo francês é pautado na etnia e na raça

3) Rejeição a toda e qualquer autoridade estrangeira

Esses dados todos seriam a base da nacionalidade no direito constitucional e internacional a partir daí. Todos os povos a partir de então, por influência francesa, acreditaram numa liberdade a partir da nação. Mas todos se esqueceram das lições da História e das leis invisíveis que regem as relações entre os indivíduos, que são tão essenciais ao progresso civilizatório dos povos - reduzir o direito à lei posta, que foi a conseqüencia funesta da Revolução Francesa, só teve uma conseqüência: ao se proclamar como absoluto o falso princípio de que lei escrita é a lei eficaz, isso só causou instabilidade política nos governos futuros, bem como o problema da falsa transparência no direito, pois as leis ficaram idealistas e românticas demais, pois a lei, ao ficar acima do costume, não permitia que certas tradições, que favorecem à integração entre as pessoas e que estimulam a responsabilidade moral entre elas, se mantivessem inalteráveis e assim continuassem a regular a vida dos cidadãos por meios dos seus sentidos e por meio da razão, quando estão em suas experiências de sociablidade. Todos os sistemas do civil law passaram a ser sistemas falhos, ao adotar técnica da presunção, em vez do precedente, na solução de controvérsias jurídicas entre os cidadãos e entre os cidadãos e o governo, ou entre um nacional e um estrangeiro. O sistema presuntivo, fruto do nacionalismo, reduziu a solução de controvérsias internacionais a uma lógica tribalista, o que foi um grave retrocesso, durante o século XIX até o final da Segunda Grande Guerra, quando o positivismo jurídico passou a ser o pensamento jurídico dominante na Europa.

Nesse período, o grande problema do nacionalismo ficou claro: ele depende da política de Estado, especialmente da política de se identificar o amigo do inimigo. Carl Schmitt, jurista dos nazistas, bem definiu essas características. Como a nacionalidade é definida por critérios étnicos, temos aí materialismo histórico. O problema do racismo e da xenofobia só pode ser explicado a partir do fenômeno do nacionalismo.

Acton explica que algumas vantagens do cosmopolitismo dos reinos medievais: povos diferentes acabavam se integrando e colaborando entre si, e as virtudes do povo mais forte melhoravam os povos mais fracos. Dessa forma esses povos agiam em pé de igualdade uns com os outros.

Durante a Idade Média, houve o renascimento comercial e o ressurgimento das cidades, como conseqüência disso, pois um dos efeitos decorrente dos direitos de propriedade está em promover a integração e a responsabilização das pessoas na praça, um dos fundamentos da liberdade: a igualdade perante à lei, em termos de direitos e obrigações, passou a ser princípio natural lógico, próprio da ordem estatuída em Estado de Direito.

No século XIX, com o nacionalismo, alguns povos se diziam superiores a outros povos. Os alemães foram peritos nisso. O racismo de Marx se explica em função desse nacionalismo.

Na década de 1980, ao tempo da queda do Muro de Berlim, John Borneman, ao estudar a divisão da sociedade alemã forjada politicamente durante a Era do Muro da ergonha, estabeleceu a diferença entre nacionidade (nação como um lar) e nacionalidade (nação como religião)

A nacionidade, pelas investigações que eu venho fazendo, decorrem da nação ser tomada como um lar, uma ordem espontânea, onde pessoas de diferentes origens cooperam umas com as outras para poderem progredir em suas vidas. A nacionidade se funda nos seguintes aspectos.

1) Comércio como uma forma de aproximação dos povos

2) A propriedade como uma forma de integração entre as pessoas e de torná-las responsáveis.

Esses fatos podem ser percebidos mais claramente durante a Baixa Idade Média, com o
renascimento urbano. Feiras como a de Champagne tenderam a ser naturalmente internacionais.

Os pesos e medidas usados, na Inglaterra, na França, e nos Países Baixos vinham dessas feiras.

Ao longo do século XX, um exemplo de Nação ser tomada com religião foi a Alemanha de Hitler, sob o nacional-socialismo.

Dos três sistemas, a nacionalidade, como uma forma de socialismo, é o mais promissor deles todos, pois o igualitarismo de Rousseau está implícito nele.

O nacionalismo, ao contrário do que se diz, não é amar a Pátria.

O nacionalista advoga a superioridade de sua Nação frente às demais, e com isso, passa a se tornar xenófobo, imperialista, etc.

Já a nacionidade constitui um outro fenômeno, no qual os povos tomam suas Pátrias como lares e querem o melhor para eles. Inclusive, tomam o comércio como algo para arrecadar lucros para seus lares e fazê-los crescer.

O nacionalista invade e toma lares alheios; já o nacionista tolera os demais lares e quer fazer crescer o que é seu, sem querer prejudicar o lar alheio.

O nacionista se baseia naquela frase do vizinho hospitaleiro: "minha casa é sua casa". Os estrangeiro que vai para outro país só quer trabalhar e se sentir bem em um lugar que ele possa chamar de lar. A terra nativa dele, devido aos ditadores, tornou-se uma porcaria, um lugar inviável de viver.

Se o estrangeiro se sente bem na nova casa, ele pode ser tomado como nacional e passa ter os mesmos direitos do nacional. A naturalização é um instrumento que não serve para nada - o que conta é as pessoas se sentirem bem, em suas casas.

Para o nacionalista, o estrangeiro representa um risco. Para o nacionista, ele representa um amigo. O amigo estrangeiro contribui através do seu trabalho para a grandeza de uma nação, inclusive ele próprio poderá atrair investimentos e novos amigos para a sua nova casa.

Enquanto o nacionista recebe o estrangeiro de portas abertas, o nacionalista o expulsa ou o discrimina.

O nacionalista é um ser tão autoritário que defende até mesmo a criminalização da imigração.

A Itália, sob Berlusconi, fez uma lei com o intuito de impedir a vinda dos imigrantes africanos, que estavam se refugiando em massa para lá.

O que Berlusconi fez é crime contra a humanidade e ele deveria ser julgado em Haia por isso. A maioria dos africanos estava fugindo das ditaduras que há naquele continente.

Se Berlusconi sofreu castigo por causa disso, provavelmente os dentes perdidos durante a agressão sofrida respondem a essa questão.

Há uma certa preocupação, para alguns europeus, de que a baixa natalidade da Europa e a imigração maciça de muçulmanos tornem a Europa muçulmana em menos de 100 anos.

Há até um documentário da BBC preocupado a desmentir isto, porém o susto dessa história é tamanho que serviu para ajudar a aumentar a natalidade na França e na Alemanha.

Só sei de uma coisa: a Itália um dia irá se arrepender desta lei e a verá como um equívoco da era Berlusconi.

O grande perigo é usar o natalismo como uma forma de nacionalismo. Mas isso comentarei em outra oportunidade.

* * *

Nos EUA, principalmente, há um movimento de defesa da língua inglesa contra a suposta ameaça hispânica.

Se os hispânicos tomam a América como o seu lar, a tendência é eles preservarem o inglês e o Espanhol. Países bilíngües são melhores do que aqueles que adotam uma língua só.

O Canadá é um país bilíngüe, mas erros na política interna do país, como forçar o
recrutamento do povo de Québec para lutar numa guerra na qual eram contra, como a Primeira Guerra Mundial, só fizeram por promover um verdadeiro racha.

Esse problema é internacional. Para ser resolvido, os países precisam colaborar uns com os outros. Mas infelizmente a ONU, hoje em dia, só tempo para fazer proselitismo ideológico e politicamente correto.

Às vezes a legislação dos países que adotam o Welfare State agrava a falha. Tanto a Itália quanto a França têm uma legislação pautada no direito de sangue. Isso significa dizer que os filhos desses refugiados não serão nem italianos ou franceses, mas apátridas. E esses apátridas vão precisar dos serviços públicos desses países pra poder se manter - e isso é um prato cheio para políticos como Jean Marie Le Pen, notório político xenófobo da França, promoverem o renascimento dessa podridão que é o fascismo e a xenofobia.

E essa é a diferença entre o que são os EUA e esses países: os EUA tornaram americanos esses imigrantes - e eles fizeram dos EUA o país que é hoje. A Itália e a França pautaram suas legislações numa época de rejeição à monarquia absolutista. Hoje os tempos mudaram - por isso essas leis precisam ser atualizadas.

Desenvolver uma nacionidade européia é a única maneira de viabilizar o sonho de uma Europa unida, tal como foi visto pelo Conde Koudenhove-Kalergi, em seu livro Pan-Europa. Uma Europa unida sob a tradição do universalismo cristão, dos principios do direito romano e na filosofia grega - o onde a abertura ao recém-chegado empreendedor e a antropofagia cultural (com o intuito de assimilar as qualidades de cada povo consitituinte dessa nova União) façam do continente uma terra de liberdade, tal qual o seu irmão mais velho, os Estados Unidos da América, o é por execelência.

A nacionidade é a base para a formação dos futuros Estados Unidos Europeus, mas esse processo deve ser feito de baixo para cima e não imposto unilateralmente por governos, como tem sido feito desde o tratado de Maastricht, em 1992.

Esse processo só se sedimentará com o tempo, e esse tempo de maturação é naturalmente longo - são necessários séculos para que uma nova ordem emerja em união sincera e indissolúvel. Há muitas feridas que precisam ser cicatrizadas, pois o continente é um barril de pólvora por natureza, palco de muitas revoluções, guerras e derramamento de sangue (inocente em muitos casos)

A fundação de uma nova ordem civilizada pautada na nacionidade constituirá, pois, a próxima etapa, o ponto de partida para um novo estágio de progresso civilizatório na humanidade.

Precisamos estudar suas causas, com o intuito de promover a integração entre os povos.

Agindo assim, o jurista será um médico: previnirá o mal e deixará as feridas se cicatrizarem sozinhas, com o auxílio de remédios que coíbam o mal em vez de agravá-lo. Nesse ponto, o jurista deve ser um defensor público, não um chancelador de despotismos políticos, advindo de populistas que fazem do mau caratismo e da mentira um estilo de vida ou um caminho para a tomada do poder.

Esses são os pontos que devemos considerar.

05 julho 2010

A República dos Custos Altos (estatísticas)

DESPESAS DO GABINETE PRESIDENCIAL

1995 - FHC - R$ 38,4 milhões

2002 - FHC - R$ 76,0 milhões

2003 - Lula - R$ 318,6 milhões

2004 - Lula - R$ 372,8 milhões (R$ 1,5 milhão por dia útil de trabalho)

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS NO PALÁCIO DO PLANALTO

Itamar Franco - 1,8 mil

FHC - 1,1 mil

Lula - 3,3 mil

NUMERO DE FUNCIONÁRIOS DO PALÁCIO DA ALVORADA

75 empregados.

OS: No ano passado Lula assinou o decreto nº 5.087, aumentando de 27 para 55 o número de assessores especiais diretos.

Fonte: ISTO É DINHEIRO, dados coletados por um grupo de consultores que tem senha especial e acesso ao SIAFI - Sistema Integrado de Administração Financeira.

Apenas para comparar com as principais monarquias e com os USA:

Custos operacionais anuais em US$ (custo de manutenção da Chefia de Estado)

- Inglaterra (monarquia): US$ 1,87/capita = US$ 104 milhões

- Dinamarca (monarquia): US$ 1,86/capita = US$ 9,5 milhões

- Bélgica (monarquia): US$ 1,10/capita = US$ 10,8 milhões

- Países Baixos (monarquias): US$ 1,05/capita = US$ 15,4 milhões

- Noruega (monarquia): US$ 0,83/capita = US$ 3,6 milhões

- Japão (monarquia): US$ 0,42/capita = US$ 52,0 milhões

- Espanha (monarquia): US$ 0,20/capita = US$ 8,1 milhões

- EUA (república): US$ 4,6/capita = US$ 1.100 milhões

- Brasil (republica sindical): US$ 12,0/capita = US$1.700 milhões

(Dados fornecidos pelo deputado Antônio Delfim Netto, em 2000)

CONCLUSÃO:

É mais barato manter uma família real do que um presidente operário.

Escrito por MONARQUIADOBRASIL às 14h52

Fonte: http://monarquia.zip.net/arch2005-03-01_2005-03-31.html

E só pra completar, mais um dado:

De acordo com o governo britânico, a família real custou cerca de 70 centavos de libra a cada habitante destas ilhas em 2007. (...) O preço per capita da realeza é menor do que o de um pacote de um pão de forma ou de um download no iTunes.

Fonte:

http://oglobo.globo.com/blogs/duarte/default.asp?a=31&periodo=200806

Data da publicação: 30/06/2008

Lá na Inglaterra, para otimizarem ainda mais a receita, eles estão usando o protocolo bittorrent e repassando os dados do orçamento público à população, numa clara atitude de abertura e prestação de contas. Eis aqui o link:

http://bit.ly/97zZMM

Ex-presidentes do Brasil custam R$ 3,3 milhões por ano

Esta é uma transcrição de uma notícia que comprova a analogia da anedota:

Há 23 anos foi eleito o primeiro presidente civil do Brasil após o período da ditadura. De lá para cá, o país teve quatro presidentes da República.

Eles recebem atualmente R$ 3,3 milhões por ano. A conta individual paga pela União aos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique pode chegar a R$ 828,9 mil a cada ano, se todos receberemos benefícios integrais. Isto porque cada ex-inquilino do Palácio do Planalto tem direito aos serviços de quatro servidores para atividades desegurança e apoio pessoal, a dois veículos de luxo com motoristas e ao assessoramento de mais dois servidores.

Em fevereiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que regulamentou uma lei assinada em 2002 pelo presidente Fernando Henrique que trata, entre outros temas, das benesses aos ex-presidenciais. Segundo a Casa Civil, a idéia do novo decreto era tornar mais claro o texto da Lei 10.609, de 2002, que alterou a Lei 7.474, de 1986. Com a regulamentação, um ex-presidente passou a custar aos cofres públicos pouco mais de R$ 63,4 mil por mês. Este valor inclui despesas com servidores (R$ 41,3 mil), contribuição ao INSS (R$ 10,7 mil) e vencimento de cada ex-presidente, no valor de R$ 11,4 mil.

No último ano de seu mandato, o então presidente FHC aumentou de seis para oito o número de cargos disponíveis para os ex-presidentes. A ampliação foi confirmada no decreto assinado por Lula. Os dois novos cargos comissionadosfazem parte do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS de nível 5), que recebem mensalmente cerca de R$ 9 mil. Completam o quadro dois funcionários DAS-1, com remuneração de R$ 2,1 mil, dois DAS-2, comvencimentos de R$ 2,7 mil e dois DAS-4 no valor de R$ 6,8 mil.

De acordo com a Casa Civil, a Lei assinada pelo presidente Fernando Henrique alterou o artigo 2 do parágrafo 2º, possibilitando a contratação de dois novos servidores nível DAS-5 para assessoramento. Com isto, são dois motoristas, dois seguranças e quatro assessores. Desde 1986, são pelo menos quatro normas que tratam do assunto assinadas por Sarney, Itamar, FHC e Lula.

Além dos oito servidores, cada ex-presidente tem direito a dois carros oficiais. Segundo estimativa do *Contas Abertas* (*CA*), o custo mínimo mensal com os dois veículos Ômega CD chega a R$ 5,6 mil por mês. Além do combustível, na estimativa foi considerada a depreciação do valor do carro no período de cinco anos. Com a adição dos valores gastos com os veículos, aquantia paga pela União a um ex-presidente chega a R$ 69,1 mil. Não foi informado se todos utilizam os dois carros.

Segundo a Casa Civil, no primeiro semestre deste ano, os quatro presidentes pós-redemocratização mantiveram preenchidos os oitos cargos a que têm direito com base na prerrogativa constitucional. Caso não sejam nomeados todos os servidores, o cargo fica vago porque é destinado ao ex-presidente. Vale ressaltar que o benefício vale apenas para os ex-presidentes. No caso de falecimento, o beneficio é interrompido e não passam para os familiares.

O benefício de R$ 3,3 milhões pago aos ex-presidentes equivale a 18.217 pagamentos do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo Lula. Esta quantia seria o suficiente para bancar 1.518 famílias atendidas pelo Bolsa Família ao longo de doze meses. A comparação leva em conta o valor máximo distribuído hoje pelo governo federal a famílias com renda mensal por pessoa a R$ 120 que mantêm até três crianças e dois adolescentes na escola. Nesse caso, os beneficiários podem sacar o máximo de R$ 182 ao mês. O benefício básico, porém, é de R$ 62. Com o valor que custeia os quatro ex-presidentes seria possível distribuir a bolsa a 4.456 famílias que recebem a quantia mínima ao longo de um ano.

A partir de 2011, ano em que termina o mandato do presidente Lula, a conta paga pela União aos ex-presidentes vai ser ampliada para quase R$ 4,2 milhões por ano. Para o cientista político Antônio Flávio Testa, os ex-presidentes seriam mais necessários ao país como senadores da República, com vencimentos mensais específicos da Casa Legislativa. "Eles poderiam dar uma contribuição maior ao país como senadores vitalícios com direito ao voto. Isso seria muito mais produtivo do que ficar simplesmente recebendo recursos da União", argumenta. "Para que isso aconteça é preciso vontade política, do Congresso e do presidente da República para votar um projeto que trate do tema", aponta.

O cientista político observa que dos quatro ex-presidentes, dois deles estão no Senado, Sarney e Collor. Itamar Franco, por sua vez, foi governador. Já Fernando Henrique tornou-se consultor internacional. "Eles não precisam dessa quantia toda", conclui Testa, ao ressaltar que os ex-presidentes têm muito que contribuir para o país e devem ser aproveitados sob esta condição.

A título de comparação, um deputado custa por ano R$ 114 mil por mês e um senador R$ 139,7 mil. Por ano, a quantia que cada congressista recebe chega a R$ 1,4 milhão para deputados e R$ 1,7 milhão para os senadores.

Amanda Costa, do Contas Abertas


Senhores, tal como foi dito na anedota, não vai ter tanto farelo pra alimentar todos estes porquinhos, desse cercadinho chamado Palácio do Planalto. No final, estaremos mortos, de tanto trabalhar, e falidos.


A diferença entre Monarquia e República (uma anedota)

Alguns anos atrás, estive fazendo estudos monárquicos e encontrei uma anedota muito interessante que transcrevo aqui, na íntegra e com algumas adaptações:

_ Oi, compadre! Você entende bem qual a diferença entre Monarquia e República?

_ Pra mim, isto é o mesmo que engordar porco.

_ Como assim?

_ Na Monarquia, você pega um porco magro, coloca ele no chiqueiro e dá muita comida pra ele todos os dias (milho, farelo, restos de comida....); depois de algum tempo ele fica gordo, pesado e já não come tanto como no início - basta uma ou outra espiga de milho e sobras da comida para saciar o apetite do bicho. Na República, você coloca um porco magro no chiqueiro - e gasta muito milho e farelo, até ele engordar. Quando ele fica gordo, você tira ele do cercado e coloca outro porco magro para engordar. Aí, você tira o porco gordo e coloca outro magro e fica toda a vida repentindo a operação, infinitas vezes...

_ Peraí, compadre. Assim não há milho que agüente .

Respondeu, então, o que estava explicando:

_ Vejo que você bem entendeu a diferença. No final, estaremos todos mortos.

A fonte da anedota eu encontrei aqui, embora eu ache que o site esteja fora do ar. Isso faz alguns anos que encontrei esta anedota:

http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=2857&post=10910

Queria dar o crédito pelo autor da anedota que, juro, não fui eu.

Hoje não foi o Thiago que escreveu; aqui quem vos escreve é José Octavio Viégas Dettmann, amigo do Thiago, com o qual costumo me corresponder sempre.

01 junho 2010

A arte da embromação

Há algumas semanas o governo anunciou que vai cortar R$10 bilhões nos gastos orçamentários. A mídia, obviamente, caiu no conto do vigário e divulgou a noticia com fidelidade canina. Ninguém questionou nada, ninguém comentou nada.

A notícia é boa? Seria ótima se fosse verdade. O fato é que estamos diante de uma empulhação grotesca.

Até onde se sabe, a palavra "corte" deveria significar exatamente isso: cortar gastos, reduzir o nível das despesas, fazer com que o orçamento deste ano seja menor que o do ano passado. Um sujeito acostumado a gastar R$ 3 mil por mês estará cortando gastos caso passe a gastar R$ 2 mil reais por mês. Isso, sim, é um corte real de gastos.

E o que o governo propõe? Simples. Reduzir os gastos previstos para esse ano, que são maiores que os do ano passado.

A vigarice funciona assim: no ano passado, a despesa total foi estimada em R$ 1.664.747.856.320,00. Para esse ano, o orçamento previsto, é de R$ 1.832.823.010.022,00. Ou seja: um aumento de módicos R$ 168.075.153.702 de um ano para o outro.

E o que o governo está dizendo? Que vai cortar 10 bilhões desse aumento de 168 bilhões. Ou seja: o tão propalado corte de gastos significa na verdade um aumento de gastos um pouco menor que o previsto. E a imprensa, burra como ela só, caiu na conversa dos governistas!

Ora, já que é assim, fica aqui a minha dica para o governo federal: planeje um orçamento de 5 trilhões e, logo em seguida, diga que vai fazer um corte de gastos de 3 trilhões, ficando, no final, com um orçamento ainda maior que o original, que é de 1,8 trilhão. Deta forma o governo estará aumentando os gastos e, de quebra, ainda ganhará a fama de ser fiscalmente responsável e inflexível com os gastos públicos.

Aposentados

Enquanto isso, o governo segue contigenciando custos em áreas em que não deveria contingenciar. Como, por exemplo, a previdência social. Pouco antes do senado aprovar o aumento de 7,7% para os aposentados, a candidata petista Dilma Rousseff, anunciou que o governo poderia vetar o aumento para manter o equilibrio das contas públicas.

Agora, os petistas acenam com uma nova reforma previdenciária que aumentaria ainda mais o período de contribuição dos cidadãos.
A pré-candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, defendeu ontem um aumento no tempo de contribuição para a Previdência.
A petista sugeriu que a terceira idade seja estendida "um pouco mais para lá", mas depois recuou e disse apenas que medidas terão de ser tomadas nesse campo, sem se comprometer com propostas específicas."
O tal do bônus demográfico nada mais é do que isso: a sua população em idade ativa é maior que sua população dependente - jovem, criança e velho. Mas a terceira idade, a terceira idade está ficando difícil... A gente vai ter que estender ela um pouco mais para lá", disse.
Questionada se, caso eleita, proporia a contribuição por mais tempo, Dilma recuou, dizendo que se referia à própria idade -ela tem 62 anos. "Eu acho sempre que vai ter de haver, você vai ter de olhar a questão etária do país e tomar providências para isso", acrescentou. (Continua, para assinantes).

Nas barbas da justiça

O PT descobriu que o crime eleitoral compensa e que pode continuar usando impunemente a máquina e Lula na propaganda da candidatura oficial.

por Otávio Cabral, na revista Veja

Milhões de brasileiros assistiram na semana passada ao programa do PT. Durante dez minutos, foram apresentados detalhes da biografia da ex-ministra Dilma Rousseff, algumas de suas ideias e opiniões. Entremeado com números sobre as realizações do governo Lula, o programa mostrou também o presidente narrando a emoção que sentiu no dia em que conheceu a ministra. "E um belo dia, em 2002, entra na minha sala uma mulher com um laptop na mão (...). Quando terminou a reunião, me veio na cabeça a certeza de que eu tinha encontrado a pessoa certa pro lugar certo." Em uma daquelas inacreditáveis coincidências, minutos antes de o programa ir ao ar, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) colocou em julgamento uma reclamação contra outro programa do PT, exibido em dezembro, que teria usado o espaço para promover ilegalmente a candidatura de Dilma Rousseff. O resultado é que o partido perdeu o direito de veicular seu próximo programa nacional e terá de pagar multa de 20 000 reais. Dilma também foi multada em 5 000 reais. A sentença, no papel, foi dura. Mas seu efeito prático é um deboche. O anúncio da condenação, na noite de quinta-feira, ocorreu uma hora e meia depois de o partido exibir um novo programa que, não fosse a demora da decisão judicial, nem poderia ter ido ao ar. A Justiça tarda mas não falha, certo? Errado. A decisão só vai ter impacto no ano que vem, quando a eleição presidencial estará decidida. A Justiça Eleitoral tardou e falhou.

A demora do tribunal em analisar o caso adiou a punição para 2011 e permitiu que o PT exibisse cenas eleitorais ainda mais explícitas que as condenadas pelo TSE. Ao lado de Dilma, Lula apontou sua candidata como a responsável pelo sucesso do governo e sugeriu que ela é a única capaz de continuar sua obra. O programa foi visto por mais da metade dos brasileiros que estavam com a televisão ligada. "A relação custo-benefício do desrespeito à lei foi totalmente favorável ao PT", diz Alberto Rollo, especialista em legislação eleitoral. O desprezo que se vê às regras eleitorais não pode ser creditado apenas à notória lentidão da Justiça. Pela legislação em vigor, as campanhas começam somente em julho, depois das convenções partidárias que oficializam os candidatos. Antes disso, como não há candidato, também não há punição para quem infringir a lei, como Lula e a campanha de Dilma vêm fazendo. Ou seja, além de lenta, a Justiça é frouxa na hora de punir. A maior pena já aplicada por campanha antecipada, de 20 000 reais, é irrisória se comparada ao que está em jogo em uma campanha presidencial.

A prova de que crime eleitoral compensa pode ser vista no comportamento do presidente da República. Nos últimos dois anos, Lula participou de mais de 400 eventos públicos. Dez resultaram em investigação do TSE. Cinco já foram arquivados, três ainda não foram analisados e dois levaram o tribunal a multar o presidente. Nesse período, porém, Dilma deixou de ser uma desconhecida do eleitorado para se tornar uma candidata viável, com quase 30% das intenções de voto. Ou seja, a antecipação da campanha, apesar de criminosa, foi vital para a candidata de Lula. Na semana passada, um dia antes de o TSE condenar o PT a uma pena sem efeito, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos e o advogado-geral da União Luís Adams se reuniram para avaliar os riscos da associação entre o presidente e a campanha do PT. Concluíram que, por enquanto, não há problema incontornável. A preocupação deve aumentar apenas depois de a candidatura de Dilma ser lançada oficialmente, em junho.

Ao se levar a avaliação dos advogados ao pé da letra, tudo indica, portanto, que Lula seguirá usando o cargo em benefício de sua candidata. As próximas pesquisas de intenção de voto é que vão dizer se a lei será mais ou menos respeitada. O ministro do TSE Marco Aurélio Mello é um dos mais incomodados com as ilegalidades. Ao votar pela punição ao PT na semana passada, ele anotou: "Confesso que, tendo pisado neste tribunal em 1991 e tendo assumido a presidência em duas eleições, jamais me defrontei com algo tão escancarado".

21 maio 2010

Dilma e o discurso feito sob medida para os bocós do grotão lulista

do blog do Reinaldo Azevedo

Em Nova York, falando a investidores, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou que as virtudes da economia brasileira se devem às conquistas do Brasil NOS ÚLTIMOS 20 ANOS. Há exatos oito dias, no horário político do PT, ficamos sabendo, ao contrário, que o Brasil era um desastre antes da chegada de Lula à Presidência.

Uma coisa é o que o PT fala para os trouxas aqui dentro; outra é o que diz a investidores lá fora, que não têm tempo a perder com bravatas ou disposição para conversa mole. Não é a primeira vez que eles agem desse modo, não.

Em fevereiro do ano passado, o governo brasileiro, por intermédio de estatais, publicou um anúncio, na forma de reportagem, de 10 páginas na revista americana Foreign Affairs. A Petrobras, o BNDES e a Embratur pagaram a conta. O texto cobria a gestão Lula de elogios, destacava a atuação de Henrique Meirelles e, naturalmente, cantava as glórias de Dilma Rousseff. MAS ELOGIAVA, SIM, O GOVERNO FHC. Leiam um trecho:

"Os bancos brasileiros são sólidos e lucrativos graças à estabilidade criada pelo antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso. De maio de 1993 a abril de 1994, FHC, como ele é conhecido, foi ministro da Fazenda do Brasil e introduziu o Plano Real para acabar com a hiperinflação. Embalado pelo sucesso de seu plano, ele foi eleito presidente em 1994 e reeleito quatro anos mais tarde. Cardoso foi sucedido em 2003 por Lula, que também foi reeleito; o mandato atual de Lula vai terminar em 2011".

Por que isso? Porque as pessoas que entendem do riscado sabem quem fez o quê. Dilma, agora, volta a reconhecer que Lula não inventou a roda. Isso quer dizer o seguinte: o discurso estúpido do "nunca antes na história destepaiz" foi feito sob medida para enganar os bocós do grotão lulista.

20 maio 2010

Porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa

Essa semana José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva foram à Marcha dos Prefeitos, em Brasília, onde fizeram exposições e responderam a perguntas. Os organizadores da marcha pretendiam exibir uma animação narrando a saga de um prefeito com um "pires na mão", em busca de verbas para o seu município. Mas, infelizmente, a fita não foi rodada. Por quê? Ora, porque a assessoria de Dilma Rousseff enxergou no enredo um quê de antigovernismo e bateu o pé: Ou Dilma ou a fita.

O famigerado vídeo pode ser assistido lá no alto. Ele expõe um flagelo comum a todos os governos, não apenas à gestão Lula. A película conta, passo a passo, a trilha que o prefeito tem de percorrer para obter verbas federais. Primeiro, o prefeito tem que recolher as demandas dos munícipes. Depois, precisa contatar seus aliados no Congresso, aguardar a aprovação de emendas no Orçamento da União, viajar para a Capital Federal "uma, duas, três vezes" para obter a liberação das verbas e por fim, entregar uma montanha de documentos na Caixa.

Na versão do vídeo, a primeira parcela da emenda parlamentar é retida. Exige-se do prefeito que renuncie a ações judiciais em que questiona dívidas com a União. Dívidas que, no dizer dos prefeitos, não existem ou já deviam ter caducado. Quem se submete a levar a primeira parcela da dívida, inicia a obra. Mas a bucrocia estatal não termina por aí! De súbito, o governo federal segura a segunda parcela e o prefeito se vê compelido a pagar à empreiteira com recursos das arcas municipais. No final, o prefeito é algemado e empurrado para dentro de um camburão.

Segue-se um letreiro com os nomes das diversas operações da Polícia Federal que resultaram em acusações de corrupção contra prefeitos e fim da exibição. Como podemos ver, o vídeo expõe um circuito que, entra governo, sai governo, é marcado pelo malfeito e só mesmo a assessoria da candidata petista para enxergar uma peça oposicionista em sua exibição.

A visão exposta na peça é simplória. O prefeito, de fato, é submetido a um calvário burocrático. Mas o grosso da corrupção não nasce aí. Começa na formação do caixa da campanha, cresce no relacionamento promíscuo do prefeito com o congressista, Viceja nas dobras de licitações manjadas de obras superfaturadas, prossegue no "quanto é que eu levo nisso" dos gabinetes da Esplanada e termina no grande "racha" que tunga as verbas que o Estado vai buscar no bolso do contribuinte brasileiro.

Ficou boiando no ar uma pergunta incômoda: por que diabos a turma de Dilma vetou o vídeo? E não adianta dizer que eles não tiveram nada a ver com isso, pois às 17h32 desta quarta (19): O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, confirmou que a assessoria de Dilma havia vetado a exibição do vídeo.

Estou dizendo isso porque agora há pouco eu estava comentando com a minha namorada o infeliz episódio envolvendo o candidata tucano, José Serra, numa coletiva de imprensa. Segundo ela, a pergunta que fizeram ao candidato tucano se assemelhava a tentativa dos prefeitos de exibir o vídeo que mencioneu acima. Nas linhas que se seguem, vou demonstrar que não há nada em comum entre os dois episódios, exceto, talvez, a tentativa dos candidatos de se fazerem de vítimas todas as vezes que se deparam com algo capaz de por em xeque a sua credibilidade junto aos eleitores brasileiros.

Bom, voltemos a coletiva de imprensa com o candidato tucano, José Serra: Em um dado momento da entrevista, um reporter da Rádio Nacional, que pertence à Empresa Brasileira de Comunicação, pergunta ao candidato tucano se ele pretende acabar com o Bolsa Família. Quando indagado sobre a origem dessa informação, o reporter desconversa e, segundos depois, repete a mesma pergunta. Essa Empresa Brasileira de Comunicação é chefiada por Tereza Cruvinel, que por sua vez, obedece às ordens de Franklin Martins. Sendo assim, é um repórter cujo salário é pago com o dinheiro do contribuinte. Trata-se, portanto, do dinheiro público sendo usado para fins privados. Mas,infelizmente, nem todos os brasileiros conseguem compreender o absurdo que há por trás disso.

Como se não bastasse, a afirmação de que Serra pretende acabar com o Bolsa Família é falsa e carece de crédito até mesmo entre aqueles que estão menos comprometidos com a pré-campanha dos candidatos para a eleição que se avizinha. O reporter que fez a pergunta sabe disso, mas na certa estava fazendo aquilo que lhe foi recomendando pelos seus patrões. O nome disso é terrorismo eleitoral, não indagação jornalística. E sendo o repórter funcionário de uma emissora pública, a coisa fica ainda mais grave, pois se transforma em uma variante da mobilização da máquina oficial contra o candidato da oposição.

Serra já afirmou uma, duas, dez vezes que, se eleito, vai fortalecer o programa. Considerando a sua tragetória política, podemos dizer que não há nenhum indício de que ele esteja mentindo. Vejamos o que é o Bolsa Família? Um programa do governo petista que reuniu várias "bolsas" criadas pelo governo psdbista. Para falar a verdade, o único mérito que Lula teve na confecção do programa foi ter sido capaz de usar a mineirice do ministro da integração nacional, Patrus Ananias, para apresentar um produto velho em um pacote novinho em folha. Dito isso, vamos a pergunta que não quer calar: Por que José Serrá iria querer acabar com uma coisa que teve início no governo do qual ele fez parte? Maluquice? Destrambelhamento? Não sei! Isso só faz sentido no imaginário dos petistas.

Creio que a primeira diferença entre o vídeo que seria apresentando na reunião dos prefeitos e a pergunta sem nexo da qual José Serra foi vítima, está bastante clara: uma faz parte de uma iniciativa independente que contou com o opoio de todos os partidos e da iniciativa privada e a outra faz parte de um jornalismo subvencionado pelas verbas públicas que milita em prol de uma candidata. Mas e a segunda diferença? Calma, já chegamos lá...

A segunda diferença é, a meu ver, a mais grave. O vídeo que foi, sem ter sido, narra a tragetória de um prefeito às voltas com uma série de problemas reais. Pode até ser um relato muito simplista e, se me permitem dizer, com um quê de comédia dos costumes. Mas o fato é que os problemas ali apresentados são reais! E a pergunta que o jornalista da Radio Nacional fez ao José Serra? Está apoiada em quê? Suposições? Ora, o jornalismo não pode se pautar por suposições e ilações. Ele deve ter algo em que possa se fiar. Nesse caso, o que será? Alguma ata do PSDB revelando as suas intenções de acabar com o Bolsa Família? O comentário de um deputado ou senador do partido? Uma declaração do próprio Serra? Não, meu querido leitor! Não há nenhum indício de que o PSDB realmente esteja querendo acabar com o Bolsa Família. Isso é apenas um boato que vem sendo repercutido, ad nauseam, pela imprensa militante que trabalha para favorecer o partido.

Já imaginaram o que poderia acontecer se ao invés de investigar, a imprensa resolvesse aderir ao modo Franklin Martins de fazer jornalismo e passar apenas a insinuar? O resultado seria mais ou menos assim:

- Candidata Dilma, ouvi dizer que a senhora ficou com uma parte do dinheiro que foi roubado do cofre de Adhemar de Barros, isso é verdade?

Reparem que estou sendo gentil, pois Dilma pertenceu ao comando da organização que arquitetou o assalto à casa de Adhemar de Barros, em Santa Teresa e Serra... Bem, Serra nunca deu qualquer pista de que poderia acabar com o Bolsa Família.

Pode-se ainda perguntar a Dilma:

— É verdade que a senhora participou do assalto ao banco Andrade Arnaud, no Rio, feito por sua organização, episódio em que morreu o comerciante Manoel da Silva Dutra?

Sim, eu sei que ela já disse não ter participado de nada disso, embora pertencesse ao comando da organização. Mas, vocês sabem, uma pergunta é só uma pergunta. Imaginem um repórter da, sei lá, TV Cultura a fazer uma indagação dessas à candidata do PT. O mundo desabaria. E os colunistas engajados na mais pura isenção certamente ficariam indignados.

Aliás, Dilma diz que não mudou de lado, não é? Então aí vai outra:

— A senhora ainda é comunista ou renegou o passado?

Não é a primeira vez que um "repórter" ligado a veículo público faz uma pergunta "motivada" por uma fonte escusa. O que nos faz indagar: até quando vamos nos sujeitar a isso? Já não há ilegalidade demais nessa campanha?

14 maio 2010

A Espera de Godot?

De Caio Blinder a Mino Carta, creio que todos os analistas políticos concordam que a visita do presidente Lula ao Irã tem um caráter eminentemente conciliador. Washington tem olvidado todos os seus esforços numa espécie de guerra diplomática contra o regime dos aiatolás e uma boa parte do mundo ocidental acena com a possibilidade de impor sanções mais severas ao regime de Teerã.

Lula é um homem inteligente, não nego, mas por alguma razão misteriosa, prefere aprender como os índios (de ouvido), a passar algumas horas na Biblioteca do Palácio da Alvorada. É graças a esse péssimo hábito, de dar ouvidos ao que dizem os nambiquaras instalados no Itamaraty, que a nossa política externa se converteu nesse amontoado de besteiras marcadas pelo antiamericanismo mais rastaquera.

Haja vista o episódio mais recente protagonizado pelo nosso presidente, na Rússia. Em uma coletiva de imprensa, marcada pelas perguntas relacionadas ao Irã, Lula resolveu discursar acerca das relações do Ocidente com o Oriente Médio e desandou a falar sobre a invasão da Rússia [sic] ao Afeganistão.

No país de Dostoievski, autor do célebre “Os Idiotas”, Lula desempenhou o papel de um rotundo idiota. Mas por que, Thiago? Ora, não foi a Rússia que invadiu o Irã, mas sim a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Pode parecer bobagem, mas há uma diferença e tanto entre as duas coisas. Esse pequeno tropeço histórico fez com que o presidente russo, Dmitri Medvedev, encerrasse a entrevista aos atropelos.

Fico imaginando o que um homem como Lula, que sequer atinou para o fato de que o Afeganistão não fica no Oriente Médio, pretende fazer para selar a paz na região? Não estou querendo menosprezar a importância do nosso presidente no cenário internacional, mas é preciso salientar que outros, tão ou mais populares do que ele, já se dispuseram a mediar o conflito e avançaram pouco ou quase nada.

O Oriente Médio não está à espera de um Godot salvador capaz de solucionar os seus problemas e, ainda que estivesse, Lula não seria o escolhido para desempenhar esse papel. Os iranianos, que não são bobos, estão se aproveitando da política externa translocada do nosso país para ganhar tempo e, num futuro próximo, se converter numa nova Coréia do Norte. Verdade seja dita, não falta muito para isso, pois o país dos aiatolás é tão severo no trato com os dissidentes políticos quando a de Kin Jon Il.

13 maio 2010

Erros da Câmara impõem prejuízo aos aposentados

Do blog do Josias de Souza


Os aposentados ficaram sabendo, na noite de terça-feira (11), que a Câmara lhes pregara uma peça. Os deputados haviam cometido um erro trivial no projeto que eleva o valor das aposentadorias.


A proposta que saíra do plenário na semana anterior continha dois percentuais de reajuste: Num artigo, anotava 7%. Num parágrafo, 7,72%. A pretexto de corrigir a lambança, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), recorreu a uma manobra.


Em “correção” de última hora, Temer apagou do texto o percentual menor. Manteve os 7,72%. E enviou o projeto ao Senado. Pois bem, descobriu-se nesta quarta (12) que, entre o certo e o errado, há sempre espaço para mais erros na Câmara.


Mesmo depois da alteração feita por Temer à margem do plenário, o projeto continuou apinhado de equívocos. Se mantidos, os desacertos vão impor perdas financeiras aos aposentados. Vai abaixo um resumo da encrenca:


1. Temer adotou o aumento de 7,72%, mas manteve no projeto o teto previdenciário que considera o reajuste de 7%: R$ 3.444,22.


2. Aplicando-se os 7,72%, o teto deveria ser de R$ 3.467,40. Ou seja, só nesse tópico, os aposentados foram tungados em R$ 23,18 por mês.


3. Parece pouco, mas, projetada no tempo e suprimida dos cálculos de reajustes futuros, a cifra deixa de ser negligenciável.


4. Não é só: o projeto está repletos de erros também numa planilha que carrega como anexo.


5. Essa planilha contém os percentuais de reajuste conforme a data da concessão das aposentadorias.


6. Quem se aposentou até fevereiro de 2009, recebe o aumento integral: 7,72%. A partir daí, o percentual vai sendo reduzido mês a mês.


7. De março de 2009 em diante, os cálculos estão todos equivocados. Sempre em prejuízo dos aposentados. A perda aumenta conforme evolui o calendário.


8. O brasileiro que se aposentou em março de 2009, por exemplo, deveria receber aumento de 7,39%. Pela planilha, receberá 7,31%. Tunga de 0,08%


9. O aposentado de abril de 2009, deveria embolsar reajuste de 7,31%. A planilha dá-lhe 7,18%. Perda de 0,14%. E assim sucessivamente.


10. O dano começa em 0,08% no mês de março e chega a 0,80% em dezembro de 2009.


11. Submetidos à proposta lesiva, os senadores podem agir de duas maneiras. Ou aprovam tudo como está ou modificam o teto previdenciário e a planilha.


12. Aprovando com os erros, darão a Lula justificativa adicional para vetar o projeto. Modificando, terão de enviar a proposta de volta para a Câmara.


13. Se optarem pela segunda hipótese, os senadores estarão como que condenando os aposentados à ausência de reajuste.


14. Por quê? A encrenca das aposentadorias chegou ao Congresso a bordo de uma medida provisória de Lula. Um documento cuja validade expira em 1º de junho.


15. Devolvida à Câmara, ainda que corressem contra o relógio, os deputados não teriam tempo de votar antes do prazo fatal.


16. Líder de Lula na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) cogitou recorrer contra a alteração redacional promovida por Temer no projeto.


17. Antes, Vaccarezza questionou Temer, no microfone do plenário, acerca dos erros que sobreviveram na proposta.


18. Em resposta, Temer reconheceu, primeiro, que os erros, de fato, existem. Depois, admitiu que o problema não é de redação, mas “de mérito”.


19. Significa dizer que, havendo alterações no Senado, a proposta terá mesmo de retornar à Câmara.


20. Diante dessa resposta, Vaccarezza decidiu dar meia-volta na decisão de recorrer contra o “ajuste” de Temer.


21. Concluiu que é mais negócio para o governo deixar que os senadores descasquem o abacaxi. Se a medida provisória expirar, Lula editará outra.


22. A nova MP virá não com os 7,72% pretendido pelos congressistas, mas com os 6,14% propostos originalmente pelo governo. Na melhor das hipóteses, Lula comete a benevolência de conceder os 7% que Vaccarezza tentara, sem sucesso, negociar.

10 maio 2010

As carpideiras

Ontem o programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, exibiu uma entrevista com o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. Na entrevista, Dutra falou sobre as reiteradas tentativas do PT de limitar o exercício da liberdade de expressão e expôs fatos importantes acerca da "doutrina" do partido. O presidente também aproveitou a oportunidade para justificar as bravatas do PT enquanto estava na oposição dizendo que naquela época, o partido não sabia o que era governar e agora que está no governo, sabe que o buraco é bem mais embaixo.

Estamos vivendo dias de madalenas arrependidas. Os jornais têm as páginas coalhadas de críticos do PT, mas quando olhamos suas biografias... Surpresa! Os críticos mais ferozes são justamente aqueles que ajudaram a fundar o partido; ativistas cujas barbas embranqueceram na militância e que só adiquiriram auguma relevância no cenário político brasileiro graças ao PT. O fato dos ratos estarem dando no pé é um sinal inequívoco de que o barco está afundando. Que o diga a revista Veja, que vem promovendo uma verdadeira guerra contra aqueles que até outro dia, se julgavam os únicos portadores autorizados da bandeira da ética.

- É que o partido, ao tomar o poder, mudou – gemem as madalenas.

Mudou coisa nenhuma! Como Dutra ressaltou em sua entrevista, o partido nunca teve uma identidade política definida. Sua sobrevivência sempre dependeu, e continua a depender, do seu caráter fisiologico. Desde sua origem, a legenda petista exibe um vasto leque de salafrários, que vai desde católicos a trotskistas, passando por marxistas soviéticos, maoístas, polpotistas, castristas... Enfim, todo aquele rebotalho do século passado.

A união de pessoas com pontos de vista tão distintos só pode ter acontecido em função de um único objetivo: a conquista do poder. Acontece que o partido chegou lá e agora fará de tudo para não ter que largar o osso. Encurralados pelas sutilezas da democracia representativa, os petistas não se pejam de acionar a máquina colossal do Estado para esmagar seus desafetos. Nem mesmo um simples caseiro, que teve a desgraça de ser testemunha das reuniões da máfia petista, foi poupado o que dirá aquelas pessoas digamos, mais audaciosas e cheias de si mesmas.

Em geral, as carpideiras são as viúvas do muro de Berlim que hoje atacam o partido com uma fúria ímpar, porque não admitem o desvio de tragetoria dos seus líderes. Ocorre que essas pessoas não podem alegar que se enganaram e afetar uma suposta indignação contra tudo isso que está aí, pois Lula e o seu partido são apenas um reflexo, pra lá de embotado, do socialismo do século passado. Além do mais, mesmo naquela época os dirigentes socialistas não eram exemplos de lisura. As primeiras denúncias da tirania e da corrupção soviética surgiram em 1929, com Panaïti Istrati. Continuaram nos anos 30, com Koestler, Orwell, Camus, Gide, Sábato, Ignazio Silone, Richard Wright, Louis Fischer, Stephen Spender e outros tantos, que foram imediatamente denunciados pelos comunistas como agentes do imperialismo. A denúncia maior ocorreu em 1949, com a affaire Kravchenko. Em 1956, há mais de 50 anos, tivemos o relatório Kruschev. Naturalmente, nem todos os petistas estão, como direi... Carpijando cadáveres. Alguns estão felizes com os rumos do seu partido, mas estes são mais lulistas do que petistas.

Aqueles que se julgam enganados, injustiçados, não tem razão de reclamar. Afinal, foram enganados porque quiseram, porque consentiram. Aqui, pelo menos, escolheram conscientemente um desqualificado, que passou boa parte de sua vida sustentado por um empresário, que como paga recebia favores das prefeituras petistas. Ninguém ignorava isto. Aliás, ninguém ignorava que o candidato à Suprema Magistratura da nação morava em uma cobertura, sem ter condições para tanto. Todos os eleitores de Lula fizeram ouvidos moucos às denúncias que salpicavam as páginas dos jornais e o resultado está aí.

Mas isso é só um detalhe. Digam, vocês não acham curioso que um partido composto majoritariamente por universitários tenha escolhido como líder um operário analfabeto? Eu acho, mas sei que a escolha não foi gratuita. Desde fins do século XIX, os europeus vem cultuando o mito de uma classe operária redentora e mitos, como bem sabemos, costumam ser mais fortes que as pessoas. Dotado de um arcabouço de ideias criados por homens como Antonio Gramsci e Theodor Adorno e tendo a tiracolo o apoio da Igreja Católica e das universidades, não é de se admirar que o partido tenha eleito um candidato como Lula.

E Dutra nisso tudo? Bem, Dutra parece não se ressentir do papel de porta-voz dessa camarilha e segue repetindo que nenhuma das sordidezas que a imprensa vem urdindo contra os petistas é verídica. Por exemplo: quando foi questionado pelo jornalista Fernando Mitre sobre o tal plano que pretende limitar a liberdade de expressão impondo uma forma de controle a industria da comunicação, o petista respondeu célere: "nada disso é verdade... se você ler o programa do partido, verá que não é isso que está escrito". Segundo ele, não há uma única palavra no programa de governo elaborado pelo partido para a candida Dilma Rousseff, que atente contra a democracia.

Eu bem que gostaria de crer nisso, mas infelizmente não posso. A frequência com que o partido avança contra as garantias fundamentais da democracia é espantosa. Recentemente a direção nacional do PT editou um jornal chamado "Movimentos", cujo editorial é assinado por ninguém menos que o próprio José Eduardo Dutra.

Lê-se lá, segundo informa na Folha Ranier Bragon:

"Os movimentos sociais organizados precisam se manter atentos, pois o 'ovo da serpente' está intacto e as mesmas elaborações teóricas, sentimentos de superioridade e defesa de privilégios que animaram os golpistas de 1º de abril de 1964 ainda estão presentes nos corações e mentes da elite".

E onde estariam os golpistas? A turma de Dutra explica, ainda segundo a Folha:

O texto principal do jornal, de 12 páginas, fala que "os articuladores e reais mentores da ditadura" estão "encastelados em entidades patronais, nos meio de comunicação que a ditadura lhes legou, nos espaços conquistados, graças ao seu servilismo, no Poder Judiciário, no Legislativo e na burocracia dos Executivos".

O jornal procura ainda associar o pré-candidato tucano José Serra, ao ambiente que resultou no golpe de 64. É verdade! Serra que foi presidente da UNE, que foi perseguido e exilado durante a ditadura, conspirou para... O surgimento da ditadura! É ou não é um petardo digno das mentes petistas mais brilhantes? E Dutra ainda manda ver na página 7 dizendo: "É Dilma ou barbárie"! Dessa forma ele ecoa, de modo bucéfalo, o "socialismo ou barbárie", da revolucionária Rosa Luxemburgo e estabelecve uma relação inequivoca com o socialismo. Com esse bordão, o jornal mostra a candidata petista como a última esperança socialista.

Ao atentar contra a democracia insinuando que o adversário representa a volta aos anos de chumbo que ele próprio ajudou a combater, o PT capitaliza a luta contra a ditadura e exclui o direito democratico dos outros partidos de se oporem a ele. O eleitor brasileiro não pode permanecer indiferente a essa táctica suja de reivindicar as glórias para si e atribuir os fracassos aos outros. A estratégias das carpideiras não pode prevalecer, do contrário eu e você é que nos tornaremos as carpideiras!

29 abril 2010

Gente que mente

Do blog "Imprensa Marron", do Gravatai Merengue.

Não, não falarei de quem usa a baixaria como estratégia, mas sim daqueles que usam a velha tática de imputar aos outros esse tipo de coisa. A velha história: "fulano faz baixaria", sem dizer qual exatamente foi o ato de baixeza. É uma saída clássica para quando não se tem para onde correr e, no caso em tela, algumas mentiras são reveladas para desespero dos mentirosos.

Falo aqui do GENTE QUE MENTE, um blog criado pelo PSDB para desmentir lorotas petistas (convenhamos, não são poucas e, nos últimos tempos, provavelmente já bateram recordes mundiais ou ao menos sul-americanos). Não é preciso ser exatamente um gênio para descobrir a autoria, pois há meses a Folha de São Paulo já divulgou o site e, além disso, há símbolo e link para o partido no rodapé da página.

Mas vamos aos fatos.

O mecanismo se provou eficiente e, desde sua criação, houve um crescimento exponencial no número de acessos. Diversas mentiras do governo e da campanha do PT foram desmascarados incontestavelmente. Vários exemplos podem ser citados:

- Números Inflados do PAC
- Obras Desaparecidas do PAC
- Dilma e Microsoft (alegando usar SL)
- PAC e Desmatamento
- PT e Tancredo (histórico de 1985)
- Promessa de Mobília a Quem Não tem Casa (!!!)
- PT e Lei de Responsabilidade Fiscal
- Lula e Versões sobre Mensalão
- Farsa da Internet Gratuita
- Foto da Norma Bengell
- Dilma em Honduras
- Falsos Diplomas
- Lula Condenando Belo Monte
- Dilma Usando a Religião
- etc. etc. etc.

São cerca de 79 páginas desmentindo cascatas proferidas pelo PT, um instrumento de utilidade pública, jamais um "blog de baixaria". Aliás, qualquer um pode ir até lá e apontar qualquer "ato baixo", caso encontre algum.

Quando na oposição, o PT - oficialmente - usava o slogan "Fora FHC" (assim mesmo, sem vírgula vocativa), e é hoje o mesmo partido que acusa os outros de golpismo pelo fato de meramente criticar a corrupção de seu governo. E, também, coloca sua blogosfera partidária a chamar de "baixaria" toda e qualquer análise negativa ou, bisonhamente, sites criados para DESMENTIR suas lorotas.

Não, não é baixaria. A grande baixaria é mentir. E, se há difamação, que procurem o Poder Judiciário. Por que não o fazem? Simples: não há nada disso. A idéia não é usar as vias oficiais, pois sabem que não têm razão. Pretendem fazer o de sempre: instituir uma campanha risível para tentar desacreditar um instrumento criado justamente para dizer a verdade sobre suas mentiras.

E como fazem isso? Falando mais e mais mentiras. É o velho método de uma facção podre do petismo. O eleitor com três neurônios já percebeu o jogo e, exatamente por isso, o GENTE QUE MENTE cresce cada vez mais. E é esse o fato que os preocupa.

Não adianta gritar "é baixaria". Cadê a baixaria? Apontar uma mentira petista, desmascará-la e trazer a verdade é um "ato baixo"? Não, não é. Isso é o que nunca houve e, talvez pela de forma inédita, alguém esteja fazendo com alguma competência. Aos desmascarados, resta o chilique.

Quem não se lembra do "Mulheres Com Dilma", criado como se fosse um site de amigas da candidata, mas depois desmascarado como iniciativa da agência que cuida de sua campanha? Blogs ligados ao petismo divulgavam como iniciativa independente e, hoje, a própria agência já assume como obra sua. Ninguém mais fala nisso. O GQM, ao contrário, sempre foi um blog partidário criado para desmentir lorotas. Simples assim.

E, honestamente, espero que o GENTE QUE MENTE continue e até mesmo aumente a dose, já que as mentiras dos outros, pelo visto, nunca param. Se possível, o site poderia trazer também fatos importantes sobre alguns "acusadores". Talvez por esse motivo, com receio de que sejam os próximos a ter as ocultas verdades reveladas, insistam em desacreditar o site.

Muitos sabemos do que eles têm medo.

28 março 2010

Por uma Dilma mais livre e um Lula mais trabalhador

O site da Presidência da República é um manancial de informações. Toda a movimentação presidencial está ali. As agendas. Os eventos. A cobertura interna que alimenta a imprensa pública e privada. Sabe em quantos eventos Lula participou junto com a Dilma apenas em 2010? 41 eventos, entre inaugurações, promessas, visitas, etc. Sabe quantas fotos no site presidencial, de Lula com a candidata, esta intensa movimentação gerou? 204 fotos! Tem foto de caras, bocas, biquinhos, mãozinhas, brincadeirinhas...Agora, atenção: sabe quantas agendas oficiais de trabalho o Lula teve com a Dilma nos últimos 85 dias? Uma, uma única agenda oficial, de despacho, de reunião interna! Quer ver como Lula abandonou completamente o trabalho para fazer campanha para Dilma? Paulo Bernardo, ministro do Planejamento do Brasil: 4 agendas com Lula em 2010, um único evento. Guido Mantega, ministro da Fazenda do Brasil: 3 agendas, nenhum evento com Lula. José Alencar, vice-Presidente do Brasil: 4 agendas, 5 eventos com Lula. Os números não mentem. Lula trocou a agenda de trabalho por uma agenda de campanha eleitoral.

A caminho da banca rota

por Mary Zaide

A repugnante frase do então governador de São Paulo, Orestes Quércia – "Quebrei o Estado, mas elegi meu sucessor" –, tem tudo para virar fichinha perto dos abusos do presidente Lula para tentar eleger Dilma Rousseff.

Protegido pela couraça da popularidade e há muito só com olhos nas eleições, Lula age sem qualquer limite. Jamais desce do palanque e lança seus dardos para todos os lados. Agride a fiscalização do Tribunal de Contas da União, que "paralisa o país", zomba da Justiça Eleitoral e culpa terceiros quando seus tiros acham os pés.

Faz o que não deveria e não poderia. E livre, leve e solto, sem oposição que lhe puxe os freios, ainda acusa a imprensa de só noticiar os malfeitos.

Lula consegue até o aval do adversário, o pré-candidato tucano José Serra, que, com a mesma tortuosidade de raciocínio, taxou de "leviandade em matéria jornalística" as críticas que recebe e, assim como Lula, reclamou de não ver notícias positivas de seu governo. Ambos fingem que não sabem a diferença entre jornalismo e publicidade, embora gastem fortunas no segundo item.

Às leis e às instituições, o presidente parece não ter lá muito apreço. Trata-as sempre de acordo com sua conveniência. A Justiça torna-se injusta quando lhe desagrada. O Congresso Nacional - o mesmo que ele dizia abrigar "300 picaretas" – tem valor se lhe é dócil e servil, e vira o culpado da vez quando atua com alguma independência.

Basta lembrar a votação que extinguiu a CPMF ou a recente alteração, pela Câmara dos Deputados, da divisão dos royalties do petróleo, que golpeou de morte o Rio de Janeiro do aliado Sérgio Cabral (PMDB). Foi Lula quem antecipou o debate sobre o pré-sal, insistindo na urgência urgentíssima do projeto que ele enxergava como trunfo eleitoral. Como a flecha cravou o alvo errado, o culpado passou a ser o Parlamento.

Lula transfere culpas com a mesma naturalidade com que infringe leis. Na última quarta-feira, de uma só vez jogou no lixo a legislação eleitoral e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), um dos pilares da estabilidade econômica.

Ao anunciar que enviará ao Congresso uma proposta de lei que, a exemplo do que já fizera com o PAC, classificará como transferência obrigatória repasses para prefeituras inadimplentes, Lula não só rasgou a LRF, como incentivou o seu descumprimento. O efeito perverso da idéia vai ainda mais longe, pois é sabido que indulto a devedores acaba por penalizar os que se esforçam para manter seus pagamentos em dia.

Sob qualquer ótica, é inadmissível que um presidente da República estimule ilegalidades. Mas Lula parece fazê-lo sem pestanejar. Opta pelas vistas grossas quanto às invasões do MST, tergiversa sobre o envolvimento dos seus em escândalos, protege aliados a qualquer custo, até mesmo alguns malversadores confessos. José Sarney, Renan Calheiros, Delúbio Soares e outros tantos que o digam.

Se estimular a ilegalidade já choca, pior ainda é cometê-la.

No palanque em que mimou prefeitos mal pagadores e no dia seguinte, em Tatuí, no interior de São Paulo, Lula voltou a fazer chacota da Justiça Eleitoral, que já lhe imputou duas multas por propaganda antecipada. Explicou que estava proibido de dizer o nome de sua candidata - deixa malandra e ensaiada para que a platéia, em delírio, entoe o coro: "Dilma, Dilma".

Irrisórias ou não, as penalidades, aplicadas meses depois dos delitos, são incapazes de inibir Lula de protagonizar propaganda eleitoral explícita, com recursos públicos, nos palanques do governo.

Da mesma forma, parece não se importar com a quebradeira moral que patrocina e o tamanho da pendura que está deixando para o futuro. Mas também isso não tem a menor importância para quem só pensa em eleger o seu sucessor.

Perto de Lula, Quércia é quase um ingênuo.

16 março 2010

Podem tirar o cavalinho da chuva

Pode parecer prematuro uma declaração de voto a seis meses da eleição. No entanto, nas últimas 72 horas fui assediado por mais de meia dúzia de movimentos, sites, conjunto de blogs e quetais, todos se apresentando como "anti-Dilma". Apesar da participação de pessoas bem intencionadas, estes assédios configuram claramente um disfarçado movimento pró-Serra. Testei alguns destes convites dizendo que não estava interessado em nada que beneficiasse tucanos, e a resposta invariavelmente foi: existe alguma alternativa ao PT, além de José Serra?

Por que não abrem o jogo e convidam pessoas a um mutirão para eleger Serra? Por que se escondem hipocritamente atrás de um convidativo movimento "anti-petista"? Será que se envergonham de defender o voto num moleque de recados de George Soros, da ONU, do Diálogo Interamericano, da CEPAL e do Movimento Socialista Fabiano?

Originou-se num destes movimentos - um que reúne uma imensa quantidade de blogs - um email com a comparação entre as biografias de Dilma e Serra, em que a primeira é mostrada como o diabo em pessoa e o segundo como um anjo que desceu nos céus para nos livrar da ditadura petista. Quem conhece a biográfia de José Serra, sabe que isso não passa de uma mentira deslavada. De uma lado, um injustiçado perseguido sem nenhuma razão pelos sanguinários militares. De outro, uma terrorista, assassina, ladra e tudo o mais. Sim, Dilma foi tudo isto e seu lugar deveria ser a cadeia e não o Planalto. Mas quem é mais execrável: ela, que colocou sua vida em risco na luta aberta, ou Serra que, de um gostoso e confortável exílio se converteu em uma ispiração para as ações revolucionárias que as dilmas e os dilmos da Ação Popular Marxista Leninista do Brasil executavam? Corre na boca miúda que o candidato tucano teria, inclusive, liderado ações terroristas do seu exílio. Não sei se isso é verdade, mas não me surpreenderia se amanhã ou depois, descobrissemos que Serra não é esse anjo de candura que pitam.

Não tenho a mínima intenção influenciar quem quer que seja, mas é preciso que se diga a verdade: Serra não é, e nunca foi, um candidato de direita. Ao contrário, ele sempre teve afinidades com partidos e movimentos políticos de esquerda . Consta que numa declaração a revista Piauí, o governador de São Paulo afirmou que ele era um político "ainda mais a esquerda do que o presidente Lula" e a julgar pela sua tragetória político, deve ser verdade!

Como autêntico liberal-conservador à moda antiga, acredito que só homens livres, capazes de pensar por si mesmos, de forma independente e autônoma, podem construir uma ordem nacional e internacional realmente livre. Não aceito - e desdenho - de movimentos coletivistas de quaisquer orientações ideológicas, que estão destruindo nosso País. Por isto, peço encarecidamente que se abstenham de me convidar para outros movimentos deste tipo. Ficarão simplesmente sem resposta!

12 março 2010

De Cuba com carinho


* Espero que a Yoani Sanchez me perdoe por essa!

Ainda a Emenda Ibsen

Acabo de postar um texto sobre a Emenda Ibsen em que questiono se o presidente Lula irá mesmo se comprometer com o acordo que havia sido firmado entre os estados produtores e o governo federal. Mal terminei de publicá-lo e eis que me deparei com a seguinte notícia:

Lula diz que seria melhor esperar as eleições para discutir sobre partilha dos roylaties do pré-sal

Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta (12), em Curitiba, que, quando apresentou a proposta do novo marco regulatório para a exploração de petróleo na camada pré-sal, ponderou com os partidos políticos que não seria importante discutir este ano a distribuição dos royalties por se tratar de um ano eleitoral.

"As pessoas acham que cada um vai fazer o jogo que interessa eleitoralmente à sua região e não ao Brasil", argumentou. Segundo o presidente, foi feito um acordo entre as lideranças de todos os partidos políticos para que se chegasse a uma determinada composição na distribuição dos royalties e este acordo não foi cumprido.

"Vamos aguardar para ver qual o tempo que o Senado levará para votar. Vamos ver se será o tempo que um projeto de urgência permite. Sei que tem gente entrando com recurso no Supremo Tribunal Federal alegando inconstitucionalidade".

Lula não poupou os governadores que criticam a forma de distribuição diferenciada prevista na emenda do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS). "O momento não é de briga, mas de conversa, de diálogo. O petróleo é de boa qualidade e tem muita quantidade, não é preciso brigar, vamos deixar que prevaleça o bom-senso".

Em rápida entrevista, depois que visitou a fábrica de computadores Positivo Informática, o presidente voltou a criticar a indústria automobilística que, segundo ele, no auge da crise financeira, deu “uma parada muito brusca em seus investimentos por orientação de suas matrizes”.

O Brasil, lembrou o presidente, em março de 2009 já começou a bater recordes de vendas de carros novos e este ano repetiu este recorde e, para ele, não havia motivos para a produção ficar parada. Lula disse que vários setores, mesmo com investimentos garantidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), resolveram paralisar devido às incertezas. "Somente quem não parou foi o governo", afirmou.

"Na hora que a crise surgiu, tomamos a decisão de aumentar os investimentos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], da Petrobras e garantir mais crédito e financiamentos no Brasil. O ministro Guido [Mantega, da Fazenda] tem toda razão. Terminamos o ano de forma extraordinária e com perspectiva de crescimento excepcional para 2010".

Durante a visita à fábrica, o presidente se disse satisfeito com a média da idade dos funcionários, em torno de 25 anos, sendo que 70% são mulheres. A empresa, criada em 1989, emprega cerca de 5,8 mil funcionários em três fábricas, localizadas em Curitiba, Manaus e Ilhéus (BA). "Essa empresa, que é líder na produção brasileira de computadores [com 6 milhões de unidades por ano] começou a crescer graças ao programa Computador para Todos e isso me deixa orgulhoso. Brasileiro fazendo o Brasil crescer".

* * *

Comentar o que depois disso? E ainda tem gente que jura com os dois pés juntos que o PT é um partido idôneo!

Até tu, Ibsen?

Com a aprovação da Emenda Ibsen, de autoria do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB – RS), foi consumado o esbulho dos estados produtores de petróleo. Esta emenda é a maior afronta ao princípio federativo em toda a história do nosso país, pois gera instabilidade jurídica e compromete a economia dos estados produtores que contavam com os royaltes para amortizar a sua dívida pública.

Não é minha intenção tratar da cena ridícula protagonizada pelo governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB – RJ), em uma palestra na PUC, mas sim falar das conseqüências práticas da aprovação da Emenda Ibsen. Chorar por causa dos royalties do petróleo me parece coisa de gente sensível demais, que faz dumping com a própria emoção.

O Rio já havia sido prejudicado por um substitutivo aprovado em dezembro do ano passado, destinando 44% da receita obtida com os royalties para os estados não-produtores. Essa negociação reduziu a fatia da União de 41% para 20% e deixou o governo do Estado do Rio de Janeiro com apenas 25% da sua receita original. Cálculos do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) apontam que a emenda Ibsen aumentará a perda de receita anual dos 87 municípios, que vai cair de R$ 2,65 bilhões para R$ 180 milhões e fará com que o governo do estado deixe de receber outros R$ 4,9 bilhões em um ano.

Como podemos ver, a Emenda Ibsen não leva em conta que as cidades e os estados que estão sob a influência da exploração de petróleo arcam com os custos sociais decorrentes da atividade, como: crescimento desordenado, demanda por moradias, escolas, infra-estrutura etc. Além, é claro, das perdas ambientais. A exploração da camada do pré-sal irá liberar milhares de metros cúbicos de gás carbônico em nossos mares, provocando a morte de dezenas de espécies marítimas e aumentando consideravelmente a emissão de gases do efeito estufa. Fico me perguntando como o Brasil pretende cumprir a meta aprovada no COP-15, em Copenhagen, de diminuir as emissões de monóxido de carbono até 2015? Onde estará o ministro do meio-ambiente e seus coletinhos multicoloridos para protestar contra esse crime de lesa humanidade?

Os defensores da Emenda Ibsen, alegam que o petróleo está situado em uma área que pertence a União, portanto, todas as unidades federativas têm direito aos lucros aferidos com a sua exploração. Parece uma tese razoável, mas basta um exame preliminar para perceber que se trata de uma estultice. Por esse raciossímio, Rio de Janeiro e Espírito Santo tem direito a uma parte dos lucros obtidos através da exploração das jazidas de ouro em Eldorado dos Carajás, da produção de energia na hidroelétrica de Itaipu e das patentes de medicamentos oriundas da Floresta Amazônica. Enfim... É uma tese estúpida; baseada num igualitarismo tolo e retrogrado!

O governo federal afirma que é contra essa emenda e o líder do PT na Câmara, deputado Candido Vacarezza (PT – SP), já adiantou que o presidente Lula irá vetar a proposta e restabelecer as regras atuais. Talvez eu esteja sendo cético e até pessimista, mas não acredito na palavra dos petistas. Se o governo queria manter o acordo firmado com os estados produtores, por que não mobilizou a sua gigantesca base aliada e deixou claro qual era a sua vontade, a exemplo do que fez tantas outras vezes? Sem esse empenho, era evidente que os deputados fariam embaixada para seu eleitorado.

No fim das contas, esse imbróglio acabou prejudicando o PT e ajudando a oposição, pois Lula acabou ficando numa saia justa daquelas. Se o presidente quiser honrar o acordo firmado com os estados produtores, terá de ir contra 369 parlamentares que votaram a favor da Emenda para fazer média com os seus eleitores. Já imaginaram o custo político desse veto? Esperemos que assim como das outras vezes, Lula confie na sua inabalável popularidade de 240% e faça prevalecer a sua vontade. Afinal, governar também é contrariar, não é?


* Em 1994, o deputado Ibsen Pinheiro, teve seu mandato cassado pela CPI que investigava as irregularidades no Orçamento da União. A revista Veja, cobriu o assunto e publicou um artigo cuja chamada era "Até tu, Ibsen", o mesmo título desse post.