06 julho 2010

Comentários sobre as ideologias na História Moderna e sobre a necessidade de se investir num processo de nacionidade europeu, de modo a sedimentar a integração européia

Em um artigo que eu li chamado Nacionalidade, de Lord Acton (o qual você encontra no livro Um Mapa da Questão Nacional, ou Mapping the Nation, no original), Acton aponta que entre a partilha da Polônia até os dias atuais existiram três teorias de tomada do poder, ou ideologias.

1) O Igualitarismo de Rousseau, substanciado na democracia como elemento de identificação da votade geral, o qual isso é praticado em quase todos os países.

2) O Comunismo, de Karl Marx, o qual já tivemos a oportunidade de discutir e de exaurir a questão.

3) A Nacionalidade, de Mazzini, um dos responsáveis pela unificação italiana

A nacionalidade, enquanto direito natural de auto-organização dos povos, começou a ser uma questão seriamente debatida a partir da partilha da Polônia, entre Rússia, Império Austro-Húngaro e Prússia, os mesmos países que fizeram parte da Santa Aliança. Na Polônia, uma pessoa sem sangue real foi feita rei de seu povo e não havia possibilidade para as monarquias absolutas assumirem o controle da Polônia por meio da sucessão hereditária.

Pela primeira vez na História da Europa, um estado cristão foi destruído e seu povo foi divido entre seus conquistadores. Poucas pessoas tiveram a coragem de criticar o tratado de partilha. Uma dessas poucas pessoas foi Edmund Burke, quando era colaborador de uma revista da época chamada Annual Register.

Num exercício de história comparada, Acton nos aponta que a história da religião teve vários exemplos de como se eletrificar as massas para uma causa. Enquanto Wycliff e Hus criticaram alguns aspectos do ensino católico, Lutero foi o primeiro a criticar a autoridade da Igreja, dando a cada pessoa o direito de escolher as suas crenças, o que valeu uma guerra civil européia - as Guerras de Religião. Dessas lições, passadas para a política, Napoleão disse: "as pessoas não morrem por ninharia, por causas pequenas - é preciso falar à alma do cidadão, de modo a eletrficá-lo e a fazê-lo lutar por você e pelo seu país" (esta citação, que eu traduzo livremente para nossa língua, encontra-se em inglês e está descrevendo a tecnologia nacionalismo, do jogo Civilization IV)

Analogamente, a Revolta da Holanda contra a Espanha foi pautada na tese de que o soberano espanhol não respeitava os direitos naturais de seus súditos. Na Revolução Francesa, o rei foi derrubado em função de sua origem.

Inclusive no Hino Nacional da Holanda existe um trecho no qual se diz o seguinte: "o Rei da Espanha, eu sempre reverenciei."

Os holandeses a princípio queriam destituir o Duque de Alba, que era excessivamente impopular, e também fazer um apelo para a tolerância religiosa na região. Bastou a trégua ocorrer, que as relações entre espanhóis e holandeses foram respeitadas. Quando a trégua acabou, o Conde Duque de Olivares não buscou manter a paz; taxou os holandeses com pesados impostos, retomou a guerra usando os temidos terços e ainda por cima quis obrigá-los a adotar o Catolicismo.

Já quanto à França, o fato é que nenhuma região da antiga Roma se acostumou tanto ao sistema de absolutismo dos césares do que a Gália.

Enquanto nas outras regiões da Europa os feudos, um instituto germânico, moldavam a cultura dos outros povos, na França os feudos eram um corpo estranho, insituído por francos, de origem bárbara, considerados inferiores aos romanos, em termos de moral e de costumes. O absolutismo francês está fortemente relacionado à necessidade de reforçar a autoridade real para que esses institutos ganhassem força e moldassem o novo povo francês. A lei sálica, que proibia a ascensão de mulheres ou de pretendentes à coroa francesa por linhagem feminina, desaguou na Guerra dos 100 anos entre ingleses e franceses, pois o rei inglês Eduardo III foi preterido por Felipe de Valois, cortando de vez as relações de parentesco entre os ingleses (governados pelos Normandos) do resto dos franceses. Some-se a isso também a prisão de um Papa em Roma feita pelo rei Felipe IV, o Belo e a colocação de um papa francês na cidade, de Avignon, gerando uma crise política e moral durante a Idade Média, divorciando-se de vez o poder temporal do espritual, ao se gerar o problema permanente das investiduras, mais tarde resolvido na concordata de Worms. O papa ameaçou excomungar Felipe IV, o Belo por estar confiscando os bens dos Templários, cavaleiros à serviço da Igreja nas Cruzadas e que protegiam os peregrinos dos assaltos dos ladrões nas estradas.

A Inglaterra é o que é porque desde Guilherme, o Conquistador, as terras foram distribuídas entre os nobres que lutaram com ele e os feudos foram moldando o caráter do povo inglês, pouco a pouco. A convivência com os feudos vizinhos e os mil anos de estagnação da economia européia durante o feudalismo foram o fato gerador das várias nacionidades européias - o caráter local, regional da fonte de Poder dos nobres, devido a inexistência de uma autoridade central, completou o processo de sedimentação.

Devido a essas diferenças de evolução que houve dentro da História dessas duas nações, as Revoluções Inglesa e Francesa tiveram duas conseqüencias completemente diferentes: em 1688 a revolução inglesa conservou as liberdades que o povo inglês havia conquistado desde a chegada dos normandos, em 1066. Em 1789, o povo francês quis criar a liberdade a partir do zero. 

A tentativa de se criar a liberdade a partir do zero, através do Estado (liberdade pública) se deveu a algumas características:

1) Fronteiras políticas coincidindo com as fronteiras naturais

2) O povo francês é pautado na etnia e na raça

3) Rejeição a toda e qualquer autoridade estrangeira

Esses dados todos seriam a base da nacionalidade no direito constitucional e internacional a partir daí. Todos os povos a partir de então, por influência francesa, acreditaram numa liberdade a partir da nação. Mas todos se esqueceram das lições da História e das leis invisíveis que regem as relações entre os indivíduos, que são tão essenciais ao progresso civilizatório dos povos - reduzir o direito à lei posta, que foi a conseqüencia funesta da Revolução Francesa, só teve uma conseqüência: ao se proclamar como absoluto o falso princípio de que lei escrita é a lei eficaz, isso só causou instabilidade política nos governos futuros, bem como o problema da falsa transparência no direito, pois as leis ficaram idealistas e românticas demais, pois a lei, ao ficar acima do costume, não permitia que certas tradições, que favorecem à integração entre as pessoas e que estimulam a responsabilidade moral entre elas, se mantivessem inalteráveis e assim continuassem a regular a vida dos cidadãos por meios dos seus sentidos e por meio da razão, quando estão em suas experiências de sociablidade. Todos os sistemas do civil law passaram a ser sistemas falhos, ao adotar técnica da presunção, em vez do precedente, na solução de controvérsias jurídicas entre os cidadãos e entre os cidadãos e o governo, ou entre um nacional e um estrangeiro. O sistema presuntivo, fruto do nacionalismo, reduziu a solução de controvérsias internacionais a uma lógica tribalista, o que foi um grave retrocesso, durante o século XIX até o final da Segunda Grande Guerra, quando o positivismo jurídico passou a ser o pensamento jurídico dominante na Europa.

Nesse período, o grande problema do nacionalismo ficou claro: ele depende da política de Estado, especialmente da política de se identificar o amigo do inimigo. Carl Schmitt, jurista dos nazistas, bem definiu essas características. Como a nacionalidade é definida por critérios étnicos, temos aí materialismo histórico. O problema do racismo e da xenofobia só pode ser explicado a partir do fenômeno do nacionalismo.

Acton explica que algumas vantagens do cosmopolitismo dos reinos medievais: povos diferentes acabavam se integrando e colaborando entre si, e as virtudes do povo mais forte melhoravam os povos mais fracos. Dessa forma esses povos agiam em pé de igualdade uns com os outros.

Durante a Idade Média, houve o renascimento comercial e o ressurgimento das cidades, como conseqüência disso, pois um dos efeitos decorrente dos direitos de propriedade está em promover a integração e a responsabilização das pessoas na praça, um dos fundamentos da liberdade: a igualdade perante à lei, em termos de direitos e obrigações, passou a ser princípio natural lógico, próprio da ordem estatuída em Estado de Direito.

No século XIX, com o nacionalismo, alguns povos se diziam superiores a outros povos. Os alemães foram peritos nisso. O racismo de Marx se explica em função desse nacionalismo.

Na década de 1980, ao tempo da queda do Muro de Berlim, John Borneman, ao estudar a divisão da sociedade alemã forjada politicamente durante a Era do Muro da ergonha, estabeleceu a diferença entre nacionidade (nação como um lar) e nacionalidade (nação como religião)

A nacionidade, pelas investigações que eu venho fazendo, decorrem da nação ser tomada como um lar, uma ordem espontânea, onde pessoas de diferentes origens cooperam umas com as outras para poderem progredir em suas vidas. A nacionidade se funda nos seguintes aspectos.

1) Comércio como uma forma de aproximação dos povos

2) A propriedade como uma forma de integração entre as pessoas e de torná-las responsáveis.

Esses fatos podem ser percebidos mais claramente durante a Baixa Idade Média, com o
renascimento urbano. Feiras como a de Champagne tenderam a ser naturalmente internacionais.

Os pesos e medidas usados, na Inglaterra, na França, e nos Países Baixos vinham dessas feiras.

Ao longo do século XX, um exemplo de Nação ser tomada com religião foi a Alemanha de Hitler, sob o nacional-socialismo.

Dos três sistemas, a nacionalidade, como uma forma de socialismo, é o mais promissor deles todos, pois o igualitarismo de Rousseau está implícito nele.

O nacionalismo, ao contrário do que se diz, não é amar a Pátria.

O nacionalista advoga a superioridade de sua Nação frente às demais, e com isso, passa a se tornar xenófobo, imperialista, etc.

Já a nacionidade constitui um outro fenômeno, no qual os povos tomam suas Pátrias como lares e querem o melhor para eles. Inclusive, tomam o comércio como algo para arrecadar lucros para seus lares e fazê-los crescer.

O nacionalista invade e toma lares alheios; já o nacionista tolera os demais lares e quer fazer crescer o que é seu, sem querer prejudicar o lar alheio.

O nacionista se baseia naquela frase do vizinho hospitaleiro: "minha casa é sua casa". Os estrangeiro que vai para outro país só quer trabalhar e se sentir bem em um lugar que ele possa chamar de lar. A terra nativa dele, devido aos ditadores, tornou-se uma porcaria, um lugar inviável de viver.

Se o estrangeiro se sente bem na nova casa, ele pode ser tomado como nacional e passa ter os mesmos direitos do nacional. A naturalização é um instrumento que não serve para nada - o que conta é as pessoas se sentirem bem, em suas casas.

Para o nacionalista, o estrangeiro representa um risco. Para o nacionista, ele representa um amigo. O amigo estrangeiro contribui através do seu trabalho para a grandeza de uma nação, inclusive ele próprio poderá atrair investimentos e novos amigos para a sua nova casa.

Enquanto o nacionista recebe o estrangeiro de portas abertas, o nacionalista o expulsa ou o discrimina.

O nacionalista é um ser tão autoritário que defende até mesmo a criminalização da imigração.

A Itália, sob Berlusconi, fez uma lei com o intuito de impedir a vinda dos imigrantes africanos, que estavam se refugiando em massa para lá.

O que Berlusconi fez é crime contra a humanidade e ele deveria ser julgado em Haia por isso. A maioria dos africanos estava fugindo das ditaduras que há naquele continente.

Se Berlusconi sofreu castigo por causa disso, provavelmente os dentes perdidos durante a agressão sofrida respondem a essa questão.

Há uma certa preocupação, para alguns europeus, de que a baixa natalidade da Europa e a imigração maciça de muçulmanos tornem a Europa muçulmana em menos de 100 anos.

Há até um documentário da BBC preocupado a desmentir isto, porém o susto dessa história é tamanho que serviu para ajudar a aumentar a natalidade na França e na Alemanha.

Só sei de uma coisa: a Itália um dia irá se arrepender desta lei e a verá como um equívoco da era Berlusconi.

O grande perigo é usar o natalismo como uma forma de nacionalismo. Mas isso comentarei em outra oportunidade.

* * *

Nos EUA, principalmente, há um movimento de defesa da língua inglesa contra a suposta ameaça hispânica.

Se os hispânicos tomam a América como o seu lar, a tendência é eles preservarem o inglês e o Espanhol. Países bilíngües são melhores do que aqueles que adotam uma língua só.

O Canadá é um país bilíngüe, mas erros na política interna do país, como forçar o
recrutamento do povo de Québec para lutar numa guerra na qual eram contra, como a Primeira Guerra Mundial, só fizeram por promover um verdadeiro racha.

Esse problema é internacional. Para ser resolvido, os países precisam colaborar uns com os outros. Mas infelizmente a ONU, hoje em dia, só tempo para fazer proselitismo ideológico e politicamente correto.

Às vezes a legislação dos países que adotam o Welfare State agrava a falha. Tanto a Itália quanto a França têm uma legislação pautada no direito de sangue. Isso significa dizer que os filhos desses refugiados não serão nem italianos ou franceses, mas apátridas. E esses apátridas vão precisar dos serviços públicos desses países pra poder se manter - e isso é um prato cheio para políticos como Jean Marie Le Pen, notório político xenófobo da França, promoverem o renascimento dessa podridão que é o fascismo e a xenofobia.

E essa é a diferença entre o que são os EUA e esses países: os EUA tornaram americanos esses imigrantes - e eles fizeram dos EUA o país que é hoje. A Itália e a França pautaram suas legislações numa época de rejeição à monarquia absolutista. Hoje os tempos mudaram - por isso essas leis precisam ser atualizadas.

Desenvolver uma nacionidade européia é a única maneira de viabilizar o sonho de uma Europa unida, tal como foi visto pelo Conde Koudenhove-Kalergi, em seu livro Pan-Europa. Uma Europa unida sob a tradição do universalismo cristão, dos principios do direito romano e na filosofia grega - o onde a abertura ao recém-chegado empreendedor e a antropofagia cultural (com o intuito de assimilar as qualidades de cada povo consitituinte dessa nova União) façam do continente uma terra de liberdade, tal qual o seu irmão mais velho, os Estados Unidos da América, o é por execelência.

A nacionidade é a base para a formação dos futuros Estados Unidos Europeus, mas esse processo deve ser feito de baixo para cima e não imposto unilateralmente por governos, como tem sido feito desde o tratado de Maastricht, em 1992.

Esse processo só se sedimentará com o tempo, e esse tempo de maturação é naturalmente longo - são necessários séculos para que uma nova ordem emerja em união sincera e indissolúvel. Há muitas feridas que precisam ser cicatrizadas, pois o continente é um barril de pólvora por natureza, palco de muitas revoluções, guerras e derramamento de sangue (inocente em muitos casos)

A fundação de uma nova ordem civilizada pautada na nacionidade constituirá, pois, a próxima etapa, o ponto de partida para um novo estágio de progresso civilizatório na humanidade.

Precisamos estudar suas causas, com o intuito de promover a integração entre os povos.

Agindo assim, o jurista será um médico: previnirá o mal e deixará as feridas se cicatrizarem sozinhas, com o auxílio de remédios que coíbam o mal em vez de agravá-lo. Nesse ponto, o jurista deve ser um defensor público, não um chancelador de despotismos políticos, advindo de populistas que fazem do mau caratismo e da mentira um estilo de vida ou um caminho para a tomada do poder.

Esses são os pontos que devemos considerar.

05 julho 2010

A República dos Custos Altos (estatísticas)

DESPESAS DO GABINETE PRESIDENCIAL

1995 - FHC - R$ 38,4 milhões

2002 - FHC - R$ 76,0 milhões

2003 - Lula - R$ 318,6 milhões

2004 - Lula - R$ 372,8 milhões (R$ 1,5 milhão por dia útil de trabalho)

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS NO PALÁCIO DO PLANALTO

Itamar Franco - 1,8 mil

FHC - 1,1 mil

Lula - 3,3 mil

NUMERO DE FUNCIONÁRIOS DO PALÁCIO DA ALVORADA

75 empregados.

OS: No ano passado Lula assinou o decreto nº 5.087, aumentando de 27 para 55 o número de assessores especiais diretos.

Fonte: ISTO É DINHEIRO, dados coletados por um grupo de consultores que tem senha especial e acesso ao SIAFI - Sistema Integrado de Administração Financeira.

Apenas para comparar com as principais monarquias e com os USA:

Custos operacionais anuais em US$ (custo de manutenção da Chefia de Estado)

- Inglaterra (monarquia): US$ 1,87/capita = US$ 104 milhões

- Dinamarca (monarquia): US$ 1,86/capita = US$ 9,5 milhões

- Bélgica (monarquia): US$ 1,10/capita = US$ 10,8 milhões

- Países Baixos (monarquias): US$ 1,05/capita = US$ 15,4 milhões

- Noruega (monarquia): US$ 0,83/capita = US$ 3,6 milhões

- Japão (monarquia): US$ 0,42/capita = US$ 52,0 milhões

- Espanha (monarquia): US$ 0,20/capita = US$ 8,1 milhões

- EUA (república): US$ 4,6/capita = US$ 1.100 milhões

- Brasil (republica sindical): US$ 12,0/capita = US$1.700 milhões

(Dados fornecidos pelo deputado Antônio Delfim Netto, em 2000)

CONCLUSÃO:

É mais barato manter uma família real do que um presidente operário.

Escrito por MONARQUIADOBRASIL às 14h52

Fonte: http://monarquia.zip.net/arch2005-03-01_2005-03-31.html

E só pra completar, mais um dado:

De acordo com o governo britânico, a família real custou cerca de 70 centavos de libra a cada habitante destas ilhas em 2007. (...) O preço per capita da realeza é menor do que o de um pacote de um pão de forma ou de um download no iTunes.

Fonte:

http://oglobo.globo.com/blogs/duarte/default.asp?a=31&periodo=200806

Data da publicação: 30/06/2008

Lá na Inglaterra, para otimizarem ainda mais a receita, eles estão usando o protocolo bittorrent e repassando os dados do orçamento público à população, numa clara atitude de abertura e prestação de contas. Eis aqui o link:

http://bit.ly/97zZMM

Ex-presidentes do Brasil custam R$ 3,3 milhões por ano

Esta é uma transcrição de uma notícia que comprova a analogia da anedota:

Há 23 anos foi eleito o primeiro presidente civil do Brasil após o período da ditadura. De lá para cá, o país teve quatro presidentes da República.

Eles recebem atualmente R$ 3,3 milhões por ano. A conta individual paga pela União aos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique pode chegar a R$ 828,9 mil a cada ano, se todos receberemos benefícios integrais. Isto porque cada ex-inquilino do Palácio do Planalto tem direito aos serviços de quatro servidores para atividades desegurança e apoio pessoal, a dois veículos de luxo com motoristas e ao assessoramento de mais dois servidores.

Em fevereiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que regulamentou uma lei assinada em 2002 pelo presidente Fernando Henrique que trata, entre outros temas, das benesses aos ex-presidenciais. Segundo a Casa Civil, a idéia do novo decreto era tornar mais claro o texto da Lei 10.609, de 2002, que alterou a Lei 7.474, de 1986. Com a regulamentação, um ex-presidente passou a custar aos cofres públicos pouco mais de R$ 63,4 mil por mês. Este valor inclui despesas com servidores (R$ 41,3 mil), contribuição ao INSS (R$ 10,7 mil) e vencimento de cada ex-presidente, no valor de R$ 11,4 mil.

No último ano de seu mandato, o então presidente FHC aumentou de seis para oito o número de cargos disponíveis para os ex-presidentes. A ampliação foi confirmada no decreto assinado por Lula. Os dois novos cargos comissionadosfazem parte do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS de nível 5), que recebem mensalmente cerca de R$ 9 mil. Completam o quadro dois funcionários DAS-1, com remuneração de R$ 2,1 mil, dois DAS-2, comvencimentos de R$ 2,7 mil e dois DAS-4 no valor de R$ 6,8 mil.

De acordo com a Casa Civil, a Lei assinada pelo presidente Fernando Henrique alterou o artigo 2 do parágrafo 2º, possibilitando a contratação de dois novos servidores nível DAS-5 para assessoramento. Com isto, são dois motoristas, dois seguranças e quatro assessores. Desde 1986, são pelo menos quatro normas que tratam do assunto assinadas por Sarney, Itamar, FHC e Lula.

Além dos oito servidores, cada ex-presidente tem direito a dois carros oficiais. Segundo estimativa do *Contas Abertas* (*CA*), o custo mínimo mensal com os dois veículos Ômega CD chega a R$ 5,6 mil por mês. Além do combustível, na estimativa foi considerada a depreciação do valor do carro no período de cinco anos. Com a adição dos valores gastos com os veículos, aquantia paga pela União a um ex-presidente chega a R$ 69,1 mil. Não foi informado se todos utilizam os dois carros.

Segundo a Casa Civil, no primeiro semestre deste ano, os quatro presidentes pós-redemocratização mantiveram preenchidos os oitos cargos a que têm direito com base na prerrogativa constitucional. Caso não sejam nomeados todos os servidores, o cargo fica vago porque é destinado ao ex-presidente. Vale ressaltar que o benefício vale apenas para os ex-presidentes. No caso de falecimento, o beneficio é interrompido e não passam para os familiares.

O benefício de R$ 3,3 milhões pago aos ex-presidentes equivale a 18.217 pagamentos do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo Lula. Esta quantia seria o suficiente para bancar 1.518 famílias atendidas pelo Bolsa Família ao longo de doze meses. A comparação leva em conta o valor máximo distribuído hoje pelo governo federal a famílias com renda mensal por pessoa a R$ 120 que mantêm até três crianças e dois adolescentes na escola. Nesse caso, os beneficiários podem sacar o máximo de R$ 182 ao mês. O benefício básico, porém, é de R$ 62. Com o valor que custeia os quatro ex-presidentes seria possível distribuir a bolsa a 4.456 famílias que recebem a quantia mínima ao longo de um ano.

A partir de 2011, ano em que termina o mandato do presidente Lula, a conta paga pela União aos ex-presidentes vai ser ampliada para quase R$ 4,2 milhões por ano. Para o cientista político Antônio Flávio Testa, os ex-presidentes seriam mais necessários ao país como senadores da República, com vencimentos mensais específicos da Casa Legislativa. "Eles poderiam dar uma contribuição maior ao país como senadores vitalícios com direito ao voto. Isso seria muito mais produtivo do que ficar simplesmente recebendo recursos da União", argumenta. "Para que isso aconteça é preciso vontade política, do Congresso e do presidente da República para votar um projeto que trate do tema", aponta.

O cientista político observa que dos quatro ex-presidentes, dois deles estão no Senado, Sarney e Collor. Itamar Franco, por sua vez, foi governador. Já Fernando Henrique tornou-se consultor internacional. "Eles não precisam dessa quantia toda", conclui Testa, ao ressaltar que os ex-presidentes têm muito que contribuir para o país e devem ser aproveitados sob esta condição.

A título de comparação, um deputado custa por ano R$ 114 mil por mês e um senador R$ 139,7 mil. Por ano, a quantia que cada congressista recebe chega a R$ 1,4 milhão para deputados e R$ 1,7 milhão para os senadores.

Amanda Costa, do Contas Abertas


Senhores, tal como foi dito na anedota, não vai ter tanto farelo pra alimentar todos estes porquinhos, desse cercadinho chamado Palácio do Planalto. No final, estaremos mortos, de tanto trabalhar, e falidos.


A diferença entre Monarquia e República (uma anedota)

Alguns anos atrás, estive fazendo estudos monárquicos e encontrei uma anedota muito interessante que transcrevo aqui, na íntegra e com algumas adaptações:

_ Oi, compadre! Você entende bem qual a diferença entre Monarquia e República?

_ Pra mim, isto é o mesmo que engordar porco.

_ Como assim?

_ Na Monarquia, você pega um porco magro, coloca ele no chiqueiro e dá muita comida pra ele todos os dias (milho, farelo, restos de comida....); depois de algum tempo ele fica gordo, pesado e já não come tanto como no início - basta uma ou outra espiga de milho e sobras da comida para saciar o apetite do bicho. Na República, você coloca um porco magro no chiqueiro - e gasta muito milho e farelo, até ele engordar. Quando ele fica gordo, você tira ele do cercado e coloca outro porco magro para engordar. Aí, você tira o porco gordo e coloca outro magro e fica toda a vida repentindo a operação, infinitas vezes...

_ Peraí, compadre. Assim não há milho que agüente .

Respondeu, então, o que estava explicando:

_ Vejo que você bem entendeu a diferença. No final, estaremos todos mortos.

A fonte da anedota eu encontrei aqui, embora eu ache que o site esteja fora do ar. Isso faz alguns anos que encontrei esta anedota:

http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=2857&post=10910

Queria dar o crédito pelo autor da anedota que, juro, não fui eu.

Hoje não foi o Thiago que escreveu; aqui quem vos escreve é José Octavio Viégas Dettmann, amigo do Thiago, com o qual costumo me corresponder sempre.